quarta-feira, 5 de setembro de 2018

A FINITUDE DOS TEMPOS


A FINITUDE DOS TEMPOS
 
Passa-se mal hoje em dia quando se vê que é extensível a todas as idades e gerações o aparecimento de doenças graves que muitas vezes ocasionam a morte.

Dava ideia que era só aos “velhos” a partir dos setenta e picos e para cima. Hoje não há diferença e até as doenças mais graves avançam mais devagar quanto mais idoso se for.

Parece uma nota pessimista mas há como que um obituário ou informações penosas e negativas que vão correndo de boca em boca, mais do que nos jornais que ninguém já lê. É uma espécie de Sicília em que de aldeia em aldeia se sabem as desgraças.

Vão nascendo crianças, talvez agora um pouco mais e de casais jovens, mas não chegam para rejuvenescer o país.

Concluo dizendo que a manutenção de uma vida, minimamente feliz, equilibrada, organizada, mesmo que modesta é cada vez mais difícil. E pouco me importa de que partidos estou a falar pois uns e outros na ânsia de se manterem no poder até vão dando benesses e vantagens, mas como nação andamos aos bochechos…aliás como outras e mais importantes.

A tal cantilena da humilde e alegre casinha do tempo de Salazar com todos os engodos e enganos que trazia, pois faltavam os mínimos sociais nos campos e havia pobreza e fome e enorme iliteracia deixa como sentimento de fundo um sonho e um desejo que pudesse ser tão simples almejarmos este objectivo, adaptado aos tempos modernos.

Impossível de todo: ambição, especulação, desejo de mais ganhar e subir no poder e nas empresas numa concorrência feroz, a não aceitação de não possuir os padrões de luxo de uma vida competitiva inter-profissional e inter-geracional ( Bali, neve, carros desportivos, andares em sítios prestigiantes, roupas, jantares em restaurantes trendy, competição absoluta, constante e desenfreada dentro das empresas com vista a promoções) perturbam a tal humilde e alegre casinha que quiçá, daria mais felicidade aos casais, aos filhos, uma vida mais saudável na alimentação, mais cultura e sobretudo o que faz falta hoje em dia : a calma em oposição a uma pressa desmedida.

Talvez por estar mais velho abomino tudo isto e desejo terminar os meus dias em paz e com capacidade para pairar por cima de isto tudo e ter a sabedoria de observar e de triar o que é verdadeiramente importante.

Resta o desgosto dos nossos mortos de gerações acima ou abaixo ou de nós mesmos. Mas aí, concedo que nada há a fazer. As vidas chegam ao fim.

Espero encontrar do outro lado da vida o tal Deus que tanto desejo encontrar, um “TIPO” fixe que não me julgue, que não me castigue das minhas sombras e que me tome do seu lado pelas luzes que fui acendendo ao longo da vida. Essa é a minha esperança, independentemente de crenças e religiões de Papas e teólogos e de opositores ao BEM que os há e muitos pelo mundo.

Curiosity killed the cat…a curiosidade matou o gato…para este efeito posso ser gato e já que tenho que morrer estou cheio de curiosidade….no tempo em que for e tiver que ser.
Deixo estas estrofes deste sublime poema que publiquei há dias de Mary Elizabeth Fry

Do not stand at my grave and weep
I am not there.
...............................................
...............................................
Do not stand at my grave and cry;
I am not there. I did not die

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