skip to main |
skip to sidebar
Amigos para sempre
Amigos para Sempre
Os amigos cada vez mais se vêem menos. Parece que era só quando éramos
novos, trabalhávamos e bebíamos juntos que nos víamos as vezes que
queríamos, sempre diariamente. E, no maior luxo de todos, há muito
perdido: porque não tínhamos mais nada para fazer.
Nesta semana,
tenho almoçado com amigos meus grandes, que, pela primeira vez nas
nossas vidas, não vejo há muitos anos. Cada um começa a falar comigo
como se não tivéssemos passado um único dia sem nos vermos.
Nada
falha. Tudo dispara como se nos estivera – e está – na massa do sangue: a
excitação de contar coisas e partilhar ninharias; as risotas por piadas
de há muito repetidas; as promessas de esperanças que estão há que
décadas por realizar.
Há grandes amigos que tenho a sorte de ter que
insistem na importância da Presença com letra grande. Até agora nunca
concordei, achando que a saudade faz pouco do tempo e que o coração é
mais sensível à lembrança do que à repetição. Enganei-me. O melhor que
os amigos e as amigas têm a fazer é verem-se cada vez que podem. É
verdade que, mesmo tendo passado dez anos, sente-se o prazer
inencontrável de reencontrar quem se pensava nunca mais encontrar. O
tempo não passa pela amizade. Mas a amizade passa pelo tempo. É preciso
segurá-la enquanto ela há. Somos amigos para sempre mas entre o dia de
ficarmos amigos e o dia de morrermos vai uma distância tão grande como a
vida.
Miguel Esteves Cardoso
Sem comentários:
Enviar um comentário