Meu Querido Luís Bernardo,
Tu desculpa-me esta minha ausência de notícias mas tenho que
te confessar que tenho tido preguiça de te escrever. Ando enervado, um pouco
tenso e as coisas por cá, e não me refiro só aqui em Portugal, andam
conturbadas. Agora mesmo leio que o Putin ameaça veladamente com uma 3ª guerra
mundial!
Já sabes que sou rigoroso no que selecciono para as nossas
cartas e não me tem ocorrido assim nada de muito interessante.
Pegando na palavra “interessante” e transpondo-a para a vida
de cada um, como é difícil lutar para que cada dia seja diferente do anterior!
Já sabes que detesto a rotina e que tenho conseguido ter uma vida bem variada.
Hoje apetece-me ouvir-te falar-me sobre o amor, este sentimento
que é tão multifacetado e tão subjectivo. – que maravilha o que estou a ouvir
neste preciso momento: Alberniz – Estudios para piano, Op 65, B 11 Tango.
O meu ipod tem bastante qualidade e muita memória, por isso
guardo cerca de 12.000 músicas de todo o tipo, e é um deleite poder escolher
dentro de uma tão grande variedade…Agora Liszt – Lieberstraume In A-Flat . O
Lieb, So Lang Du Lieben Kannst.
O amor vai e vem, os dias mudam a tonalidade, a intensidade e
a constância. Qualquer acontecimento, por mais singelo que seja, influi no
equilíbrio e na vontade.
Porque será que é mais fácil sentir-se a vibração do amor
quando o ser amado está longe? É um misto de dor/prazer mas o sentimento está
bem definido e sabemos distinguir um do outro.
E refiro-me ao amor dos esposos, dos companheiros, dos
namorados, dos filhos, dos pais, dos avós e por aí adiante. Não é tanto o amor
carnal, é mais aquele que é cantado pelos poetas, de que se dizia que se morria
de amor…
Hoje em dia raros devem ser aqueles que suspiram, sofrem e
morrem de amor.
Fico a aguardar os teus sempre desejados comentários.
Do primo muito afeiçoado
Manuel
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