quinta-feira, 15 de setembro de 2011
A Mãe e os seus filhos
Só ao fim de 2 anos da data da sua morte, as minhas irmãs, os meus irmãos e eu fomos "mexer" nas coisas pessoais da Mãe.
Tanto da nossa vida e da vida dela passou assim pelas nossas mãos, pelos nossos olhos e de repente, senti umas saudades tão grandes e uma emoção tão profunda que me apeteceu partilhar aqui o que escrevi há dois anos, nesse momento tão triste da sua morte, para que quem ainda tem Mãe a agarre bem agora, hoje e lhe dê muitos beijos!
Escolhi de propósito esta fotografia de uma Mãe Chinesa com o ventre aberto e os seus filhos ao lado, porque uma Mãe sofre sempre para dar à luz e merece ser amada, respeitada, carinhosamente tratada e acompanhada até à morte por tudo quanto faz pelos seus filhos.
Para além da sensação de perca e do enorme desgosto que senti nesse dia, a morte da Mãe fez-me lembrar que muitas vezes não aproveitamos para exprimir e manifestar sem vergonha e com intensidade e enquanto podemos, os nossos sentimentos a quem amamos.
Se eu soubesse que seria a última vez que a veria adormecer, tê-la-ia abraçado ainda mais forte e o beijo que lhe dei seria de despedida.
Se eu soubesse que seria a última vez que a veria ir-se embora de minha casa, tê-la-ia apertado ainda mais nos meus braços e pedido que entrasse mais um minuto, antes de sair.
Se eu soubesse que seria a última vez que a tinha ouvido conversar sobre tantas coisas, teria gravado cada gesto e cada palavra, para poder guardá-las e repeti-las sempre que quisesse.
Se eu soubesse que seria a última vez que a veria, ter-lhe-ia dito com ternura como gostava tanto dela, em vez de achar que ela o sabia e não precisava que eu o dissesse mais uma vez.
O Amanhã não está assegurado para ninguém, novos ou mais velhos, e o Hoje pode ser a nossa última oportunidade de termos bem apertados nos nossos braços, aqueles a quem amamos.
Por isso se estamos à espera de Amanhã, por que não fazê-lo Hoje? Pois se o Amanhã não chegar, arrepender-nos-emos do dia em que não perdemos uns minutos para mais um sorriso ou um abraço.
Assim, não percamos tempo em sussurrar ao ouvido de quem amamos, como tanto gostamos deles, ou que pedimos desculpa, ou que agradecemos, e se o Amanhã não chegar, não teremos remorsos do hoje.
MNA
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Um texto verdadeiro que comove.
ResponderEliminarManuel... questiono-me com o tempo e todo me parece pouco.
... a opção está feita tal como referi no meu último post...mas isso não permite que a vida
deixe de prosseguir, que tenhamos que trabalhar, viver na distância, esmolar migalhas de força que me parecem resquícios, face ao que necessito agora.... e tudo me parece fantástico... das rugas às palavras. das expressões aos sentidos. Dos desejos e sonhos, ao exequível!
Gostava de ser maior. Elástica. Segura. Tranquila. Sábia. E neste momento,por incrível que pareça, Rica!
Amor tenho.
Às vezes, de atnto querermos, parece que não basta.
Um abraço, Manel
Obrigada
...esqueci de dizer-lhe:
ResponderEliminarA imagem é fantástica. Extremamente sugestiva, apetecia-me escrever sobre ela.
Quem sabe um dia.
Beijo
Isabel
Este foi um texto que me diz muito, pois é sincero, se um bloguista alguma vez o pode ser...
ResponderEliminarO poeta é um fingidor...mas um Filho não é e por isso o sentimento que exprime por um Pai ou Mãe, transforma-se num testemunho de verdade.
Essa é a beleza de um amor filial por contaposição ao do matrimónio.
Tem menos obrigações do que as do casamento, mas pode ser infinitamente mais duradouro e consistente.
Naturalmente que em tudo há excepções!