O facebook não é uma
fonte totalmente segura do pensamento da maioria dos que por lá andam, é
sabido.
Presta-se a dislates, a
ódios e vinganças, a declarações extremistas exacerbadas, em cobardia ao
exprimir o verdadeiro sentir, mas…no fundo vai deixando entrever tendências de
pensamentos, carácteres, tomadas de posições e análises.
Isto ainda é mais
verdade no que à política diz respeito.
Vem isto a propósito do
tema Syriza e das últimas semanas de negociações intensas com a União Europeia.
Os lados extremam-se,
cantando vitórias e hossanas ou derrotas e vinganças.
Os únicos que me parecem
mais serenos, são de facto o Primeiro-Ministro e o Ministro das Finanças
gregos, pois sabem de tudo, conhecem a extensão exacta do conteúdo do que está
em causa, as emoções à porta fechada que têm sido expressas e têm emitido
comunicados profissionais e institucionais.
O resto, e nomeadamente
aqui no burgo, são duelos verbais, eivados por um egoísmo feroz de olhar só
para a sua capela, do ranger de dentes contra o amigo ou amiga, por ter uma
posição diferente da sua, um ignorar completamente o que é a luta de um povo
pela sobrevivência.
Nem falo já das
consequências funestas e nefastas para os portugueses se isto correr mal para a
Grécia.
Mas voltando atrás: não
conseguem os radicais de direita ou de esquerda, perdoar aos gregos os maus
passos do passado, o relaxe, o incumprimento, a ousadia de gastar sem limite? E
saberão olhar para as culpas de quem emprestou sem, na devida altura, se ter
acautelado? E conseguem ver que houve interesses económicos inconfessos da
parte de credores e devedores? Comissões, vendas de submarinos, armas,
automóveis, tecnologias…tudo impingido no pacote de ajuda como pré-condição?
Vejamos: um homem ou
mulher infiel, relapso/a, foge aos deveres maritais, prostitui-se e entrega-se
a uma vida desenfreada de uma forma inaceitável até que é ajudado/a por alguém
que lhe agarra a mão e diz: pára.
Há que mudar de caminho, há que recomeçar e
tentar não perder tudo quanto nos juntou.
Perdão e dar uma nova
chance, são palavras vãs?
Claro, se calhar com mais
paciência, permanência e entrega da outra parte: planos mais responsáveis e
susceptíveis de poderem ser cumpridos…já se sabe, com sofrimento, com
sacrifício, mas com o objectivo de valer a pena e voltar a viver.
E é isto, no fundo, nas
nossas vidas como pessoas e Nações, se a ambição, a raiva e o ódio se sobrepõem
à bondade, ao rigor, ao perdão e à oportunidade de recomeçar… a consequência é
a guerra, a miséria, a devastação e a NÃO razão de existir.
E o que aqui digo não tem
a ver só como a minha experiência de voluntário junto das prisões, mas claro
que tem sido uma aprendizagem grande e profícua.
Os vapores do
radicalismo, enjoam, enojam e cansam…são tendencialmente condutores a tiranias
de direita e de esquerda.
Queremos isso?
“O que eu faço, é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será
menor.”
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