Têm alguns amigos estranhado porque escrevo sobre o Grupo Espírito Santo e Ricardo Salgado, em contra-corrente, como que os defendendo.
São conclusões apressadas, pois se lerem bem o que digo, verificarão que se enganam.
Ofereci-me como voluntário da Cruz Vermelha, e desde há uns meses
visito prisões, nomeadamente a das mulheres em Tires aonde irei com mais
duas raparigas dar um curso piloto de preparação para a reinserção na
sociedade civil, após a libertação.
Por outro lado, na Prisão de Alta Segurança do Estado, em Monsanto dou aulas de português duas vezes por semana e de 2 horas cada, a cinco reclusos estrangeiros conhecidos internacionalmente e com penas de topo.
Porque vos digo isto a propósito dos Espírito Santos?
Porque ninguém sonha nem imagina o que é a vida de um recluso de topo de alta segurança! Porque não têm ideia o que é ter uma pena de 12 anos ou mais, sendo a maioria com idades entre os 30 e os 40 anos.
Que fique bem claro que não estou a sugerir que o mesmo aconteça a algum ou alguns dos membros do Grupo Espírito Santo. Logo verão a baixo qual a ligação com o tema.
É para mim um exercício de esquecimento dos meus problemas, das minhas queixas, um olhar mais atento às minhas debilidades e exigências, contactar com reclusos nestas circunstâncias. E, enquanto lá estou, esqueço-me de mim e entrego-me totalmente.
Dou cerca de 20 minutos no fim de cada aula para falarmos com toda a liberdade sobre tudo.
Não vos posso descrever com mais detalhe nem as condições deles nem aquelas em que eu dou as aulas. É confidencial, como compreenderão.
Mas o tema que me leva a referir toda esta minha actividade de voluntário, de que talvez não me apetecesse desvendar, por pudor e pelos exercícios de humildade que aprendo a cada dia, tem a ver com a minha convivência com a culpa.
E só quem lida com gente que oficialmente é culpada como tendo cometido grandes crimes, pode começar a compreender o que é o bálsamo do perdão, do esforço na compreensão, no desejo da redenção e no progresso para a reinserção depois de anos afastados da sociedade civil.
Tema riquíssimo com tantas implicações para nós todos, como seres livres, “cá fora” mas tantas vezes corresponsáveis por omissão, das podridões da sociedade em que vivemos.
Aprende-se a não julgar, a não condenar sem primeiro ouvir, a esquecer e a dar uma chance para recomeçar.
Espero que compreendam agora um pouco melhor as razões porque me exprimo pois quando se está acossado pela opinião pública, talvez se possa sentir um certo consolo em saber que alguém está disposto a dar cara para que não se vá para a "forca" sem primeiro ser escrutinado.
E posso-lhes garantir que nenhum dos Espírito Santos, lerá alguma vez o que tenho vindo a escrever. É gratuito, expontâneo e do coração.
Por outro lado, na Prisão de Alta Segurança do Estado, em Monsanto dou aulas de português duas vezes por semana e de 2 horas cada, a cinco reclusos estrangeiros conhecidos internacionalmente e com penas de topo.
Porque vos digo isto a propósito dos Espírito Santos?
Porque ninguém sonha nem imagina o que é a vida de um recluso de topo de alta segurança! Porque não têm ideia o que é ter uma pena de 12 anos ou mais, sendo a maioria com idades entre os 30 e os 40 anos.
Que fique bem claro que não estou a sugerir que o mesmo aconteça a algum ou alguns dos membros do Grupo Espírito Santo. Logo verão a baixo qual a ligação com o tema.
É para mim um exercício de esquecimento dos meus problemas, das minhas queixas, um olhar mais atento às minhas debilidades e exigências, contactar com reclusos nestas circunstâncias. E, enquanto lá estou, esqueço-me de mim e entrego-me totalmente.
Dou cerca de 20 minutos no fim de cada aula para falarmos com toda a liberdade sobre tudo.
Não vos posso descrever com mais detalhe nem as condições deles nem aquelas em que eu dou as aulas. É confidencial, como compreenderão.
Mas o tema que me leva a referir toda esta minha actividade de voluntário, de que talvez não me apetecesse desvendar, por pudor e pelos exercícios de humildade que aprendo a cada dia, tem a ver com a minha convivência com a culpa.
E só quem lida com gente que oficialmente é culpada como tendo cometido grandes crimes, pode começar a compreender o que é o bálsamo do perdão, do esforço na compreensão, no desejo da redenção e no progresso para a reinserção depois de anos afastados da sociedade civil.
Tema riquíssimo com tantas implicações para nós todos, como seres livres, “cá fora” mas tantas vezes corresponsáveis por omissão, das podridões da sociedade em que vivemos.
Aprende-se a não julgar, a não condenar sem primeiro ouvir, a esquecer e a dar uma chance para recomeçar.
Espero que compreendam agora um pouco melhor as razões porque me exprimo pois quando se está acossado pela opinião pública, talvez se possa sentir um certo consolo em saber que alguém está disposto a dar cara para que não se vá para a "forca" sem primeiro ser escrutinado.
E posso-lhes garantir que nenhum dos Espírito Santos, lerá alguma vez o que tenho vindo a escrever. É gratuito, expontâneo e do coração.
Belíssimo, este seu post que me trouxe á memória a "Ballad of reading gaol", que li pela primeira vez na FDL, por sugestão da minha fantástica Prof.ª de Direito Penal, que ensinava muito para além disso.
ResponderEliminarGosto da forma que me surpreende com as suas escolhas.
P.
Obrigado pelo seu comentário, caro P. que não vislumbro quem seja, mas que respeito o anonimato.
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