Para cada reunião
do Conselho de Administração do banco, Brien, na sua qualidade de secretário
corporativo do board, tinha sempre que preparar e enviar antecipadamente os
pontos da agenda, primeiro para o Presidente e uma vez obtida a sua concordância,
circularia pelos restantes Membros.
Reflectia
maduramente se deveria conversar em privado com o Presidente antes de
incluir na agenda o tema “pedido do Governo” resultante da reunião com Michael ou
deixar que o Conselho se confrontasse como um todo, com tão escaldante tema.
O bom senso e
profissionalismo aconselhavam a que consultasse Sir Gordon Scott préviamente,
pois sendo o Chairman do Abbey National, este era tipicamente um assunto que
lhe estaria atribuído por um dos seus pelouros, o das relações ao mais alto nível com outros
bancos e instituições oficiais, incluindo o banco central e por arrasto o
Governo, este último em circunstâncias excepcionais.
Brien reconheceu
que esta era uma circunstância excepcional, mas no mau sentido.
Sir Gordon Scott,
não era nem simpático nem tinha fama de ser diligente. Ocupava esta alta
posição, bem remunerada e com muitas mordomias pelas suas relações de
parentesco com um dos principais accionistas do banco. Estava de saída nos 3
meses seguintes, pois atingiria o fim do seu mandato e na idade da
reforma.
Assim sendo,
Brien não se sentiu motivado a pedir uma audiência e preferiu arriscar,
enviando num dos pontos da agenda para a sua prévia aprovação, uma alínea que
dizia “ reunião com representante da tutela “. Havia habitualmente muitas destas por
motivos burocráticos, e era Brien quem triava os temas, sendo depois decidido
em Conselho quem faria o follow up. Tratava-se sempre de assuntos técnicos e
enfadonhos e por isso, Brien estava tranquilo quanto ao retorno da sua agenda
sem nenhuma observação do Presidente, permitindo-lhe circular pelos restantes Membros.
A CEO do banco,
Mrs. Viviana Hopewell, mulher dos seus 40 anos de idade, muito conceituada e
excelente profissional, era casada com um dos accionistas de referência do
banco.
Tinha uma
excelente relação com Brien, a quem admirava pelas suas qualidades de trabalho,
dedicação e competência.
Era muito
elegante, o modelo típico da executiva sempre bem vestida, impecávelmente
arranjada e perfumada com um aroma que excitava Brien.
Viviana já por
várias vezes lhe tinha dado a entender que o apreciava também no seu humor,
naturalidade e numa das festas de Natal do banco, tinha até dançado com Brien,
de tal maneira enleada ao seu corpo que as suas caras quase tocavam. Disse-lhe
que dançava muito bem e que o seu marido era um “pé-de-chumbo” e que ela gostava
de música e de ir a dancings.
Brien, num acto
de grande ousadia, retorquiu-lhe a sorrir que ela tinha um perfume que ele adorava
e que sempre que o sentia ficava agradavelmente perturbado.
Riram-se os dois muito
e a música acabou e cada um dirigiu-se para os seus cônjuges que no meio da
movimentação da festa, não repararam sequer que ambos tinham dançado tão impròpriamente
agarrados.
Nessa tarde,
Brien saiu mais cedo do banco, como prometera a Rose, e apanhando um táxi,
dirigiu-se ao apartamento dela.
(continua)
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