Hoje fugi de casa. Estava sozinho, todos tinham partido.
Amanhecera mais
um dia esplendoroso, daqueles de céu azul sem uma nuvem.
Banalidade, pode
parecer, mas lindo. Adoro. Corre-me logo melhor a manhã.
Eram prá aí sete
e picos, oito e coisa nove e tal…no baile da dona Ester
Musiquinha do
meu tempo de muito sucesso.
Não, fugi mais
tarde! Já o sol se levantara.
O meu destino
preferido: o rio. O Tejo da minha cidade.
Esplendoroso.
Cheio de barcos à vela.
“Quem quer ver a
barca bela que se vai deitar ao mar, Nossa Senhora
vai nela e os anjos vão a remar”…e continuava, dando uma
"promoção de general" a Jesus Cristo…é perguntar ao Papa Francisco
Não poderia
estar-se mais borrifando para os postos do exército, ou de qualquer outra arma.
Parei o carro,
como costumo, junto ao passeio grande como se fora a Croisette, em Nice.
Saí e de olhos e
narinas bem abertas, respirei o ar puro e abarquei o meu mundo com deleite.
Gente
passeava-se para trás e para a frente. Vi a dona Cremilde e o esposo gordo,
Merceeiro
reformado. Os dois muito achacados. O médico dissera ou cura em termas,
Ou passeio junto
ao rio. Não estavam muito abonados, optaram por Lisboa em vez de Vichy.
Isso eram os
meus Avós e Bisavós: um mês em Karlsbad e outro em Vichy.
Toda a fina
sociedade e a não fina. Havia sempre uma Madame de grandes peitos
Que merecia uma
copiosa referência do meu Bisavô a um menino como eu de 6 anos.
Fazia-me espécie
o riso entre os dentes meio chocarreiro, de luxúria de velho.
Mas eu
perguntava-me porque seria mal ter umas mamas grandes?
Mais espaço havia para encostar
a cabeça e catar cafuné, como a Nêga Fulô. Essa Nêga Fulô!
Estremeço ao
ouvir este poema imemorial de Jorge de Lima, recitado pelo Villaret.
É de rebentar de
gozo por dentro, ele rebola-se nas palavras e nas toadas de um poema único.
O meu querido Brasil
que já não revejo há um ano. A Dilma, lixou todos os meus planos.
Era o segundo
grito do Ipiranga. Qual Machetes nem qual carapuça. Coelhos e Portas ficariam cheios
de Saudades de mim por NÃO me verem no burgo, mas o café e o açúcar de
um Engenho imaginário que Teria, propiciar-me-iam visitas à Metrópole, amiúde.
Chegou hoje a Lisboa no paquete Baía de Guanabara, o distinto compatriota,
gente do nosso melhor high-life…Sua Senhoria ficará Hospedado Numa suite do
Hotel Majestic….
De encontro a
mim apressa-se em corrida e vestido com um fato-de-treino comprado nos USA, o Ministro Souza
Lima que me acena e diz: - lá o espero logo para o salmão e um bom Champagne.
Faço Um sorriso amarelo, que nanja de comer e beber de corrupções. Não vá ir parar
a Évora e fica-me mal ao meu pé o nº 45 ou 46. Tipo falua ou galochas que desfeiam o andar com
um tamanho desmedido!
Na cidade do Templo
de Diana, para além do Cromeleque dos Almendres, só me lembro do Fialho.
Comiam-se uns cromeleques deliciosos e no fim uma sobremesa de almendre e ovos divinal. Dei por
mim Junto ao rio, com fome depois destas divagações. Vejo um pescador, todo risonho,
sacar do mar uma Taínha. Que festa houve no Céu! ahahaah....tal como por entrar um rico pois parece
que é mais difícil que um camelo passar pelo buraco de uma agulha.
Leio sempre no
regresso do rio, com gáudio et spes - bela encíclica de Paulo VI – esta frase lapidar
prantada nuns graffiti, premonitória dos casos BPN e BPP e de outros que hão de vir:
"Soldados, marinheiros, operários e trabalhadores, SEMPRE, SEMPRE ao lado do Povo!
Irritante aquela Duplicação do sempre, I wonder why?
Quando vêm ao
Parlamento prestar declarações, ou em actos sociais ou de doutoramentos Honoris
causa, Sempre que por ali passam, estremecem com a possibilidade de não saírem
da prisão.
In “Divagações habituais junto ao rio Tejo”
de Vicente Mais ou Menos de Souza
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