Fui já há uns meses, na minha qualidade de voluntário da Cruz
Vermelha para o sector prisional, convidado pela minha colega local para
dar uma sessão de trabalho no Estabelecimento prisional de Évora. O
eng.Sócrates, nesse dia não compareceu e creio que por razões próprias,
pois tinha sido publicado nessa manhã nos jornais, mais uma das suas
“complicações”.
Conheci-o em várias visitas de Estado para que
fui convidado, como empresário, e guardei dele a memória de uma pessoa
simpática, activo, e eficaz na promoção das empresas portuguesas que
acompanhava.
Nessas viagens, não sendo eu seu íntimo nem do seu
partido, constatei ser uma pena que os líderes, Chefes-de-Estado
incluídos, não tenham um contacto mais desinibido com todos, revelando
mais o homem do que o político. Bem sei que são muitos participantes e
agendas intensas.
Vem tudo isto a propósito de ter vindo a ler
uma série de comentários, artigos, reportagens, fotografias aéreas e
terrestres…sobre a casa, as pizzas, os convidados e a vida pessoal do
eng. Sócrates, na fase pós-Évora.
A minha experiência com
reclusos que vale o que vale, apesar de serem de alta segurança e
estrangeiros, leva-me a reflectir sobre o que eu sugeriria que o eng.
Sócrates deveria fazer para se dignificar a ele próprio, não só porque
tem família, foi Primeiro-Ministro do meu País e eu tenho orgulho de ser
Português, como também para preparar o seu futuro.
Algumas dicas:
1. Ter a serenidade e categoria para falar menos, pensar no que diz e no que pode ou não causar como efeitos;
2. Ser natural, isto é, igual a qualquer outro português que ao tocarem
à porta para entregar uma pizza que pediu, abre-a sem mistérios, paga
ao "menino" que a leva, sorri para os fotógrafos e torna a fechar a
porta…e já agora dando uma lição de normalidade à imprensa ranhosa de
que este é um “non-issue” ou seja ninguém está interessado na pizza do
engº Sócrates, que tem direito a comer como qualquer cidadão;
3.
Depois, tentar exteriorizar sem raiva, ódio ou extremismos o que
aprendeu durante o tempo de reclusão e solidão. Há tanto para transmitir
e até dar exemplo. Só ganharia em reconhecimento por parte dos
portugueses, de como aprendeu a ter mais humildade, a analisar-se e a
ganhar eventualmente a simpatia de quem já o condenou na praça pública;
4. Se eu fosse Juiz do seu eventual processo, já teria à partida uma
irritação imensa pela sua arrogância, temeridade em afrontar a Justiça,
falta de maneiras como cidadão desrespeitando as regras aplicáveis para
todos os outros reclusos, atacando irreflectidamente tudo e todos,
prejudicando o seu partido e os socialistas e por último dando um
péssimo exemplo internacionalmente, como foi tantas vezes referido,
inclusivamente por jornais de esquerda;
5. Os reclusos que eu
ensino, são todos pessoas inteligentes e com perfis diferentes do engº
Sócrates, ainda que cada um é cada um, e a importância dos seus casos é
impossível de comparar. Uma coisa é certa porém, nem eles próprios lhe
têm respeito e criticam-no pelo seu desbragado ego, espalhafato e
incumprimento das leis penais;
6. A falta de bom senso de Mário
Soares e de outros destacados líderes socialistas em visitá-lo
acintosamente, mais uma vez dando cobertura ao espectáculo mediático de
que tanto gosta, vai causar-lhe de certeza um grande amargo de boca
quando se apurarem os actos ilícitos que eventualmente tenha praticado. É
como se quisessem pré-ilibá-lo de culpas, quando se sabe que só ele,
engº Sócrates conhece o que fez.
7. Finalmente, se tivesse
crescido interiormente e se dispusesse, quando falasse ou escrevesse, a
espelhar uma outra imagem de arrependido e de capaz de recomeçar uma
nova vida, só revelaria como vale a pena acreditar que muitas vezes a
expiação, com sofrimento e solidão, é a única maneira de reabilitação.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Reconheço que sou provocador e maquiavélico e que vou irritar muita gente bolorenta...paciência! É de facto o que penso.
ResponderEliminar