sábado, 15 de agosto de 2015

O despudor de Sócrates


Leio na imprensa que Sócrates vai começar a pagar ao seu amigo Santos Silva.

Escuso de lembrar o meu trabalho nas prisões, para vos dizer o que se deve ou não fazer quando se está detido. E, como sabem, os “meus” reclusos são estrangeiros e com penas pesadas por isso estão num estabelecimento de alta segurança do Estado.

Ora Sócrates tem, a meu ver, cometido erros incompreensíveis. Não julgo que seja a conselho dos seus Advogados, pois a sua personalidade é forte, a sua teimosia proverbial e gostando-se ou não dele, temos que lhe reconhecer inteligência.

O primeiro dos deslizes, é a publicidade que tem dado à sua situação como detido. Para além de estar a violar as regras definidas pelo sistema prisional e assim tornando-se uma excepção consentida, revela mais uma vez o seu despudor e a influência que exerce através de vários meios e “amigos” para que ninguém lhe vá ao pelo!

Irrita-me muito este facto, pois também me apetecia dar a conhecer ao público o que pensam os “meus” presos.

Segundo erro é o de se armar em vítima quer politicamente quer na justificação do seu património. Nem vou perder tempo em comentar o que é uma evidência: o estado lamentável em que deixou o país! Quanto à sua “riqueza” é gritante a desproporção entre o que seria legítimo um político, (pois foi isso que sempre fez), acumular um pecúlio razoável…e sabe-se agora que tem “desejos” de grande gastador e um ex-primeiro-Ministro com centenas de milhões de euros que lhes são atribuídos a si próprio ou encapotadamente aos seus familiares. Originário de uma família sem importância nem tradição de nada, mesmo, nem valores nem recursos que se conheçam, mais escandaloso é o topete de apresentar argumentos miseráveis.

Por isso, a notícia de que vai começar a pagar com a venda do seu andar ainda é mais revoltante.
Que seja acusado e já agora com rapidez ( por muito virtuoso e capaz que o Juiz Carlos Alexandre seja bem como diligente o Ministério Público, já ultrapassa das marcas deixar os cidadãos numa eterna dúvida das razões da sua detenção e das especulações) e que possa cabalmente defender-se num julgamento imparcial.

Mas o seu julgamento na praça pública já está sentenciado: para as pessoas de bem, para aquelas que sofrem na pele as consequências da sua cupidez, mal agir e delapidação dos recursos do país, daquelas que são honestos funcionários públicos que não corrompem nem são corrompidos, enfim das que põem os interesses do país acima dos seus, o veredicto só pode ser o de CULPADO.

E quer esteja a sofrer e acredito que esteja pois conheço inclusive a cadeia de Évora, a arrogância de ter recusado a pulseira electrónica e permanecer recluso só demonstra que nem o incómodo e sofrimento da reclusão tem quebrado o seu desejo de protagonismo e infelizmente não tem aprendido.

As visitas de Mário Soares são patéticas e suspeitas e levantam muitas dúvidas quanto a serem inofensivas: é um mensageiro caquéctico e decadente que se presta à defesa da corporação a que ambos pertencem, e de outras pessoas que a todo o custo querem ser preservadas das suas práticas ilegais e lesivas dos interesses do Estado.

A gravidade das “pontas” mal resguardadas que poderão vir a por na cadeia mais uma série de figuras proeminentes, leva a que Mário Soares, arrastando-se, vá paulatinamente destruindo algum capital democrático e de serviços que prestou ao país no passado.

Uma vergonha tudo isto, mas a sociedade civil assiste adormecida e apressa-se a dar o voto ao PS.
Não que este Governo mereça todo o meu apoio, mas o que espero é que com caras novas e pessoas mais competentes possa afrontar com sucesso efectivo os tempos sombrios que se aproximam, quer gostemos ou não de aceitar a realidade.

Por isso Sócrates que passe o resto do Verão em Évora, apesar de ter podido refrescar-se com ar condicionado, já nem sei em qual das casas se a de Paris ou a de cá, pelos vistos já não, mas outra que tenha para aí ou que lhe emprestem.

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