(foto de Giovanni (1) Giovanni no liceu (2) Don Emilio De Rosa, o Avô, e Giovanni (3) Don Emilio, a Mãe de Giovanni, Donna Emilia De Rosa e o pai, Giacomo ou Giaco Cominelli)
Giovanni tinha nascido na
Sicília, de uma família remediada e fora cedo para a escola local. A casa tipicamente
da região era composta de uma sala comum com um grande forno de pão e uma
chaminé aonde se cozinhava e durante o inverno toda a família se sentava para
se aquecer. Havia mais dois quartos de dormir, um o dos pais e o outro de Giovanni e dos irmãos. Uma casade-banho única com uma tina de chumbo e um chuveiro de água fria serviam a família.
O pai, Giacomo - o nome
transforma-se em Como e dá origem ao apelido Cominelli - era conhecido por Giaco, e era um homem
austero, comerciante local, com uma taberna limpa e asseada aonde a comunidade
dos homens se reunia antes da missa, a que só iam vagamente alguns, acompanhando
a maioria da mulheres que compareciam com as crianças.
A mãe, Emilia De Rosa era
filha de um capo da Máfia (Cosa Nostra).
Comia-se bem e farto, pois o negócio de Giaco dava bom lucro e o Avô era generoso e ia dando dinheiro à filha para educar Giovanni, com quem tinha muita cumplicidade.
Comia-se bem e farto, pois o negócio de Giaco dava bom lucro e o Avô era generoso e ia dando dinheiro à filha para educar Giovanni, com quem tinha muita cumplicidade.
A Cosa Nostra (também
conhecida apenas como Máfia) é uma sociedade criminosa secreta que se
desenvolveu na primeira metade do século XIX na Sicília, em Itália. A Máfia é um
tipo de crime organizado não apenas activo em vários domínios ilegais, mas
também com tendências a exercer funções soberanas - normalmente pertencentes a
autoridades públicas - sobre um território específico...
Muitos sicilianos não
consideram esses homens como criminosos, mas como modelos ou protectores, uma
vez que o Estado foi incapaz de oferecer proteção aos fracos e pobres.
Por
volta da década de 1950, a inscrição fúnebre do lendário chefe de Villalba,
Calogero Vizzini dizia que "a sua máfia não foi criminosa, mas manteve o
respeito à lei, à defesa de todos os direitos e à grandiosidade de caráter. Era
amor."
Aqui, "máfia" significa algo como orgulho, honra, ou até
mesmo responsabilidade social: uma atitude, não uma organização.
Em 1925, o
ex-primeiro-ministro italiano Vittorio Emanuele Orlando reportou ao Senado
italiano que se sentia orgulhoso de ser um mafioso, uma vez que essa palavra
significava honorável, nobre, generoso.
De acordo com alguns
mafiosos, o verdadeiro nome da Máfia é Cosa Nostra (literalmente, "Coisa
nossa") que pode ser traduzido como: "Assunto nosso" ou
"Nosso assunto". Muitos alegaram que a palavra "mafia" foi
uma criação literária. Para os homens de honra pertencentes à organização, não
há necessidade de um nome. Os Mafiosos apresentam membros conhecidos a outros
membros conhecidos como pertencentes à "cosa nostra" (nossa coisa) ou
la stessa cosa (a mesma coisa).
Apenas as pessoas de fora da máfia precisam de
um nome para descrevê-la, daí a forma em letras maiúsculas "Cosa Nostra".
O ritual de iniciação na
maioria das famílias acontece quando um homem torna-se membro e depois
soldado. O novato é trazido à presença de, pelo menos, três "homens de
honra" da família e o membro mais velho presente adverte-o que "esta
Casa" tem como função proteger o fraco do abuso do poderoso; e então, fura o
dedo do iniciado e pinga umas gotas do seu sangue sobre uma imagem sagrada, geralmente de uma
santa.
A imagem é colocada na mão do iniciado e é acesa com fogo. O novato deve
aguentar a dor, passando a imagem de uma mão para a outra, até a imagem ser
consumida por completo, enquanto promete manter a fé aos princípios da
"Cosa Nostra", jurando solenemente "que a minha carne arda
como este santo se eu falhar em manter meu juramento".
Os sicilianos também têm
uma lei de silêncio, chamada omertà. Proíbe a homens e mulheres cooperar de
qualquer maneira com a polícia ou com o governo, sob pena de morte.
Na sua forma inicial a Cosa Nostra
siciliana, denomina cada grupo como famiglia ou Cosca. Cada "família"
é organizada da seguinte forma:
O Consigliere actua como conselheiro do Don, e é o único que de facto pode ponderar e aconselhar as acções a serem empreendidas pelo chefe, servindo como uma segunda opinião. Normalmente é um posto ocupado por alguém de muita experiência e perícia para intermediar conflitos e negociações.
Subordinados directamente ao Subchefe estão os Caporegimes, conhecidos também como Capitães. Cada um destes, comanda um regime ou uma equipe, que são compostas por soldados e associados. Uma percentagem de todo o lucro obtido por esta equipe é entregue directamente ao chefe da família como forma de tributo.
Os Soldati ou Soldados, são o posto básico da
hierarquia. São os membros efectivos da organização. São eles os responsáveis
por conduzir as operações nas ruas e executar os serviços de maior importância.
O requisito básico para se tornar um membro efectivo da família é possuir
ascendência italiana completa no caso da Cosa Nostra siciliana.
Os Associados são os membros externos da
organização. Embora não façam oficialmente parte da família, actuam como
colaboradores dos seus membros efectivos. Dependendo da sua influência e poder,
o associado pode actuar inclusivé junto dos postos mais altos da hierarquia de
uma família.
Ora o avô materno de Giovanni,
de nome Don Emilio de Rosa, tinha sido um importante Capo na região de Palermo
pelo que a sua família era intocável.
Don Emilio tinha
modernizado os dez mandamentos da Cosa Nostra, resumindo-os aos seguintes
princípios:
1. Ninguém se pode candidatar
directamente através de algum membro. Deve sempre ser proposto por intermédio de um
terceiro.
2. Nunca podem olhar/envolver-se com as mulheres dos seus companheiros.
3. Nunca podem ser vistos com a polícia.
4. Não podem ir a bares nem a discotecas.
5. Estar sempre à disposição da Cosa Nostra é um dever - mesmo quando as mulheres estiverem a dar à luz.
6. Os compromissos devem sempre ser honrados.
7. As esposas devem ser tratadas com respeito.
8. Quando for solicitada uma informação, a resposta deve ser sempre a verdade.
9. Não podem apropriar-se de dinheiro pertencente a outras famílias ou outros mafiosos.
10. Diversos tipos de pessoas que não podem fazer parte da Cosa Nostra: qualquer indivíduo que tenha um parente próximo na polícia; qualquer um que tenha um parente infiel na família; qualquer um que se comporte mal ou que não tenha valores morais.
2. Nunca podem olhar/envolver-se com as mulheres dos seus companheiros.
3. Nunca podem ser vistos com a polícia.
4. Não podem ir a bares nem a discotecas.
5. Estar sempre à disposição da Cosa Nostra é um dever - mesmo quando as mulheres estiverem a dar à luz.
6. Os compromissos devem sempre ser honrados.
7. As esposas devem ser tratadas com respeito.
8. Quando for solicitada uma informação, a resposta deve ser sempre a verdade.
9. Não podem apropriar-se de dinheiro pertencente a outras famílias ou outros mafiosos.
10. Diversos tipos de pessoas que não podem fazer parte da Cosa Nostra: qualquer indivíduo que tenha um parente próximo na polícia; qualquer um que tenha um parente infiel na família; qualquer um que se comporte mal ou que não tenha valores morais.
E assim, Giovanni foi
educado secretamente para se tornar, quando fosse um homem, num activo membro da
Cosa Nostra para honrar o nome do avô.
(continua)
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