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O Didi tinha vivido muitos anos sozinho com a mamã - o pai morrera cedo - e como filho único era o ai Jesus da casa.
A mamã espremia-lhe os pontos pretos do nariz, cortava-lha as unhas e o cabelo, punha-lhe cremes para as borbulhas e o Didi habituara-se a gostar.
Era uma espécie de osga, sem pelos, nem espinha tesa e no fundo sofria, pois era boa pessoa e convivia bem com toda a gente.
Comprou esta tee-shirt e a vida mudou quando a punha: peludo, viril, machão, toscava as miúdas e até se atrevia a dizer-lhes:
- Se te apetecer, hás-de ir a minha casa, conhecer a mamã.
O grande problema de Didi eram os detergentes, sim, pois no dia em que se esvaísse a cor da tee-shirt, o mundo de Didi desaparecia.
E passou a não lavar a tee-shirt e o cheiro de tolerável tornou-se imundo e pestilento.
Didi não se importava de já não sair, queria era por a tee-shirt todos os dias e o peito enfunava e até falava de alto para a mamã.
Um dia a tee-shirt desapareceu e Didi definhou progressivamente, até que morreu.
No dia do enterro, acompanhado pela vizinhança, dizia-se em voz baixa, quente, rebolando as palavras, que sim, que fora a ASAE!
Vá-se lá saber porquê!
MNA
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