quinta-feira, 28 de julho de 2011
Diário de um desmemoriado (6)
5ªf, dia 28 de Julho
Hoje vou começar por vos fazer uma revelação muito importante: pertenço ao melhor signo de todos.
Estou naturalmente a falar-vos do Escorpião.
Já estou a sentir nas orelhas o calor da maledicência, da desilusão, da fúria! Logo vi que tinhas que ser, dirão uns! Outros preparar-se-ão para refazer a estratégia de combate, just in case!
Pois eu acho isto dos signos muito divertido!
Quanto ao acreditar que me vai sair o Euromilhões se consultar os astros, é que nem estou aí!
Agora que o carácter, a personalidade e o comportamento são influenciados por toda uma série de combinações astrológicas, não tenho a menor dúvida!
Aconteceu-me na prática uma experiência muito divertida que vos vou narrar.
Lá para os meus 18 anos, tendo ido a Luanda namorar a minha mulher (o meu sogro era na altura presidente local de uma petrolífera multinacional), foi a primeira vez que estive em África.
O meu Avô materno incumbiu-me de uma gratíssima missão que foi a de trazer uns chorudíssimos dividendos da Mabor Angolana (a Mabor Portugal foi fundada entre outras numerosas empresas de saudosa memória, pela minha Família) e já que eu precisava de “sobreviver” em Angola durante um mês, poderia gastar desse dinheiro!
Foi a minha “sorte grande” pois cativei a minha namorada com um carro “racing” que aluguei, almoços e jantares de grande qualidade no Clube Naval que era o melhor na altura, presentes, enfim uma miríade de “novo-riquismos”, que me souberam lindamente para armar aos cucos!
Estou tranquilo quanto aos “novo-riquismos” pois o dinheiro não era meu mas simplesmente autorizado a gastar e não era só dessa altura que tínhamos dinheiro e nunca precisámos de impressionar!
Houve uma festa de Natal da referida petrolífera e eu, qual bom namorado, acompanhei a família e estive também presente.
Achei a maior das maçadas como se deve calcular, mas a pretexto de dar notícias aos meus Pais, escrevi-lhes uma carta anódina e relatando sem qualquer brilho a referida festa.
Bem, porquê isto tudo que vos estou a contar?
“Revenons sur nos moutons” ou seja para quem não é versado em francês, voltemos ao tema inicial!
Quando voltei a Lisboa, por sugestão “estratégica” da “belle-famille”, conheci a Tia Pilé Pombal que era uma grafologista de renome, licenciada numa grande escola em Paris, um encanto de pessoa e uma mulher “avant la lettre”, pois já quase com 80 anos tinha sido uma pioneira em Portugal!
Tivémos umas quantas sessões de 1 hora, de grandes e fascinantes trocas de impressões sobre a minha vida, a da minha Família, os meus planos de futuro, pessoais, os grandes temas…enfim, uma conversa de vida…pouca até àquela data, pois tinha singelos 18 aninhos!
Aqui aparece a dita carta aos meus Pais, narrando a festa de Natal em Luanda, pois a Tia Pilé precisava de um escrito meu à mão, para fazer um relatório grafológico!
Passadas umas 3 semanas produziu um documento de 3 páginas que ainda hoje religiosamente guardo, em que me descrevia ao milímetro e até revelando algumas minhas facetas do “inner me” que eu nunca tinha conseguido definir e salientar.
Serviu-me durante anos para empregos…imaginem, conquistados por este vil Escorpião e pela bondade dos “olhos” da alma da querida Tia Pilé!
(continua)
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