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Gosto da ideia de Portugal.
Tenho um passado familiar importante em Portugal mas que alcanço só através da História. Não me chegou assim de uma forma directa..tipo caiu-me em cima da cabeça o peso da tradição (lembro-me do meu Avô Vasco da Gama, de toda uma plêiade de Noronhas que fizeram Portugal) mas tive que recomeçar o meu lugar em Portugal, por mais modesto que ele seja ou esteja a ser ou venha a ser.
Mas sim, gosto do meu País e irrita-me quando tenho razões para dizer mal e tenho várias e não são as habituais. Nem me apetece aqui louvar as costumeiras qualidades dos Portugueses nem de Portugal: outros já o disseram e basta.
Portugal é um país foleiro...do tipo da pessoa que quando em recato, ao nos aproximarmos de mansinho vislumbramos-lhe de perfil um sorriso alvar e de bonomia silenciosa, em permanência.
Porquê, co os raios? Está-se infeliz, tem-se uma vida de rafeiro, caminhamos para o abismo porque carga de água é que temos este riso alvar?
Canga, digo eu! Somos um país de canga, como dizia o meu Avô!
Dos espanhóis, dos estrangeiros, do vizinho, sempre a querer agradar sem que, e quando venha a propósito, mostremos que estamos carrancudos, soltemos um berro de indignação, corramos com o carrasco que nos oprime, sejamos brutos, duros e frios e chamemos as coisas pelos nomes.
Ladrão é ladrão e deve ir para a cadeia, corrupto é corrupto e deve para além de devolver do que se apropriou ilegítimamente, ir passar uns tempos ao xelindró, pobreza é pobreza e merece apoio directo, claro, sem vergonha disfarçada; desemprego é desemprego e traz aflição e perturbação à alma, ao espírito, ao estômago e causa infelicidade material, familiar, de harmonia entre as pessoas...
"Tout m'est bonheur"...qual quê! Como tudo pode ser bem-vindo e ser felicidade às colheres?
E é isto que me irrita neste povo a que pertenço e de que me orgulho temperadamente: não totalmente como toda a gente faz, sem fazer ressalvas.
Sim, nalgumas coisas tenho orgulho e até ao fim, noutras não: critico, digo mal, não concordo e pouco me importa se é Portugal!
Se nas nossas vidas devemos ser assim, como não no sítio que nos deu o berço?
Por isso, quando penso em partir, vou em busca do Eldorado, mesmo! Quero sossego, horizontes largos, dinheiro, cultura, um fim de vida merecido. Vou trabalhar no duro mas com a certeza de ser compensado. Cá, neste momento...impensável!
Quero poder comprar Cds, livros, viajar, experimentar novas culturas e gentes sem contar os tostões e isso por cá nos próximos dez anos não dá mesmo, e depois veremos se acontece!
Bem, voltando à pergunta inicial, infelizmente de momento pelas más razões.
Mas espero que um dia quando regressar sentimentalmente (porque fisicamente é um até já e não um adeus) me sinta tranquilo debaixo da sombra de um choupo e consiga encontrar a paz, a luz e o encanto de uma bonita tarde de Outono.
Mas tal como os filhos, não é obrigatório que os Pais biológicos sejam os melhores...quantas vezes não o são.
Em todo o caso, gosto da ideia de um Portugal desconhecido à procura do qual irei, pois o conhecido é um pesadelo.
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