Era uma vez um casal que se tinha casado e que vivia junto
na mesma casa.
Vem o Sr. Peninha e faz uns garatujos na vida do casal e
eles começam a dar-se mal.
O Sr. Peninha tem umas mãos bonitas, com dedos compridos
bons para chupar depois de se comer uma bola-de-berlim. Fixam o açúcar e o
recheio, quando são com creme.
Voltando ao casal: furiosos pelos garatujos feitos,
limparam-nos com uma borracha. Saiu tudo.
Regressaram aos mercados e começaram de novo a darem-se bem.
Só que o Sr. Peninha, furioso, gritou-lhes: olhem o PIB, que já vai alto! E como
passava uma gaivota, o Sr. Peninha com uma fisga acertou-lhe na cloaca que
despejou caca de pássaro nas cabeças do casal.
O casal irritado começou a agredir a dona Mariquinhas que
lhes pedia sempre, quando passavam em frente da capelista, para comprar o “simplesmente
Maria”. A mulher do casal andava constantemente a fazer rendas que copiava do “Rakam”
mas o “ponto cruz” saía-lhe ao viés.
O marido do casal achava graça em dizer para a dona
Mariquinhas: a senhora tem mangas em godé e o seu cós está descosido. Aprendera
estas expressões na recruta quando a fizera já depois da revolução e tivera que
fazer "de Mariazinha" no quartel, pois era preciso cozer botões, subir bainhas e
ele arranjara um aconchego perto que lhe ensinara tudo isto, mas nada de fazer
trabalhinho de mãos. Mais de pernas, era um consolo.
O Sr. Peninha esfregara as mãos de contente, as tais
bonitas, por ver que causara mal estar ao casal, mas passeando os três à
beira-mar como se nada se tivesse passado entre eles, vem a propósito falar do
Moby Dick, o cachalote branco e tal e os baleeiros e ele rira muito.
O marido do casal fez um assobio estranho, apareceu o cetáceo
de dentro das águas e engoliu o Sr. Peninha e a mulher do casal.
Tinha-se também tornado uma chata.
in poemas raros de Vicente Mais ou Menos de Souza
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