sábado, 10 de janeiro de 2015

Vem isto a propósito de me sentir esta noite particularmente....


Hoje apetece-me partilhar convosco uma reflexão sobre um tema de que todos, somos especialistas: o do sofrimento.

Uns mais do que outros, com maior ou menor frequência, às vezes até em permanência, enfim há de tudo.

As situações também são diversas: doenças, torturas, perseguições, distância, sofrimento moral e intelectual, abandono, isolamento, remorso.

Nem todo o sofrimento é reparador, na minha opinião, ou pelo menos para o próprio. Tomemos um exemplo: se me torturam, não sendo eu masoquista, não tenho nenhuma vantagem em que o façam.

A única forma que entrevejo como verdadeiramente a única compensadora do sofrimento é quando o mesmo serve para nos esquecermos da dor que nos causa e projetarmos nos outros algum consolo e ajuda.

Neste caso, há uma doação que funciona sempre em benefício mútuo.

Vem isto a propósito de me sentir hoje particularmente triste e preocupado com alguém e depois de ter sentido na pele o sofrimento, ter decido escrever uma carta a um dos meus reclusos.

Lembrei-me que no meio da minha noite que previa ser dolorosa, talvez o prazer de ir ao encontro de alguém que sozinho e no frio de uma cela - sim, porque não têm aquecimento - pudesse, numa manhã seguinte, receber algum conforto de companhia e de ânimo.

E assim fiz e não fui sobrecarregá-lo na minha escrita com as minhas penas, mas manifestar-lhe que lhe tinha dado um lugar especial de primazia na lista das pessoas de quem de imediato me lembrei para repartir um ombro amigo, ainda que neste caso, teórico.

E fiquei mais tranquilo!

Sem comentários:

Enviar um comentário