No meio dos meus afazeres, das incertezas do país, da Europa
e do mundo, apeteceu-me fazer uma pausa e ouvir, desta vez, boa música
clássica, e deixar que vozes, peças e som alto invadam o meu espaço.
A sensação do “dolce fare niente”, bem sentado numa cadeira
cómoda, desligado de tudo quanto possa ser preocupação, numa sala quentinha,
não há melhor! Guloso como sou, a minha companhia predilecta é uma suculenta
tablette de chocolate com amêndoas que marcha no fim da ária da primeira diva…
Volto uns anos atrás e revejo-me num país aonde apetecia
viver e trabalhar pelo seu clima único, pelas suas gentes hospitaleiras, pela
beleza das suas terras acolhedoras, limpas, mimosas e bem tratadas, pelas cidades
pequenas mas com tudo o que se encontra nas grandes urbes, sem nos sentirmos
esmagados ou atabafados por grandes arranha-céus. Um campo perto aonde com
facilidade se pode ir retemperar as forças, o mar, os rios, as praias.
Como se deixou chegar isto tudo a este estado de penúria e
de incertezas quanto ao futuro, quase que nos forçando a partir e encontrar
melhor vida fóra do nosso país?
Tanta coisa já foi dita e redita, inúmeros “génios” da
política e da economia traçaram diagnósticos e causas mas o que resta é a
realidade e essa é incontornável.
Oiço o Luciano Pavarotti, a Callas, a Kiri Te Kanawa, o
Plácido Domingo, o Juan Diego Florez e invejo-os nas árias que cantam…vozes
maravilhosas, sons profundos, músicas criadas por compositores incomparáveis
que soam com tanto sentimento.
Ser-se um Estado pequeno, organizado, com gente feliz que
olha as estrelas como na ária empolgante da Tosca “E lucevan le stelle” não podia
ser o nosso desejo de futuro?
E lucevan le stelle
Ed olezzava la terra
Stridea l'uscio dell'orto
Ed un passo sfiorava la rena
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E reluziam as estrelas
e perfumava a terra.
Rangia a porta da horta
e um passo roçava a areia
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Acabou-se a pausa Kit Kat e back to work.
Recomendo-vos, from time to time, estes exercícios de pequena beatitude:-)
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