quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Moby Dick e o Sr. Peninha e um casal que se dava bem

Era uma vez um casal que se tinha casado e que vivia junto na mesma casa.

Vem o Sr. Peninha e faz uns garatujos na vida do casal e eles começam a dar-se mal.

O Sr. Peninha tem umas mãos bonitas, com dedos compridos bons para chupar depois de se comer uma bola-de-berlim. Fixam o açúcar e o recheio, quando são com creme.

Voltando ao casal: furiosos pelos garatujos feitos, limparam-nos com uma borracha. Saiu tudo.

Regressaram aos mercados e começaram de novo a darem-se bem. Só que o Sr. Peninha, furioso, gritou-lhes: olhem o PIB, que já vai alto! E como passava uma gaivota, o Sr. Peninha com uma fisga acertou-lhe na cloaca que despejou caca de pássaro nas cabeças do casal.

O casal irritado começou a agredir a dona Mariquinhas que lhes pedia sempre, quando passavam em frente da capelista, para comprar o “simplesmente Maria”. A mulher do casal andava constantemente a fazer rendas que copiava do “Rakam” mas o “ponto cruz” saía-lhe ao viés.

O marido do casal achava graça em dizer para a dona Mariquinhas: a senhora tem mangas em godé e o seu cós está descosido. Aprendera estas expressões na recruta quando a fizera já depois da revolução e tivera que fazer "de Mariazinha" no quartel, pois era preciso cozer botões, subir bainhas e ele arranjara um aconchego perto que lhe ensinara tudo isto, mas nada de fazer trabalhinho de mãos. Mais de pernas, era um consolo.

O Sr. Peninha esfregara as mãos de contente, as tais bonitas, por ver que causara mal estar ao casal, mas passeando os três à beira-mar como se nada se tivesse passado entre eles, vem a propósito falar do Moby Dick, o cachalote branco e tal e os baleeiros e ele rira muito.

O marido do casal fez um assobio estranho, apareceu o cetáceo de dentro das águas e engoliu o Sr. Peninha e a mulher do casal.

Tinha-se também tornado uma chata.

in poemas raros de Vicente Mais ou Menos de Souza
  

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