sábado, 11 de janeiro de 2014

A Coroação de Napoleão, por David...o logro


Estou aqui no meu escritório sozinho, a trabalhar. 

Estamos no princípio da tarde do último dia do ano de 2013. Estou a ouvir música, que vai desde os “Band of Horses”, “The XX”, “LCD Soundsystem”, “The Cure”, “Radiohead”, “Kings of Convenience”, “Fascinação” de Ellis Regina, Caetano Veloso, Tom Jobim, “Sevillanas de Oro”, Amalia, Pavarotti, duas das minhas divas – a Callas e a Kiri Te Kanawa – e a Rádio Marginal e um bom calorífero aceso.

Fiz um rápido périplo pelo ano que passou e a conclusão não foi positiva. Não vale a pena enganar-nos: mais impostos, menos oportunidades, país pior, mais gente burlona vivendo à nossa custa, para apagar da memória.

Também o que entra não me aparece risonho, mas estou farto de cenários e comentadores e previsões. 

Na caixa do supermercado o que conta é o dinheiro na mão! É aí que tenho que apostar: trazer no final de cada mês o suficiente para uma vida digna e tão equilibrada quanto possível.

Os negócios fóra de Portugal, o trabalho árduo e difícil ainda a realizar é o sonho bom, no que vale a pena apostar e o que dá o conforto para acreditar que enquanto tivermos capacidade para nos reinventar e labutarmos, a vida tem sentido.

Sinto uma espécie de vazio – não sei se me consigo exprimir – a neura do inexistente que me invade e que decerto deve estar bem presente em tantas e tantos que logo celebrarão enganosamente e com atordoamento a chegada do novo ano.

Por isso, portuguesas e portugueses…ridícula forma com que os nossos políticos nos brindam nos seus discursos, apanhem uma grande bebedeira, esqueçam que existem problemas por uns momentos e atinjam o nirvana mesmo à meia-noite, pois a ressaca será danada e não é só na manhã do dia seguinte.

Join me in the clouds…há lá lugares ainda livres no hospício para loucos. Encontrar-me-ão fazendo de Ícaro com asas de cêra, caindo de nuvem em nuvem ou como Napoleão, comandando tropas.

Confesso que há na personagem de Bonaparte alguns pormenores que me fazem ter a percepção de como homens geniais perdem essa característica quando se sentem cheios do sucesso: no célebre quadro da coroação, por David, há um balcão imperial em que aparece destacada “Madame Mére” ou seja Letícia Ramolino Bonaparte, em trajes de gala e sabem que não esteve lá nem presenciou a cerimónia? 

Por onde andará o Dias Loureiro? Ou o Miguel Relvas? Li, que no renovado Copacabana Palace no Rio, a US$ 600 por noite. Estive lá a tomar no bar, um sumo de tomate recentemente, custou-me uns quaisquer reais.

Bandidos!

Mau ano para eles todos e que ou devolvam o dinheiro que roubaram e o que nos roubam ou acabem com os ossos na enxovia.

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