Meu Querido Manuel,
Estou a escrever-te depois de uma época natalícia e de
começo do Novo Ano muito carregada de eventos o que me forçou a movimentar-me
de casa em casa.
Estive com os teus Pais e Avós bem como o resto de toda a
tua Família num jantar de fim-do-ano que a tua Mãe organizou de surpresa para o teu Pai.
Foi um réveillon espectacular, pois aproveitaram o fogo de
vista gigantesco de uma galáxia que sabíamos iria passar próximo e nunca se
viram cores tão variegadas e tão bonitas.
Estavam de novo, como todos os anos nesta altura, a tua
parentela até aos quartos Avós de ambos os lados e todos muito bem
vestidos e apinocados.
Numa tenda que o 29 mandou montar no jardim da casa dos teus
Pais que estava estupendo de bem tratado, deixando, com umas micas, ver as árvores
com neve, que iluminadas pareciam umas grutas com estalagmites e estalactites.
Por dentro estava tudo aquecido convenientemente, pois somos todos friorentos.
Em mesas de 10, eram ainda muitas. Criados serviam bebidas e
tapas deliciosas e no terraço o Beni Goodman e a sua orquestra, entretinham os
convidados com jazz e músicas de swing.
O menu do jantar, era uma delícia e conto-te pois sei que és
um gourmet e gourmand:
Caviar Beluga aux perles de Vodka
Saint-Jacques de plongée marinée aux truffes noires, émulsion de choux
romanesco
Homard bleu façon Thermidor, girolles et cristalline d’estragon
Turbot de ligne à la truffe blanche d’Alba, fine raviole de potiron et épis
d’asperges
Diamant noir luté et Fine Champagne
Noisette de chevreuil Grand Veneur, tourtière de foie gras et fruits
d’hiver aux zestes d’agrumes
Chariot de Mont d’Or de Poligny
Croquant de lychee, Pitaya en écume au parfum d’hiver
Chocolat glacé à l’or fin, fondant de mandarine à l’Impérial
Vins & Champagnes
Champagne Grand Siècle par Laurent-Perrier
Chassagne Montrachet 1er
Cru «Les Caillerets » M. Colin
Vougeot « Le Clos blanc de Vougeot » Domaine de la Vougeraie
Pomerol Vieux Château Certan
Sauternes Château d’Yquem 1 er Cru
supérieur
Champagne Perrier Jouët Belle Epoque rosé
Grand Cru Armagnac 1898
No final, o teu Pai pronunciou o seguinte discurso que foi
muito aplaudido:
Querida Família,
Uma das
melhores formas de avaliar as pessoas e as coisas é esperar que com o passar do
tempo a sua importância se relativize e revele. Demasiado perto, tudo tende a
parecer absoluto e definitivo. Para compreender cada momento da vida, é preciso
que ele passe, e que se junte a outros até que chegue o momento certo de ver,
com toda a clareza, o que se passou.
O segredo do discernimento é afinal uma coisa tão simples quanto exigente e dolorosa: paciência.
Se só se compreende a vida quando olhamos para trás, a verdade é que, para a viver, o sentido é o oposto. Para diante. Assim, uma escolha determinante das nossas vidas passou por saber onde colocamos os nossos olhos e o nosso coração: se no passado em busca de compreensão e aceitação; ou, no futuro em busca de mais vida.
O nosso caminho passou por terras desconhecidas e mares longínquos. A nossa vida foi um acabar que nunca acaba. Como não há um fim definitivo, renascemos de forma constante em muitos lugares e tempos, e é sempre assim, por mais cansados e angustiados que estejamos... porque a nossa vida quer viver mais do que nós mesmos!
O vencedor sai muitas vezes derrotado. Uma das alturas em que o coração não deve fraquejar é quando está rodeado de inimigos. A solidão essencial de cada um de nós é tão profunda que assusta os que nunca se dão conta da imensidão do mundo dentro de si.
Nos tempos de abandono há que ter a coragem da esperança. Aquela certeza de que o nosso caminho passa por vales de trevas, frio e dor... mas a nossa missão não é nem ficar por ali, nem perder a nossa fé no amor. As nossas obras devem ser a resposta ao sofrimento, porque são as obras que confirmam a missão.
Fazer o que devo, estando inteiro no que faço!
Quem não quer mesmo vencer, não pode esperar vitórias.
Nos sucessos é bom lembrar os falhanços... tudo se torna mais claro. Os sucessos e o fracassos.
Eu sou também a minha herança. O ser daqueles que me amaram e que aceitei, e que aqui estão comigo a celebrar a passagem do ano.
Cada um de nós não é apenas uma folha, um ramo ou uma árvore... mas uma floresta, um mundo e um universo.
Como não querer dar tudo pela verdadeira felicidade? Buscar no passado o sentido da vida é como buscar nos sonhos razões de saudade.
O amor chama. Ao longe, alguém canta. Ao longe. Há que esperar. Lutar. Com fé. Aquela certeza de que não sou eu. Somos nós.
O segredo do discernimento é afinal uma coisa tão simples quanto exigente e dolorosa: paciência.
Se só se compreende a vida quando olhamos para trás, a verdade é que, para a viver, o sentido é o oposto. Para diante. Assim, uma escolha determinante das nossas vidas passou por saber onde colocamos os nossos olhos e o nosso coração: se no passado em busca de compreensão e aceitação; ou, no futuro em busca de mais vida.
O nosso caminho passou por terras desconhecidas e mares longínquos. A nossa vida foi um acabar que nunca acaba. Como não há um fim definitivo, renascemos de forma constante em muitos lugares e tempos, e é sempre assim, por mais cansados e angustiados que estejamos... porque a nossa vida quer viver mais do que nós mesmos!
O vencedor sai muitas vezes derrotado. Uma das alturas em que o coração não deve fraquejar é quando está rodeado de inimigos. A solidão essencial de cada um de nós é tão profunda que assusta os que nunca se dão conta da imensidão do mundo dentro de si.
Nos tempos de abandono há que ter a coragem da esperança. Aquela certeza de que o nosso caminho passa por vales de trevas, frio e dor... mas a nossa missão não é nem ficar por ali, nem perder a nossa fé no amor. As nossas obras devem ser a resposta ao sofrimento, porque são as obras que confirmam a missão.
Fazer o que devo, estando inteiro no que faço!
Quem não quer mesmo vencer, não pode esperar vitórias.
Nos sucessos é bom lembrar os falhanços... tudo se torna mais claro. Os sucessos e o fracassos.
Eu sou também a minha herança. O ser daqueles que me amaram e que aceitei, e que aqui estão comigo a celebrar a passagem do ano.
Cada um de nós não é apenas uma folha, um ramo ou uma árvore... mas uma floresta, um mundo e um universo.
Como não querer dar tudo pela verdadeira felicidade? Buscar no passado o sentido da vida é como buscar nos sonhos razões de saudade.
O amor chama. Ao longe, alguém canta. Ao longe. Há que esperar. Lutar. Com fé. Aquela certeza de que não sou eu. Somos nós.
Os teus Pais
sempre muito unidos, pediram-me para te passar estas palavras e que a Família
toda as saiba viver aí na Terra.
E por hoje é
tudo, Manuel. Um bom ano para ti e escreve-me e conta-me da tua vida.
Um afectuoso
abraço muito amigo do teu primo muito dedicado
Luís Bernardo
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