segunda-feira, 30 de julho de 2018

Me cae bien


ovelhas feias


A CONDIÇÃO HUMANA - Blaise Pascal


A CONDIÇÃO HUMANA - Blaise Pascal

É a segunda vez que me desiludo profundamente e com tristeza com sem-abrigos a quem dou dinheiro para fins justos que me pedem, jurando que vão cumprir os propósitos para que me pedem o dinheiro.

Nem é pelo dinheiro: a um foram 40 contos há 15 anos e ontem foram € 20,00.

É por aquilo que PASCAL define como a condição humana com as suas misérias, neste caso.

Drogados, desequilibrados e sem forças prometem o que sabem que não cumprirão.

E é esse incumprimento que me é garantido com os olhos nos olhos e com agradecimentos de lhes dar mais uma oportunidade que mais me dói.

Quem sou eu também para julgar! Se olhar para mim sei que encontrarei promessas não cumpridas.

Mas ontem e na presença de um amigo que foi testemunha, confesso que acreditei. E contei-lhe a primeira desilusão que tive e mesmo assim tendo ouvido tudo o que eu não queria que acontecesse, nem hesitou em repetir.

Fiquei o dia todo a remoer de desânimo...fica-se em baixo.

Fui reler algumas passagens do PASCAL sobre a CONDIÇÃO HUMANA mas não me serviram de consolação.

Porca miseria!

domingo, 29 de julho de 2018

O PENINHA FOI À GRANDE ENTREVISTA DA RTP


O PENINHA FOI À GRANDE ENTREVISTA DA RTP


O Peninha recebeu um convite para ir à Grande Entrevista da RTP e vestiu-se a rigor, com um fato do Rosa & Teixeira azul escuro, uma gravata de riscas do Ragattoni (marca desconhecida que fabrica gravatas para Itália desde a fábrica na Amadora) e uns sapatos da Sapataria Oliveira que já calçou Lisboa inteira. A camisa era uma imitação de popelina suíça com umas iniciais da marca VM (Vítor Manuel).
Chegado aos estúdios foi acompanhado até uma sala de preparação aonde foi maquilhado pela dª Carminda que ao pôr-lhe pó-de-arroz na testa e na cara causou-lhe uma alergia que ficou encarnado que nem um tomate. Disseram-lhe que não podia ir assim para o estúdio e o Peninha foi até à casa-de-banho, lavou a cara e a testa e voltou para o camarim furioso a dizer: - estas mariquices de porem pó-de-arroz aos homens, eu cá na cara e em dias de festa só Ach.de Brito e é para dar um cheirinho a lavander..assim como dizia stander de automóveis.
Foi acompanhado ao estúdio e o operador começou a pôr-lhe o microfone na lapela do casaco e a finalizar a preparação.
- Tudo a postos – gritam da régie. Podem começar!
O entrevistador era o Zé Milhazes pois o de serviço estava de férias e à última da hora foi o único que se arranjou.
Senhor Peninha benvindo à nossa Grande Entrevista e levantou-se e apertou-lhe a mão. O mesmo fez o Peninha que acrescentou: - Obrigado.
ZM: Gostava de lhe perguntar como encara a actual situação política em Portugal?
Peninha: Diga-me uma coisa, posso dizer perante as câmaras e os espectadores o que penso verdadeiramente?
ZM: Claro que sim, estamos perante uma democracia musculada, que aliás me faz recordar os saudosos tempos da ditadura soviética.
P: Ora aí está uma boa dica. Tenho saudades da ditadura do Dr. Salazar: a ordem e disciplina, a obediência cega, não havia comunistas nem partidos a não ser o do poder, havia umas reservas de ouro fabulosas, tínhamos uma guerra no Ultramar…aí era uma chatice, mas os campos estavam viçosos, os ordenados muito baixos, havia iliteracia, nada de segurança social…ai e aquela música da Amália da casa portuguesa…nem se sabia o que era a democracia.
ZM: Ó Sr. Peninha olhe que apesar de não haver censura oficial o Governo não vai gostar destas suas ideias. São muito críticas. Mas olhe, o que pensa do Dr. Costa (do Castelo)?
P: Bem o fado, e Fátima ainda existem, mas a Amália foi substituída pelo futebol. Ai o que eu gosto do meu Sporting e do Bruno de Carvalho.
ZM: Desse patife? Nunca mais vai voltar a ser Presidente.
P: Olhe que vai, ainda limpa aquilo em três tempos.
ZM: Olhe falemos um pouco de sexo. Acha bem esta libertinagem que para aí anda, casas de meninas e de meninos, bares, discotecas e até apartamentos de luxo que custa uma noite para cima de €500?
P: Olhe eu vou dizer-lhe…foi o que mais me encantou na revolução. A liberdade de dar livre curso à fantasia. Eu vou confessar uns fetiches porque me pelo: ai os collants, os soutiens de côr de carne, o mel a descer da boquinha pelo peito abaixo…
ZM: Ó homem cale-se que isso conduz à indecência e a nossa televisão vai cortar estas descrições. Bem fale-me um pouco da sua vida profissional.
P: Sou adjunto do Gabinete de um secretário de um Membro importante. Passa por mim toda a corrupção para a compra do material de guerra: aviões sofisticados, porta-aviões, helicópteros de combate, botas e fardamento…milhões e lá estou eu com as minhas contas de merceeiro – pataca a ti, pataca a mim…
ZM : Bem, bem deixe lá isso e o que faz mais?
P: Sou um homem de mão dos bancos. Implica levantar-me cedo antes da hora de abertura. Vêm aviões privados que aterram num aeroporto privado lá para os lados da Garrett do Estoril, cheios de dólares. Entram aos milhões nos camiões dos bancos e quando chegam à sede, está tudo à espera e são depositados em contas que eles só conhecem.
ZM: Você quer que venha o DIAP interrogá-lo, não?
Nisto o Peninha acorda do pesadelo e nota que está no quarto e na cama de uma senhora desconhecida.
Apresenta-se e diz o nome e acrescenta: - Sonho e falo alto. Espero que não tenha ouvido os meus pesadelos.
A rapariga era francesa e dava umas baldas no Trombinhas, tinha-o apanhado bêbado e tinha-o trazido para o quarto na Pensão Mimosa, de águas correntes quentes e frias, ao Intendente.
Era boa moça, já um pouco flácida de carnes e devota de Santa Filomena.
- Nada, não ouvi nada, dormia a sono solto. Ontem tive uma noite bem remexida de maneiras que estava cansada.
O Peninha, aliviado e exausto do pesadelo, voltou-se para o lado dela que maternalmente lhe ofereceu o peito aonde ele encostou a cabeça e adormeceu como um justo.
Na manhã seguinte quando acordou viu que ela lhe tinha deixado uma nota escrita em francês que dizia: sou amiga da Geneviève Macron…se precisares de alguma coisa, procura-me!
Peninha saiu orgulhoso mais uma vez para a rua e respirando fundo disse bem alto para os ares: - eu sem os meus contactos não seria ninguém.
E de abalada para o Rocio, parou para beber uma ginginha porque à noite tinha que ir aturar a Severa pois o Vimioso estava a banhos em Cascais com a Condenssa…

sábado, 28 de julho de 2018

CARTA AOS FILHOS


CARTA AOS FILHOS

Hoje escrevi a dois dos meus filhos, ao som de boa música. Há muito tempo que os queria visitar por carta e tenho feito isto com todos com frequência ao longo da minha vida. Com temperança, amor, ternura e nunca sobre temas que nos possam eventualmente dividir.
Dos dois lados merecemos tratar do estado do nosso amor mútuo que às vezes anda menos bem polido e a precisar de brilho.
Foi com tanta alegria e orgulho que recebi a chegada de cada um deles, emoção e acho que se há amor que se sente no coração foi este o dos seus nascimentos.
De maneira que é preciso regar as plantas, mantendo-as viçosas e alegres.
De coisas tristes, de problemas que todos temos, ficam fora destas cartas: são francamente de leitura prazenteira e como dizia a minha Mãe, levam uns "saquinhos de amor".
Nada disto é lamechas nem patéticamente sentimental, é a expressão de um amor forte, permanente, seguro.
É no fundo uma apólice de vida que tem como reembolso em caso de necessidade o pagamento do prémio por inteiro.
O objectivo é sempre quando os tenho nos meus braços, chorando ambos ou beijando-nos, sentir essa tal coisa que é tão boa que é o amor.
Os CTT estão fora de moda, mas os e-mails, telefonemas, cartas e sobretudo conversas em locais tranquilos com verde ou mar, comodamente sentados e sem tempo é o que faz que a vida valha a pena.
Lutem por isto que vale a pena!

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Instantâneo

INSTANTÂNEO

Ao telefone do Consulado:
- Monsieur le Consul-Général? voix féminine.
- Oui - je réponds
- Je ne sais pas parler en portugais. Vous parlez français?
- Dans quel langue je vous parle, parbleu....!!!!!!!!! Je vous parle en français. Qui êtes vous?
- J'ai une comadre au Portugal qui m'a parlé de vous. Je souhaite que ma fille qui est cap-vérdienne comme moi, puisse aller vivre au Portugal?????
- Mais je suis le Consul-General de la Sierra Leone????

Lá lhe expliquei que tinha que ir À EMBAIXADA DE PORTUGAL EM CABO VERDE e pedir um visto....não sei se sabe o que é uma Embaixada...
Faz-me lembrar uma história passada comigo quando era pequeno e íamos passar as vindimas à quinta dos meus Avós a Celorico da Beira, à Casa do Paço.
Havia uma farmácia, a botica como se chamava às farmácias de um primo meu Barreiros Cardoso, sobrinho do Cónego do mesmo apelido que albergou o Dr. Salazar no seu Colégio, mas que era monárquico. Formou-se em Coimbra, muito engraçado e respeitado por todos.
Tinha imensas histórias de chorar a rir e um dia entra um tipo a correr na botica e pergunta-lhe ( ele estava a ler o jornal a Voz sentado):
- Tem realejos?
- Ó sua besta isto o que é?
- É uma botica.
- O que se vende numa botica? disse o meu primo furioso.
- Tem para aí tantas caixas.....respondeu o outro...ahahahah...grande alimária.
Lembrei-me da pergunta se eu sabia falar francês estando a falar com ela na língua de Molière...grande besta!

Conto Breve

CONTO BREVE

A D.Adozinda morava no prédio da Versalhes, no segundo andar. Tinha vindo ainda a tempo de África, de Moçambique e o Sr. Amílcar, esforçado dono de uma grande estância de madeiras, tinha feito uma sólida fortuna.

Volveram à Metrópole nos seus cinquenta e com dois filhos a quem deram uma esmerada educação. Andaram nas melhores escolas e seguiram um a carreira de político o outro entrou para os jesuítas.
Mas tudo isto fica para outro dia pois o político, o Daniel tornou-se um corrupto e se não for preso é uma sorte. O Jesuíta, o Paulo Miguel, perdeu a vocação e casou-se com o sacristão da paróquia de Lemos-o-velho, no Minho para aonde foi mandado pastorear umas almas.

O que é facto é que compraram este andar estupendo na Av.da República e o Sr.Amílcar já reformado passava o tempo na Versalhes a comer, a beber e a ver passear as donzelas e um dia teve um AVC pois estava enorme e morreu.

Hoje o que me interessa é narrar que vi a D.Adozinda de canadianas a sair com dificuldade pela porta da entrada: está forte, velha de uns seus oitenta e tal anos, mas o ar de África dá-lhe forças para não ficar em casa numa tarde destas.

Está acompanhada pela porteira que a vai ajudar a dar uns passos na Avenida.

Bem arranjada, com brincos e um vestido estampado de seda.

De repente o olhar dela fixa-se por um momento no meu e consegui ver bem fundo um cansaço para além do físico em mover -se, o da consciência da sua velhice.

Triste este estado em que as glórias do passado, seja ele qual tenha sido, secam e entopem as energias e provocam nos outros um ar de piedade.

Ficando deprimido mandei vir uma "duchese" com cobertura de caramelo no ponto e chantilly.

Bem fez o Amílcar que morreu empanturrado de boas vistas e de qualidade de bolos.

Com papas e bolos se enganam os tolos.

sábado, 21 de julho de 2018

CARTA AO MEU PRIMO LUÍS BERNARDO - Dom João II


CARTA AO MEU PRIMO LUÍS BERNARDO

Resumo: Imaginem vocês que recebi uma carta de um primo que já morreu há vários anos e que me chegou à caixa do correio. No meu blogue está tudo explicado e as cartas anteriores trocadas foram abundantes. Creio ser o primeiro ser humano a ter verdadeiramente notícias reais, de além-túmulo. Deixei passar algum tempo para cair bem em mim, mas finalmente aparece alguém a explicar como tudo se passa. Aliás, nunca percebi porquê tantos mistérios!

Meu Querido Luís Bernardo,

É uma vergonha de que te peço as maiores desculpas, de não te escrever pelo menos há uns 6 meses.

Tenho tido uma vida atribulada para conseguir fazer frente ao Governo de esquerda e ao mesmo tempo ir montando paulatinamente um movimento que surja á luz do dia para se opor, concorrer a todas as eleições e ganhar.

Será um partido de apoio a Sua Majestade, o Senhor Dom João II, cognominado de o “Príncipe Perfeito”.
Foi rei da Segunda Dinastia e o decimo terceiro Rei de Portugal, era filho de Dom Afonso V, rei de Portugal e de Dona Isabel, rainha de Portugal, que nasceu em Lisboa a 05 de Maio de 1455 e morreu em Alvor a 25 de Outubro de 1495, e está sepultado na Batalha, no Mosteiro da Batalha, e casou com Dona Leonor com quem teve como descendentes legítimos: Dom Afonso e teve como descendentes ilegítimos: Dom Jorge.

Começou a governar em 1481 e terminou em 1495. Ainda muito jovem, foi incumbido pelo pai, Dom Afonso V, da regência do reino, enquanto este se ocupava das conquistas no Norte de África. Em 1471, Dom João II participou na expedição a Arzila, onde ganhou fama de valente. Quando Dom João II subiu ao trono, em 1481, queixava-se de que o seu pai apenas o deixara rei das estradas de Portugal. Queria ele dizer, de uma forma exagerada, que praticamente todo o país estava nas mãos da nobreza. A política de Dom João II foi muito diferente da de seu pai. Tudo fez para tornar mais forte e incontestada a sua autoridade de rei. À Casa de Bragança, acusada de traição na pessoa do duque Dom Fernando, que foi sentenciado à morte, foram-lhe confiscados todos os bens. Mas as acusações e mortes não pararam por aqui. Foram muitos os que não escaparam à pesada mão da «justiça joanina». Mas a grande prioridade do seu reinado foram as descobertas marítimas.

Aos descobrimentos efetuados sob a orientação de Dom João II, entre 1474 e 1495, é costume chamar «Descobrimentos joaninos». Foi uma época muito diferente da anterior, porque as viagens passaram a obedecer a um plano preestabelecido e tinham um objetivo último – a Índia.

Dom João II elaborou um projeto de expansão tão bem estruturado, tão complexo, tão ambicioso, que ainda hoje nos deixa mudos de espanto. Os seus planos abrangiam vários domínios e estendiam-se como tentáculos de um polvo gigantesco. No Norte de África, manteve e ampliou a presença portuguesa, acrescentando às terras herdadas de seu pai a praça de Azamor. Mas não se limitou ao domínio militar de uma zona que em princípio só dava honra e despesa. Procurou fazer negócio com os mouros e obter ali produtos utilizáveis no comércio com os povos da costa ocidental africana, para onde continuou a enviar Caravelas.

A segurança nos caminhos do mar foi uma das suas grandes preocupações. Por isso mesmo apoiou a náutica astronómica. Queria que se encontrasse um sistema prático, eficaz, de orientar a navegação. E equipou os navios com artilharia, para que pudessem defender as rotas, os homens, as mercadorias. E, consciente de que a defesa era tão importante em terra como no mar, mandou construir um castelo em São Jorge da Mina e povoar as ilhas de S. Tomé e Príncipe, portos privilegiados para acolherem navios na -viagem de regresso. Sob sua orientação o comércio marítimo floresceu. Fundaram-se diversas feitorias, onde os portugueses recolhiam produtos variados, que descarregavam em Lisboa na Casa da Guiné e da Mina. No entanto, o seu grande projeto era a Índia. Tinha informações sobre as dimensões do globo e decidira atingir a terra das especiarias contornando a África. Assim, ser-lhe-ia possível substituir os mouros e os italianos no comércio com o Oriente.

Às expedições regulares que enviava aos centros do comércio no litoral africano somaram-se outras com a missão concreta e definida de procurar a passagem para o Índico. Primeiro, Diogo Cão. Depois, Bartolomeu Dias, que de uma forma algo inesperada fez a vontade ao rei. Dom João II, certo de que mais tarde ou mais cedo os navios portugueses chegariam ao Índico, enviou mensageiros por terra a fim de averiguarem tudo o que pudesse facilitar o arranque e o encontro final. Desta viagem, efetuada por Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã, segunda tentativa no género, resultaram informações precisas sobre a navegação no Índico, sobre o comércio na Índia e sobre o tal reino cristão – o do Preste João – que se dizia existir e que existia mesmo na costa oriental de África. A morte veio surpreendê-lo demasiado cedo e não lhe deixou acabar quanto começara. 

Só no reinado seguinte, já sem dificuldades de maior, os portugueses atingiram a Índia.

Puderam também continuar a navegar no Atlântico sem concorrência graças à força e ousadia com que Dom João II impôs condições na espantosa partilha do novo mundo que os países ibéricos se sentiram no direito de fazer, quando assinaram o Tratado de Tordesilhas.


Se encontrares no Paço alguém que te apresente ao Rei, confirma com ele estas minhas informações.
Temo que na assinatura do Tratado de Tordesilhas haja uma nova versão.

Um beijo grande aos meus Pais e Avós e diz-lhes que estamos ansiosos por receber notícias deles.

Um abraço apertado e amigo do teu primo muito afeiçoado

Manuel




quinta-feira, 19 de julho de 2018

instruções muito úteis

Cliente – Estou!
Vodafone – Está? Estou a falar com o senhor Nuno?
Cliente – Sim...
Vodafone - Sr. Nuno, como vai? Aqui é da Vodafone e estamos a ligar para lhe apresentar a promoção Vodafone 1.382 minutos, que oferece...
Cliente – Desculpe (interrompe), mas com quem estou a falar?
Vodafone - O sr está a falar com Natália Bagulho da Vodafone. Eu estou a ligar-lhe para...
Cliente – Natália, desculpe-me, mas para minha segurança gostaria de conferir alguns dados antes de continuar com a nossa conversa, pode ser?
Vodafone - ...Sssssim, pode...
Cliente – A Natália trabalha em que área da Vodafone?
Vodafone - Telemarketing Pró-Activo.
Cliente – E tem número de funcionária da Vodafone?
Vodafone - Desculpe, mas não creio que essa informação seja necessária.
Cliente – Então terei que desligar, pois não estou seguro de estar realmente a falar com uma funcionária da Vodafone.
Vodafone - Mas eu posso garantir...
Cliente – Além disso, sempre que tento falar com a Vodafone sou obrigado a fornecer os meus dados a vários interlocutores.
Vodafone - Tudo bem, a minha matrícula é Vodafone -6696969-TPA.
Cliente – Só um momento enquanto verifico.
Cliente – ...??? (Dois minutos mais tarde) - Só mais um momento, por favor.
Vodafone - ...??? (Cinco minutos mais) - Estou sim?
Cliente – Só mais um momento, por favor, estamos muito lentos hoje cá por casa.
Vodafone - Mas, senhor... (Um minuto depois)
Cliente – Pronto, Natália, obrigado por ter aguardado. Qual é mesmo o assunto?
Vodafone - Aqui é da Vodafone, estamos a ligar para oferecer a promoção Vodafone 1382 minutos, pela qual o Sr. fala 1.300 minutos e ganha 82 minutos de bónus, além de poder enviar 372 SMS totalmente grátis. O senhor estaria interessado, Sr. Nuno?
Cliente – Natália, vou ter que transferir a sua ligação para a minha mulher porque é ela quem decide sobre alteração de planos de telemóveis.
Por favor, não desligue, pois a sua chamada é muito importante para mim...
(Pousa o telemóvel em frente ao leitor de CD´s, coloca a música a tocar em repeat mode e vai beber um cafézinho...)
Válido não só para a Vodafone: pode experimentar com a TV CABO, Clix, Optimus, Cabovisão, etc...

domingo, 15 de julho de 2018

TEMOS O QUE MERECEMOS

TEMOS O QUE MERECEMOS

Andei hoje a flanar por Lisboa, umas vezes a pé outras de carro. Passei no Chiado, Amoreiras, Avenida da Liberdade, na Rua da Escola Politécnica, no Príncipe Real, e junto ao Tejo.

Bastantes turistas de várias idades e parecendo genuinamente estarem bem dispostos e a gostarem do que viam.

Portugal tem grandes e sérios problemas por resolver e não chega dizer-se que Costa está quase na maioria absoluta em sondagens de ontem. O povo apesar de se dizer que é sábio, é trouxa e é bem enganado com promessas incumpridas e por descrições cor-de-rosa que não correspondem à realidade do dia-a-dia.

Claro que melhorámos em várias coisas, seria desonesto negar, mas sendo Portugal um país pobre e sem suficientes fundos para fazer face a todos os problemas existentes, de que serve Costa ganhar, se não tem uma varinha mágica para fazer dinheiro ou resolver os problemas?


A direita portuguesa não existe de facto e não tem nem impacto nem relevância junto do povo eleitor, que é o que importa. Não há, sérias alternativas a Costa, pois a maioria dos bons profissionais e quadros com excelência, preferem ficar em casa e nas empresas privadas que pagam bem, do que servir o país. Esta é a verdade crua e dura.


Por tanto não nos queixemos! A culpa é nossa!

quarta-feira, 11 de julho de 2018

O PENINHA ESTÁ EM MOSCOVO

O PENINHA ESTÁ EM MOSCOVO

O Peninha lá arranjou umas massas para ir a Moscovo, pela ERITREIA AIR LINES, para assistir aos vários jogos.

Escolheu esta companhia aérea porque viu na internet que praticava uns preços imbatíveis, mas não pensou no risco que corria. Para já ao levantar voo da Portela e já no ar a aeronave começou a "gaguejar" e os motores a funcionarem mal e teve que fazer uma aterragem de urgência no aeroporto do Montijo.

Peninha com o seu espírito prático, quando saíram do avião para ser inspeccionado, andou a miroscar o futuro novo aeroporto, fez perguntas aos militares, e quando regressou ao avião tinha-se tornado um "especialista" do novo aeroporto.

Chegado a Moscovo, tinha lá um primo comunista do tempo do Cunhal, bem estabelecido na vida, com um belo apartamento coladinho ao Kremlin e desempenhara até à reforma funções no KGB.

Dissera mesmo ao primo Peninha que estava algumas vezes com o Putin quando ele ao Domingo vinha tomar o pequeno-almoço ao café Putschkin que era logo ali entre o Kremlin e a sua casa.

Peninha começou a gizar um plano para poder encontrar-se com Putin. O primo abria-lhe as portas para ele se poder aproximar, mas depois teria que ter uma razão forte para o interessar e fazê-lo ter uma conversa minímamente aceitável e produtiva com ele.

Matutou, matutou até que fez um elenco daquilo que se dizia Putin mais gostar:
1. mulheres
2. dinheiro
3. poder
4. lixar os inimigos
5. ser respeitado internacionalmente

Ora tudo isto misturado dava um cocktail explosivo.

Quanto a mulheres, lembrou-se da Palmira da Graça, com um rabo bem feito e um peito arfante e um palminho de cara bem atractivo. Estava resolvido. Mandou pedir por WhatsApp uma boa fotografia da Palmira, meia descascada e assim asseguraria a oferta.

No que se refere a dinheiro, sendo um teso, no entanto conhecia um vereador de uma Câmara comunista que ganhava guita pra xuxu, com corrupções, e que a troco de uma fotografia do Putin assinada " para o Vitor com amizade democrática" - sim, porque o Putin não conhecia o Vitor nem dos eléctricos - podia desviar os fundos para a construção de um lar para idosos - que se lixem os velhos, vão morrer quer queiram quer não - e assim o segundo requisito estava cumprido.

Quanto ao poder, iria propor a Putin que organizasse uma revolução em Portugal, corresse com o Costa e o Marcelo, fechasse o Parlamento e se tornasse o único Chefe do Estado absolutista da Europa, governando Portugal como um ditador. Acho que ele ia gostar, tanto mais que não seria difícil de arranjar apoios da direita pois está tudo furioso com o status quo.

Lixar os inimigos, era de imediato: apresentava-se-lhe o Bruno de Carvalho que seria recambiado para a Sibéria para perder o pio e as ideias de voltar ao Sporting. O frio enregela e faz milagres.

Ser respeitado internacionalmente já seria mais complicado mas essa era uma tarefa que incumbiria a um nosso querido e estimado Embaixador do MNE, que lhe proporia um plano da "pólvora".

Peninha partilhou com o primo comunista, amigo e antigo colega do Putin no KGB e este achou tudo bem. Não admira porque por ser estúpido nunca passou de mau canalizador do Partido no KGB, longe de perceber de torturas e perseguições e de grandes estratégias de espionagem. Foi mandado para casa mais cedo pois como imbecil que era, atrapalhava mais do que ajudava.

Combinou-se o dia e Peninha tinha trazido uma boina da Marinha Grande à operário do ramo dos vidros, um lenço encarnado que encontrou numa das gavetas da Adelinha, depois dela morrer, um fato de macaco e uns sapatos à associativo como usava o Durão Barroso na Faculdade, quando era do MRPP.

Qual não é o espanto dos dois quando viram Putin entrar no café, de fato cinzento claro de seda de corte italiano, uma gravata de riscas do YSL, uns sapatos bicudos daqueles de matar baratas ao canto em crocodilo preto, um lenço de seda no bolso de cima do casaco e perfumado com a última água de colónia do Hugo Boss. A camisa impecável branca com um monograma com as letras WP bordadas e encimadas com a águia e coroa imperial. Um verdadeiro Tsar!

Olhou por cima da burra para o primo do Peninha e no meio de um croissant chamou-o e fez-lhe perguntas banais para matar o tempo. Às tantas o Vitor falou-lhe do Peninha e Putin disse para ele se aproximar. Saudaram-se e Peninha teve a certeza que tinha vestido o traje errado.

O primo foi traduzindo as ideias e propostas do Peninha que nem mereceram o olhar de Putin que ouvia distraído ao mesmo tempo que lia o Pravda.

Quando Peninha falou da Palmira, aí sim, Putin mostrou-se interessado. Peninha mostrou-lhe a fotografia e Putin miroscou, olhou, voltou a olhar e perguntou:
- Tem um rabo grande?
Ora Peninha não fazia a menor ideia e ousou mentir e disse que sim.
- Óptimo - disse Putin - vai para modelo das matrioskas.

E saindo de sopetão, entrou numa limusina espantosa que arrancou na esguelha.

Peninha ficou descorçoado pois tinha já sonhado com uma parceria com Putin.

Lá se foi tudo: a revolução que tanto jeito dava, o afastamento de vez do Bruno de Carvalho, as corrupções municipais, enfim o sonho de ser importante.

Nesse dia Portugal perdeu e Peninha voltou a Portugal no primeiro avião que apanhou. Comprou o bilhete e vagamente ouviu dizer que tinha uma paragem em Lisboa e que depois seguia para a Venezuela.

Peninha estava tão cansado que adormeceu profundamente durante o voo.

Quando finalmente acordou com o avião prestes a aterrar, ouviu estremunhado e em pânico: - benvindos a Caracas!

Um sarilho!

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Instantâneo no Chiado


INSTANTÂNEO

Rua Garrett. Vitaminas que é aonde era o antigo Picadilly. Estava a comer uma salada excelente com camarões e salmão. Os clientes sentam-se indistintamente em mesas comuns ao lado de desconhecidos.

Nos lugares junto ao meu, um casal novo de portugueses giraços talvez com os seus vinte e tal anos.

Ela loira de olhos verdes estava do outro lado da mesa de frente para mim. Peitinho de rôla e mãos bonitas. Ele com muito cabelo (inveja) castanho claro e também com mãos finas. De resto não o olhei nos olhos nem lhe vi o peito...ahahah...mas era fit, mais do que eu.

- queres logo? - perguntou ele.
- quero - disse ela.
- venho do ginásio e vou directo para a cama ter contigo - disse ele.
- hummm disse ela. eu estou nua à tua espera - disse ela.


Entretanto esquecidos do mundo entrelaçavam as mãos e olhavam apaixonados um para o outro.

O pudor impede-me de transcrever o programa detalhado que ouvi. Devo dizer que deve ter sido ou dos camarões ou do salmão que causaram uma impressão interior e exterior, mas estava muito excitado.

Tendo eu terminado a salada e havendo mais clientes á espera de lugar tive que me levantar e como tinha ido à Férin comprar umas revistas, tinha um saco de plástico que me ajudou quando abandonei a mesa.

A única coisa de que tive pena foi de não ter ouvido bem a morada deles, mas pareceu-me que sussuraram a palavra roubado e bem podia ser no Senhor Roubado, mas inclinei-me mais para um beijo roubado que foi o que ele lhe fez descaradamente na boca em pleno restaurante Vitaminas, no Chiado, aos 5 dias do mês de Julho no ano da graça de dois mil e dezoito.

terça-feira, 3 de julho de 2018

O meu novo livro – algumas dicas – “As coisas e os Contos"



O meu novo livro – algumas dicas – “As coisas e os Contos”

Como se sabe é preciso tempo, vontade e pesquisa para se escrever um livro. Este título que escolhi revela a minha vontade de passar a contos breves o resultado de coisas que foram acontecendo, sem ordem especial e com toda a liberdade de as transcrever. Umas vezes verdadeiras, outras inventadas, outras desejadas, outras falhadas e finalmente outras que as trago dentro de mim.

Longe de querer fazer uma autobiografia, mas nas suas páginas perceber-se-á quem o autor é e o que pensa e no que participou na sua variada e às vezes invulgar vida.

Concentrar-me-ei sobre factos-coisas e de uma forma leve e sistemática tentarei organizar as ideias em contos compreensíveis e legíveis.

‘If you are expecting someone to come to tea but you’re not going to be there, they may not come, and if I were them, I wouldn’t come. So, writing a book is about receptivity and being home when your guest is expected, or even when you hope that they will come.’

Alice Walker

Vou passar umas semanas á Provence, em França, em casa de amigos, e se as randonades de castelo em castelo não forem exageradas, talvez encontre uma sombra acolhedora debaixo de uma velha árvore para escrever.

2 de Julho de 2018