sexta-feira, 9 de junho de 2023

Os "inimigos" russos do Peninha

 


O Peninha, é boa pessoa.

Tem princípios sãos, de comportamento normal, e de desejo de ajudar os outros.

Sabe que o Presidente Marcelo, o seu ídolo e modelo, vai à Ucrânia um destes dias e por isso não deixa nem um só dia de telefonar para a Presidência a perguntar a data.

Entretanto, vai-se preparando indo a lojas de chineses para comprar daquelas camisetas sem gola nem colarinhos que o Presidente Zelensky usa, mas para poder chamar a atenção tem comprado de outras cores: côr-de-rosa, lilás, violeta e amarelo.

Quando as põe para lhes dar uso e vai ao parque ao Domingo é seguido por uma quantidade de bichas entre as quais dois ucras...o que o tem habituado às graças que eles lhes dizem e já sabe dizer algumas formas de "diálogo" na língua deles.

Há, porém um grupo de homens da Nazaré, do tipo HOMÕES, que ao verem as cores tìpicamente amaricadas que ele põe, rodeiam-no e ferve pancada de criar bicho. Os ucras e o Peninha que não é homosexual, gritam por socorro mas as pessoas que passam julgam que é tudo brincadeira...

No fundo o Peninha acha que se está a preparar para tempos difíceis nos terrenos de guerra da Ucrânia e isto não é mais do que uma preparação militar: porrada manual.

Na semana passada, alguém da Presidência lhe terá falado de que o Presidente estaria a marcar em segredo a sua visita para princípios de Julho.

Peninha resolveu ir antecipadamente para a Ucrânia, embalou os seus pertences num daqueles sacos grandes de pão, pois era impensável levar uma mala de viagem e também porque levava dois pares de cuecas de tipo Tarzan, umas postas e a outra para as mudas, um sortido de camisetas iguais às do Zelensky nas cores acima referidas, umas botifarras da tropa ainda do tempo do Ultramar que tinha pedido a um vizinho reformado do serviço militar.

Ouviu dizer que se ia de combóio, comprou um bihete barato e nem sequer se deu ao trabalho de ler o destino, com a excitação com que estava e o comboio lá se pôs em marcha.

Já eram umas 8h da noite e como estava cansado de toda esta actividade adormeceu num banco da 2ª classe de suma a pau.

Quando acordou, por volta da meia-noite, foi o único a sair do comboio numa estação em que estava tudo meio-escuro. Com cuidado foi-se afastando de alguns candeeiros com luz e enveredou por uma estrada secundária aonde não passava viv'alma.

Estava uma noite de luar, uma lua brihante e muitas estrelas e o Peninha pensou que quer do lado dos russos que dos ucranianos também tinham direito a descansar àquela hora.

Ia com passos de rôla e tinha comprado antes de vir uma espingarda de pressão de ar não fosse o caso de encontrar algum inimigo.

Depois de alguns quilómetros andados, começou a ver luzes, que pareciam de uma aldeia, e ouviu um grupo de homens a falarem alto e com aspecto de estarem bêbados...era natural que os russos bebessem vodka para sossegarem o medo.

Aproximou-se e viu umas mesas cá fora de um tipo de taberna com um grupo de "INIMIGOS" a embebedarem-se e a cantar cantigas numa língua que lhe pareceu familiar...

Ao verem-no de pressão de ar apontada os "INIMIGOS" dirigiram-se a ele ( estava de camiseta lilás por debaixo de um casaco comprado na última feira de Almoçageme de tipo militar) dirigiram-se a ele, dizendo:

- Ó paneleiro o que estás aqui a fazer?

Peninha ficou varado por ter percebido de que falavam a sua língua materna e antes de responder indignado ao insulto sofrido olhou para o nome da taberna impresso num toldo em letras garrafais:

TENDINHA DO ENTRONCAMENTO!

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