quinta-feira, 21 de julho de 2011

Diário de um desmemoriado (3)


5ªf, dia 21 de Julho

Acordei decidido a reservar uma parte do dia a desacelerar e reflectir com calma sobre tudo quanto se está a passar aqui em Portugal e aquilo que virá previsivelmente a acontecer, com reflexos óbvios na minha vida.

A primeira conclusão que tiro é a de que pouco podemos fazer, ou seja, há uma sensação de impotência generalizada quanto à nossa eficaz intervenção para mudar o curso das estrelas…

Trata-se de uma pesada herança e não a do Dr. Salazar, que só é para aqui chamado, para que não haja confusões com o sentido da minha frase.

Aí somos todos culpados pois fomos tolerando através dos anos e desde o 25 de Abril, que o destino de Portugal fosse mais ou menos acompanhado pelos eleitores, enquanto nos perdíamos na embriaguez do consumo desenfreado.

Quando era preciso votar maciçamente ou ficávamos em casa, nanja eu, ou disfarçávamos e deixávamos correr o marfim…era aproveitado por muitos de todos os quadrantes, ainda que alguns especialmente tenham tido uma sabedoria infinda e mais requintada. Todos sabemos a quem me refiro!

Mas isto é o passado e chega a ser intolerável como se pode perder tempo a discutir o que se deveria ter feito…é como no futebol, depois dos frangos na baliza, exprimem-se opiniões sobre as formas de poderem ter sido evitados!

Que cansaço de gente!

Porlotanto, como diriam os nuestros hermanitos, só prevejo uma de três soluções:

a primeira é resignarmo-nos e nada fazer e quando, como nas histórias do Astérix, o Obélix afirma que o único medo que ele tem mesmo é que “le ciel me tombe sur la tête”, o pesadelo desabar sobre as nossas cabeças, desesperarmos!

a segunda é lutar e procurar aqui em Portugal, novas soluções que passam por oportunidades de emprego – difícil, mas possível quand-même quando se é competente – ou com criatividade e engenho começarem-se novos negócios, bem entendido, que se adaptem à crise.

Há ainda instituições que apoiam pequenas e médias empresas viradas para a exportação e os inefáveis bancos, pelo menos até agora, têm linhas de crédito para este efeito.

Uma vez mais a audácia a fortuna ajuda, como diria o Capitão Hadoque nos saudosos livros do Tintin!

a terceira é partir. Emigrar para países aonde se possa ter horizontes, futuro e começar de novo com esperança e desafios: Brasil, Austrália, Angola e mesmo para outros países europeus mais ricos do que o nosso tal como a Alemanha, França, Inglaterra, os nórdicos…haverá buraquinhos para vivermos melhor, lutarmos e sobrevivermos!

Naturalmente que o mais perto ainda é a Espanha que é formidável! Se quisermos investir aqui ao lado com inteligência, the sky is the limit!

Estes são os diferentes planos B.

Depois de ter interiorizado tudo isto, fiquei mais contente pois realizei que sou um lutador e não vou deixar cair os braços e fui almoçar com uns amigos uma boa pescada com mayonnaise e um vinho branco, que os há muito bons também, sim! Esta snobeira de só se gostar de tintol é ridícula e não ajuda os produtos nacionais!


(continua)

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