quinta-feira, 27 de junho de 2013

Ser Pai


Eu acho que há assuntos em que os Pais poderão arcar com a maior parte da “carga” pesada em relação aos filhos. Eu explico: a morte, a doença, a infelicidade conjugal, coisas de tipo “duraço” que lhes possam ocorrer!

Naturalmente que é preciso, por um lado que se seja um verdadeiro Pai, isto é, gostar-se dos filhos e pelo outro, que os filhos sintam aquela affectio que torna possível uma relação verdadeira e real, de parentesco.

Morre-se novo, de desastres, de desaires, inesperadamente.

Morre-se de doença súbita, prolongada, com sofrimento, com resignação ou revolta, às vezes até demora a acontecer.

"Morre-se" de infelicidade por solidão, por falhanço de projectos de vida conjugal seja ela a forma por que se possa revestir, ou por incompatibilidade de feitios, ou por cansaço e desencontro, ou pura e simplesmente por falta de vocação para amar, assim em sossego, em remanso, a dois.

Há quem ame globalmente: O Papa Francisco, as freiras e frades de clausura, os incontinentes sexuais, os servidores dos pobres e humildes de qualquer raça e religião ou credo, os puros de coração.

Voltando aos “duraços” dos Pais, eu acho que o nosso choro ou estoicismo em aguentar com boa cara o que no íntimo está em pedaços, o “tenir” (verbo francês aqui aplicável) tem a ver com o arcaboiço, com os ombros que os levaram ao colo, com os braços que os pescaram do mar no meio de uma onda rebelde, com a voz firme ainda que trémula que encoraja e com o ânimo com que se lhes fala de futuro, seja ele o que lhes vier a ser destinado e com a duração e o conhecimento que, a experiência, nos adivinhar.

É como o rugby…não me venham com tretas…há lá moche alguma vez, com Mães! Ficavam feitas em papa!

Este suor e sujidade da lama e da terra, esta força controlada de corpo contra corpo, é disto que eu falo aqui e não em exclusividade de maior merecimento dos Pais.

A dor mais contida, o pairar por cima da emoção quase incontrolável, parece-me, concede aos Pais um papel de uma responsabilidade majorada no consolo nas aflições e no refúgio de amparo, e também quando os filhos querem, a aceitação de algum conselho, com humildade, mas com interesse e experiência.

Afinal, este pequeno apontamento, para dizer como é gratificante, bom, e único ser-se Pai.


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