segunda-feira, 26 de julho de 2010
8ª Carta do meu primo Luis Bernardo ( notícias sobre Osama bin-Laden)
Meu Caro Manuel,
Tive hoje um encontro muito inusitado e deveras curioso.
Morto recentemente, o número três da Al-Qaeda e líder no Afeganistão, Mustafa Abu al-Yazid, conversou comigo sobre uma série de factos que penso serem desconhecidos sobre a vida pessoal do seu líder, Osama bin Laden.
Disse-me que era seu cunhado e que no atentado que o matou, juntamente com ele, morreram a mulher e as suas três filhas, além de outros elementos da família.
Revelou-me alguns detalhes da vida doméstica da família de Bin Laden, que morou na Arábia Saudita entre 1974 e 1991, passou 5 anos no Sudão e em 1996 mudou-se para o Afeganistão.
São revelações surpreendentes, que mostram um Osama contraditório e cheio de manias.
Osama casou-se com Najwa em 1974. Ela tinha 15 anos e ficou logo grávida. Teve um filho, depois outro e mais outro - nos 3 primeiros anos de casamento - foram 3 filhos homens.
Ela queria a todo o custo ser mãe de uma rapariga. E, quando teve o quarto filho, que se chamou Omar, não resistiu mais - começou a deixar crescer-lhe o cabelo e a vesti-lo como uma rapariga.
Em 1981 Osama passava longas temporadas longe de casa, combatendo a invasão soviética no Afeganistão.
Um dia, ao voltar a casa na Arábia Saudita, deparou-se com uma cena bizarra que o fez ficar perplexo! Tinha tido uma filha: agachava-se e fazia festas no seu cabelo e no seu vestido, relata al-Yazid.
Realizando que era Omar, explicou-lhe que o vestido que ele tinha e o corte de cabelo eram para meninas e que ele era um rapaz.
Osama mandou a mulher parar com a brincadeira, e ela obedeceu.
Mas voltou a vesti-lo de rapariga nas ausências do marido.
Um dia Osama chegou de surpresa. Segundo al-Yazid, não disse nada. Ficou parado a olhar para a mulher com uma expressão que tornava bem claro que ela não deveria desafiar o destino.
Najwa cortou os cabelos do filho, queimou os vestidos e nunca mais fê-lo passar por menina até ter a primeira filha, 6 anos depois.
Osama bin Laden abomina os EUA, confirmou-me al-Yazid. Mas já esteve lá. No final dos anos 70, o casal passou duas semanas na América pois ele foi encontrar-se com um homem chamado Abdullah Azzam.
Abdullah era um teólogo sunita, que pregava a guerra santa e viria a tornar-se o mentor de Bin Laden.
Osama foi passar 7 dias em Los Angeles. Não se sabe por que quis ir a Hollywood, símbolo máximo da cultura americana. Mas a viagem foi tranquila. O único contratempo foi no regresso. No aeroporto, um homem espantou-se com a roupa de Najwa, uma burca que tapava todo o corpo, e começou a olhá-la descaradamente. Osama não se ofendeu, e até achou graça à situação.
Segundo al-Yazid , Osama é considerado um génio em matemática: tem capacidade para fazer contas enormes, de cabeça.
al-Yazid narrou-me que havia homens que o visitavam na sua casa e o desafiavam a competir com uma máquina de calcular. Bin Laden conseguia sempre terminar as equações em primeiro lugar. A sua memória é também acima da média: é capaz de recitar o Corão inteiro de cabeça, o qual tem mais de 350 páginas.
Mas, segundo al-Yazid, a grande paixão de Osama é uma ciência específica - a genética. Quando morou no Sudão, entre 1991 e 1996, quis produzir os maiores girassóis do mundo. Cruzou várias sementes da planta até criar girassóis que chegaram a ter o tamanho de uma cabeça.
al-Yazid contou-me que no mundo muçulmano, o cão não é o melhor amigo do homem - os muçulmanos evitam ter cães como animais de estimação, pois consideram-nos sujos.
Osama criava pastores-alemães, e não seguia à risca a determinação do Islão: brincava com eles e fazia-lhes festas. Mas os cachorros não tinham a mesma sorte, pois um dia, Omar estava a brincar com a sua cadela e alguns guerrilheiros vieram pedir-lhe emprestados alguns dos cachorros recém-nascidos.
Ele pensou que queriam os cachorros para reprodução, contou-me al-Yazid. Algum tempo depois, Omar descobriu qual o destino dado aos cachorros: estavam a ser sacrificados pelo jihad. Os soldados usavam-nos para testar armas químicas.
al-Yazid diz que Osama não mostrou nenhuns remorsos quando isto foi descoberto pelo seu filho Omar.
Bin Laden tem gostos culinários curiosos e variados. O pequeno-almoço é bem frugal, pois come um bocado de pão com azeite. Já nas refeições, prefere coisas mais elaboradas - o seu prato preferido é beringelas recheadas com carne. Adora fruta e espera o Verão com ansiedade para comer mangas, a sua fruta preferida.
Bin Laden bebe bastante mel com água quente – uma mistura que, segundo ele, tem propriedades medicinais. Mas a sua bebida preferida é sumo de passas, que aprendeu a fazer quando morava no Sudão.
Osama punha as passas num recipiente grande, enchia com água e deixava assim durante toda a noite.
As passas misturavam-se com a água, formando um sumo que ele bebia durante o dia seguinte.
Desde muito novo, Osama gostava de fazer longas caminhadas nos desertos da Arábia Saudita e subir até às montanhas. Algumas vezes, guiava jeeps durante horas até encontrar o lugar perfeito para descansar. Mais tarde, segundo me disse al-Yazid, criou inclusivamente o hábito de levar os filhos nesses passeios - mesmo quando ainda eram muito pequenos.
Não podiam beber água até voltarem do passeio, nem sequer pensar em água, conta al-Yazid. Bin Laden queria ensinar os filhos a suportar o calor. Alertava-os para que deviam estar preparados para fazer longas estadias no deserto todas as vezes que o Ocidente atacasse o mundo islâmico.
Durante a estadia dos Bin Laden no Sudão, Osama decidiu que até as mulheres e os bebés deviam experimentar este tipo de treino. al-Yazid contou-me que organizou para toda a família uma noite no deserto: todos tiveram que dormir em buracos cavados no chão, tapando-se com folhas e terra. E ninguém refilou!
Ao todo, Osama teve 6 mulheres e 20 filhos. Três mulheres ainda vivem com ele. al-Yazid confirma que Najwa e 4 filhos, entre eles Omar, fugiram do Afeganistão mesmo antes dos ataques americanos em 2001.
Najwa voltou para a casa dos pais, na Síria e Omar foi para a Arábia Saudita aonde entrou para os negócios da família Bin Laden - que é a dona da maior construtora do mundo islâmico.
al-Yazid disse-me que Osama queria viver com a maior simplicidade possível, segundo os ensinamentos do profeta Maomé. Por isso, a família não podia ligar o ar-condicionado em casa, ou sequer usar o frigorífico. As únicas regalias permitidas eram o fogão a gás e as lâmpadas eléctricas.
As campanhas de Osama contra o luxo fizeram com que proibisse que alguns dos filhos, que tinham asma, usassem medicamentos, diz al-Yazid.
A sua técnica era a de os mandar respirar através de um favo de mel, o que não adiantava muito. Assim, segundo al-Yazid, todos sofriam com crises asmáticas e frequentemente iam parar ao hospital.
As crianças também não podiam brincar com brinquedos - Osama dava cabras aos filhos com que eles pudessem brincar.
Enquanto a família sofria com estas restrições, Osama esbanjava dinheiro comprando carros de desporto. Esta sua paixão começou quando ele tinha 9 anos e pediu um automóvel de presente ao pai (o empresário Muhammed Awad bin Laden), contou-me al-Yazid.
Por incrível que pareça, foi-lhe dado e conduziu-o com a perícia de um adulto até se tornar maior de idade. Mas foi o suficiente para transformá-lo num apaixonado por carros, que trocava todas as vezes que saía um modelo novo.
Quando Omar nasceu, diz al-Yazid , Osama tinha um Mercedes pintado de dourado. Era como se fosse uma carruagem de ouro, lembra al-Yazid.
Perguntei-lhe a finalizar como tudo começou, e ele confessou-me que os Estados Unidos apoiaram os Talibãs.
Os EUA têm interesses no Afeganistão, não só pelo negócio do ópio ( 80% do ópio a nível mundial provem do Afeganistão) mas também porque querem construir oleodutos e gasodutos.
O Paquistão e o Afeganistão suportam cerca de 60% da droga que é enviada para os Estados Unidos.
A União Soviética invadiu o Afeganistão em meados de 1979. Os Estados Unidos, através da CIA, financiaram e treinaram cerca de 100.000 radicais islâmicos que se uniram para expulsar os russos. Conseguiram expulsá-los com apoio dos EUA.
Diz-me, porém, que a verdade é um pouco diferente, pois foram os Estados Unidos que provocaram a União Soviética para que invadisse o Afeganistão. Cinco meses antes da invasão Soviética o presidente Jimmy Carter assinou uma lei dando o apoio político e económico aos afegãos contra os soviéticos. Uma operação secreta da CIA "empurrou" os russos para a armadilha dos Talibãs.
Os talibãs conheciam bem o terreno do Afeganistão, eram por isso os homens indicados.
Bin Laden foi para o Afeganistão em 1980, sendo um especialista em recrutar e treinar mujaidins, tendo ele sido também treinado pela CIA, acrescenta.
Meu caro Manuel, como vês a vida terrena tem destes equívocos. Aqui já nada disto tem importância.
Um afectuoso abraço do teu primo
Luis Bernardo
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