Sandra reparara em Luís
quando lhe anunciaram que ia ser ele, o seu interlocutor.
Achara-o giro e sensual e
de imediato decidira que o havia de encantar e deslumbrar, e para isso
preparava cuidadosamente a sua “história”, ou seja o papel que incarnava e o
perfil de “paciente” virtual.
O seu objectivo era
claro: queria-o na cama e depressa nem que para isso tivesse que usar de todo o
seu charme e persuasão.
Escolhera com critério a
roupa que ia usar: uma tee-shirt de fina popelina branca entreaberta deixando
ver duas “maçãs” roliças e com bicos pontiagudos, pois iria sem soutien, o que
normalmente atraía a atenção de toda a gente.
Levaria por cima um pullover
em v, de cachemira beije, de toque impressionantemente macio e umas calças apertadas e
justas ao corpo, de pelica castanha, moldando um traseiro bem torneado.
Calçaria uns sapatos de salto alto deixando ver um pé bem feito e harmonioso.
Se pudesse, em algum
momento, apetecia-lhe beijá-lo loucamente com a sua boca fogosa e enlaçá-lo
atraindo-o para os seus braços, inebriando-o com o seu perfume fresco e
irresistível.
Tentaria revelar-se uma
vadia e insaciável “valquíria” pois o “papel” de esposa insatisfeita assim o
sugeria.
Tinha, porém, algum receio de que
Luís pudesse achá-la uma desavergonhada e atrevida, mas começaria por anunciar
em voz alta que tudo quanto ali fizesse ou dissesse, não correspondia ao seu
verdadeiro eu.
No fundo, por prudência,
preferia salvaguardar-se e até desempenhar a função de uma excelente “actriz” representando o
seu papel, de acordo com o “guião”.
Luís, por seu lado,
cogitava em como poderia aprofundar mais a verdadeira personalidade da “paciente”
e gostaria que depois do seu “espectáculo” pudesse guardar alguma cumplicidade
com a “modelo” da sua experiência.
Luís era muito atreito às
tentações e resistia-lhes pouco e quando provocado com sensualidade e subtileza,
gozava muito mais do que com vulgaridades.
Sucumbia à sedução mais pela mente combinada com o físico, do que só pelo instinto sexual. Era importante
para ele ter alguém que fosse capaz de lhe fazer despertar os sentidos e aí,
sim, mergulhava irresistivelmente no desfrute completo do prazer e tornava-se o
parceiro ideal.
(continua)
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