Hospital da Luz, sala de
espera das consultas.
Senhora idosa que às
tantas declinou a idade como sendo de 89 anos, numa cadeira de rodas,
acompanhada pelo marido, também idoso, mas mexido.
- Desde que aqui cheguei
não me fizeram nada – disse a custo com dificuldades respiratórias.
- Anda, tens que almoçar,
vamos para casa – disse o marido com uma voz carinhosa.
Todos, deixámos de fazer
o que nos ocupava (eu no iPhone a mandar mensagens) e focámo-nos no casal, que
conversava como se nós ali não estivéssemos.
- Tu já sabes, é o teu
coração que está fraquinho. Por isso em casa estás melhor e não podes deixar de
almoçar…uma sopinha, uma frutinha, uma carninha, tens que te alimentar.
- Mas tu interessas-te
por mim? – disse ela com voz dôce, como se tivéssemos todos recuado uns 75 anos
na vida deste casal, perplexos e encantados.
- Como? – disse ele surdo.
Ela repetiu.
- Se estou a empurrar-te?
Ela repetiu em voz mais
alta e ele respondeu:
- Oh filha, então isso é
pergunta que se faça? Tu achas que não? Preferias ficar cá? Se calhar
tratavam-te melhor…
Aí, uma senhora
levanta-se e avança com uma banana.
- Tome lá, minha Senhora,
que é o que eu tenho.
- Não, muito obrigado.
Não gosto muito de bananas, mas desejo-lhe muita saúde.
E lá partiram os dois…
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