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O Bom Pastor
“Calling you”, de Holly Cole foi
como comecei a tarde. Voz quente, música com um piano ao fundo um pouco estridente,
mesmo assim melodiosa, e não é que estava mesmo a chamar-me?
Lembrei-me das poucas horas que decorreram entre a escolha do novo Papa e o que
já se disse sobre ele. Ora historietas do dia-a-dia, desde ter ido pagar a
conta à hospedaria aonde ficou em Roma, até ter-se sentado no 2º banco do
autocarro que levou os Cardeais até Santa Maria Maggiore para rezar à Maddona, tagarelando
com todos com um ar natural; às vestes papais que não são de certeza do Valentino
nem os sapatos pretos regulares, da Prada ficando assim um pouco “sem jeito”!
Em coisas mais sérias, aconselhou os seus concidadãos a não virem à sua missa
inaugural na próxima 3ªf para pouparem dinheiro e em alternativa o darem a quem
precisa.
Vai de certeza “Calling you” a cada um de nós, com naturalidade e amenidade,
porque sabe que precisa de um corpo coeso à sua volta que ponha em marcha toda
uma série de transformações nas nossas vidas demasiado ocupadas connosco
próprios, com os nossos problemas, tristezas, misérias, desilusões…as troikas,
os impostos, o prolongamento da crise, o país que se afunda, o futuro que não
nos sorri.
E qual vai ser a nossa resposta a este chamamento universal que tenho a
certeza irá, paulatinamente e com veemência, fazendo mais por acções do que
grandes palavras, que também as dirá, mas deste modo singelo e directo que
facilmente todos compreenderão?
Boa noite é boa noite em qualquer circunstância e era já tarde e escuro, fazia
frio e chuva e a multidão não arredava pé sem saber quem era o novo Papa. Nada
melhor do que uma saudação costumeira entre pessoas de bem, que sendo atentos
aos outros, sabem que incómodos por si causados devem ser correspondidos com
palavras gentis e sinceras.
Repito, será que não vamos ouvir este “Calling you”/“Calling us” que vai vir em
breve?
Tenho andado longe do redil e carente de um bom pastor que me acarinhe mais do
que puna pelo afastamento sem notícias por aonde paro.
Que estranho que entre a resignação de Bento XVI e a eleição de Francisco I, o meu
ser tenha começado a acordar: admiração pela coragem e ao mesmo tempo debilidade, que
não só física, de um Papa que afinal se mostrou doce e merecedor de compreensão
pelas tarefas gigantescas que a Igreja lhe ia exigir – rigoroso, cerebral,
profundo, abrangente, poderoso intelectualmente, atraente pela sabedoria que
transmitiu – e de repente um Ghandi dos Cristãos, a prometer um papado
suculento em novidade, mudança, segurança de princípios sem violência,
caridade, amor aos que mais precisem.
Estou com fome de mais. Anseio encontrar o caminho para os braços acolhedores
do Bom Pastor!
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