sexta-feira, 15 de abril de 2016

O EXEMPLO



Archiduc Josef-Arpad von Habsbourg-Lotharingen
Biographie
Naissance 8 février 1933 (83 ans)
Budapest
Nationalité Hongrois
Père Joseph-François de Habsbourg-Hongrie
Mère Anne de Saxe
Distinction Chevalier de l'ordre de la Toison d'or
Joseph-Arpad de Habsbourg-Hongrie, prince palatin de Hongrie, né le 8 février 1933 à Budapest.
Au décès de son père le 25 septembre 1957, l'archiduc Joseph-Arpad de Habsbourg-Lorraine devint le chef de la Maison palatine de Hongrie. Il sortit diplômé de l'université de Lisbonne au Portugal et possède un baccalauréat en Sciences économiques.

Fils de Joseph-François de Habsbourg-Hongrie et de Anne de Saxe.
Le 12 septembre 1956, à Brombach, il épousa la Princesse Marie de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg (1935), fille du prince Karl VIII zu Löwenstein-Wertheim-Rosenberg et de la Princesse Carolina dei Conti Rigon.

Fui visitá-lo hoje a uma enfermaria do Hospital de Santa Marta.
Tinham-me dito há dias que tinha cortado uma perna por incúria do Hospital de Cascais para aonde foi de urgência e aonde teve que esperar 10h sem ser atendido. Apercebendo-se da gravidade do estado alguém acabou por enviá-lo para o Hospital de Santa Marta em Lisboa, aonde durante a operação foi constatada a inevitabilidade do corte da perna direita.
O Josef, José ou Jugi conheci-o através do Jorge e da Raquel Herédia. Tem 83 anos e portanto muito mais velho do que eu. Tinha andado no S.João de Brito com o Jorge Herédia. Os Pais tiveram que se exilar em Portugal devido à guerra.
Mais tarde o filho mais velho trabalhou comigo num projecto de ouro na Serra Leôa. Isso é outra história. Somos amigos de toda a Família.
Resolvi por isso ir visitá-lo não só porque fiquei chocado com a notícia mas porque sabia que iria trazer de lá um EXEMPLO, que serviu de título ao meu texto.
Deitado numa cama de uma enfermaria de um hospital público, quando eu me aproximei, dormitava. Abriu os olhos e veio de lá um grande sorriso. Muito arranjadinho, soergueu-se e estendeu-me a mão. Apontou para o lado direito e disse-me: - foi-se! Com um ar tranquilo e resignado como se estivesse a tratar de assunto insignificante!
Contou-me as peripécias de que vos poupo a descrição por indignantes e que infelizmente vão acontecendo com alguma frequência, e depois de ter esgotado o assunto, passou serenamente a falar de outros assuntos.
Falou-me da família e dos netos e da Maria, que entretanto chegou de andarilho e movendo-se com dificuldade, mas que embora morando no Estoril sózinha, agora, não prescinde de o vir acompanhar todos os dias.
Dizem-me os dois: - olha eu isto da coluna, é hereditário e ri-se com um grande sorriso a Maria, ofegante, cheia de tralha que trazia nas mãos atarefada em empurrar o andarilho aonde se apoia e ele acrescentando que as suas maleitas de más veias também é de família.
Levei-lhe um livro de que gostei muito há anos e que me fez muito bem. “O caminho menos percorrido” e que apreciou muito pelo título, desde logo.
Mostrou-me um outro que estava a ler e que se chamava “« LA VIEILLESSE, UN ÉMERVEILLEMENT » e de repente os dois citam-me frases do livro em que netos, que eles têm ás grosas, dizem coisas lindas aos Avós.
E a conversa fluía depois sobre a casa deles do Estoril que tão bem conheço, acrescentando eu que talvez fosse um problema agora em que teria mais dificuldade em subir escadas – qual quê, há soluções para não a largarmos pois uma vez por ano, os filhos e os netos vêm de todas as partes do mundo a Portugal aonde nasceram e cresceram e não prescindem desta reunião familiar.
Mas digo eu, não será egoísmo dos filhos sugerirem para ficarem com ela só para um mês nas férias? Poderão vendê-la a bom preço pelo tamanho e situação excelente e quando vierem todos cá no Verão, sendo os filhos mais novos e com bons empregos poderão sempre alugar uma casa por um mês e durante o resto do tempo, eles os dois poderão ir viver para Viena ou Munique ou mesmo Hungria e estarem mais perto dos filhos?
Não pensam verdadeiramente neles. Contou-me que um ano, tendo alugado a casa ao Director da Siemens em Portugal, tinham estabelecido uma cláusula em que durante Agosto e Setembro, a casa ficava vazia para os filhos e eles poderem passar dois meses de férias.
O Director ignorou totalmente o acordo e a Família foi acampar com filhos e netos para uma tenda grande em S.Pedro de Sintra!
Comentário dele : esteve sempre bom tempo e correu tudo muito bem e estávamos todos contentes de estar juntos.
Durou uma hora e meia a visita e não falámos mais da perna amputada e do perigo de se seguir a outra. Entretanto chegou uma amiga húngara e eu vim-me embora.
Pela Avenida da Liberdade acima pensava cá com os meus botões: tanta gente convencida de que só com cartões de seguros de saúde de luxo ou em Clínicas ou Hospitais conhecidos é que seriam capazes de estar e em quartos individuais…eles numa enfermaria, pois é o que podem, e nem pensam no assunto.
Falaram-me na aceitação e resignação do que lhes acontecia sem amarguras grandes nem queixas. Naturalmente, creio, que não lhes saberá bem passarem por estes apertos, mas a imagem para os de fora é de ânimo, boa disposição e sem lamúrias.
Depois lembro-me das suas aventuras: um motoqueiro de motos pesadas, passeando-se por toda a Europa e resto do mundo. Um profissional sério, enganado por muitos pretensos amigos que se aproveitaram da sua bondade e desapego ao dinheiro.
Contava-me que tinha ido de moto há uns anos a Espanha com um dos filhos e que estando a fazer companhia numa caçada no meio do nada com vários parentes e amigos , teve uma dor forte e de repente ficou sem ar e sem conseguir respirar. Ele não tinha ido para a caçada mas sim e só pela companhia e pela viagem de moto e passeio.
Tendo ficado sozinho numa tenda, pensou que se não respirasse morreria e não havia ninguém para o socorrer nem hospitais ao perto. Disse-me que instintivamente começou a provocar, ainda que com imensas dores no peito, a respiração e com uma toalha esfregava as costas e fazia caminhadas obrigando os pulmões a trabalhar. Passou nisto toda a noite e de manhã estava melhor e já conseguia respirar com mais facilidade. Pegou na moto e regressou a casa em Portugal. Continuou a ter algumas dores e quando foi ao médico este disse-lhe que tinha tido uma embolia pulmonar e que se tinha safo, não sabia o médico como…
E nós, com os “Panama papers”, e o Costa, e o desejo de ganhar dinheiro e envolver-nos em negócios com stress, numa voragem que nos consome a vida sem olhar para o lado.
Tenho as ideias muito claras sobre o EXEMPLO que ele me deu hoje: de serenidade, de alegria e de concentração em coisas tão mais importantes do que só nós próprios.
De brincadeira falei-lhe de um asteróide que se teme em breve colida com a terra e que tudo destrua.
Riu-se e disse-me que há uns meses tinha numa noite sonhado com um regresso ao Estoril vindo do Estrangeiro e estava tudo deserto, a casa dele tinha desaparecido e havia um monte de terra que tinha em cima uns vestígios que ele reconheceu serem da sua moto.! E riu-se de novo.
Quando a amiga húngara idosa e simpática chegou, a Maria com preocupação, tinha-lhe antes tapado o lado sem perna com uma manta pois podia impressionar a visitante.
Bem, convido-os a visitar os vossos familiares, amigos e pessoas que apreciam conversar e sobretudo serem acompanhados.
Vem-se de lá sempre com alguma coisa que nos ensinam ou nos faz reflectir.

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