terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O PENINHA FOI PARA UMA LONGA HIBERNAÇÃO




O PENINHA FOI PARA UMA LONGA HIBERNAÇÃO

O Peninha foi numa excursão do Inatel até à Islândia e aproveitando a estadia apanhou boleia de uma expedição de cientistas que iam para o Ártico, no Polo Norte.

Não achou nada de especial ver a aurora boreal que era o motivo da excursão, até porque estava numa sauna macaca e bêbado de todo com schnapps que como se sabe contêm um teor de 32% de álcool.

Mas ressacou, indagou como poderia integrar a expedição e foi aceite a bordo como cozinheiro.

Trabalhou e fez pratos portugueses para a tripulação, conquistando-a com o saboroso bacalhau à Zé do Pipo, à Gomes de Sá e até uma receita que inventou, dando-lhe o nome do saudoso e admirado Presidente da República. Chamou-o de bacalhau à Marcelo.

Os tripulantes fora das horas de serviço bebiam à grande vodka e tinham visões fruto do álcool, misturado com o reflexo do Sol no gelo dos icebergs. Chamavam o Peninha e apontavam para o horizonte gelado dizendo regalados: “ look at those naked blond girls…the boobs dear god” e o cozinheiro que não estava bêbado nada enxergava.

De vez em quando lembrava-se da Adélinha que deixara em Lisboa e com quem não comunicava há 2 meses, devido à viagem e confessara-lhe que não se entendia com o WhatsApp.

O navio lá foi singrando e uma certa manhã avistaram o acampamento no gelo aonde os cientistas permaneceriam. Grande alegria e amistoso acolhimento. Desempacotaram as vitualhas e o equipamento e foram jantar na tenda principal.

Quem cozinhava era o chef do acampamento e a ementa era sopa de urso polar velho, coxinha de foca au gratin acompanhada de bróculos descongelados. A sobremesa tinha-a oferecido o Peninha e eram gelados dos Mosqueteiros, aquela cadeia de supermercados baratucha, e vinham em 3 caixas de 10 cones de baunilha. Peninha lembrou-se de repente que em vez de gelados que eles tinham a facilidade de comer pelo clima do Àrtico, deveria ter trazido pastéis de nata da d. Ermelinda do Senhor Roubado, que são muito gabados por toda a gente. Paciência, que estupidez, dizia para consigo!

No dia seguinte partiam uns trenós puxados a cães que iam visitar uma aldeia de igloos um pouco afastada do acampamento. Alguns dos cientistas iam passar 8 dias para interagirem com as famílias dos esquimós e tentarem perceber os costumes, credos, e a língua.

Peninha estava entufado num casaco de pele de urso polar branco que lhe emprestaram e até tirou uma fotografia com o grupo.

Lá partiram uma manhã bem cedo e ainda levaram parte do dia num deserto de gelo guiados pelas trilhas dos cães.

Avistaram a aldeia dos esquimós que era assim do tamanho, vá, de metade do Senhor Roubado.
Receberam-nos o chefe da tribo e família, composta por duas filhas novas e sorridentes bem como o curandeiro e demais esquimós.

Peninha ficou num igloo espaçoso e luxuoso e com um quarto com uma cama de casal e com tudo o que precisava incluindo uma casa-de-banho ao lado. Deitou-se a dormir ferrado pois estava exausto.

Na manhã seguinte acordou ao som de uma voz feminina que o abanava devagarinho e com um belo sorriso. Apontava para ela própria e dizia. “my name is Nafta” e fazia com a cabeça como que a perguntar o nome do seu interlocutor. Ele pôs-se de pé e cerimoniosamente disse: “Peninha Duarte Rafael de Menezes e Trompa de Cabidela e Silva”, muito prazer.

Grandes sorrisinhos e mais não disseram. Peninha saiu do igloo no que foi seguido por Nafta e foram ao encontro do Chefe da Tribo que dizia umas quantas palavras de inglês. Chamou uma outra menina esquimó que apresentou como “Name is Lina” and the two “Naftalina” e riu-se muito. Peninha também e disse em português corrente: lá na minha terra antigamente havia uns pregões que diziam – olhó esquimó fresquinho – e ambos riram-se muito.

Peninha tinha ficado com os olhos presos na Nafta e reparou que teria uns 25 anos, muito bem feita de corpo que notara quando o acordou e estava sem abrigo e com um detalhe que o enchera de erotismo: tinha dois ossos de baleia muito pequeninos a fazer de piercings nas pontas dos dois seios que eram bem rechonchudinhos.

Fez uns gestos, como quem diz, gostava de ir dar uma volta e Nafta pressurosamente pegou-lhe na mão mas eis senão quando a Lina veio do outro lado e também lhe deu a mão. Peninha ficou encantado mas elas entrombaram….até nos polos há ciúmes!

Os trajes delas eram o seguinte: umas botas fofas de pele de urso que pegavam com uma espécie de fato-de-macaco inteiro forrado de mais peles macias e com um capuz também pegado como se vê nas fotografias dos esquimós. Só que, ao nível do peito e quando estava sol que era o caso, tinham uma espécie de botões que desabotoavam deixando ver “os alvos peitos branqueando”.

Peninha lembrou-se das dunas de areia do Guincho, só que estas eram de gelo mole e começou nuns jogos do empurra, escorrega e vai parar em cima de quem….

Quando chegou o fim da tarde o Peninha tomara uma decisão: casaria com as duas e ficaria para sempre ali a viver. A Adélinha que se lixasse, ele abria um restaurante de comida portuguesa, com fumeiros, um forno de lenha, faria petiscos com quiçá outros ingredientes….óleos de baleia, carnes de foca e até algum bacalhau que as tripulações trouxessem from time to time. Quanto ao vinho entabularia contactos com a Aveleda, José Maria da Fonseca, Portugal Ramos, Mouchão, Esteva enfim tudo do melhor e que o fizesse sentir-se como no seu país.

Despediram-se muito uns dos outros com risinhos e beijinhos depois de um jantar bem regado a vodka.

Peninha voltou para o seu quarto que era muito quente e já um pouco habituado ao clima estendeu-se nu na cama e acendeu o fogão de óleo. Reparou que na parede branca do quarto aparecia assim como se fosse um pau esticado, grande e com uma forma conhecida. Só pensava na Nafta.

Passado uma boa meia-hora tocam devagarzinho à porta e abrindo-a devagar, entra de mansinho uma figura de mulher que lhe faz shiu….

Era Nafta que tendo deixado o abrigo fora na entrada, lhe apareceu envolta numa camisa de noite leve e transparente deixando ver o seu corpo escultural.

Aproximou-se da cama e tirou a roupa e Peninha ainda conseguiu ver um nome da marca que dizia “Lavores Femininos – Rua do Ouro”.

Fizeram marmelada toda a noite, de todo o tipo de dióspiros, de marmelos, de maçã e acordaram os dois muito agarradinhos na manhã seguinte. Ainda lhe deu uma palmada no rabinho redondo enquanto ela punha de novo a roupa e fugia como uma garça da neve….ahahah…pela porta.

Quando se aprontou, decidiu falar com o chefe da expedição e pedir-lhe que usasse o intérprete para manifestar ao chefe da tribo que se queria casar com a “Naftalina”…logo as duas ao mesmo tempo.

Levou tempo a convencê-lo mas depois de muita conversa, Peninha prometeu que mandaria vir um dote generoso de Lisboa no vapor seguinte e que queria estabelecer-se.

Enviou por rádio uma mensagem à Adélinha dizendo que tinham ficado incomunicáveis devido ao mau tempo numa aldeia de esquimós mas que voltaria quando pudesse.

Em Lisboa, Adélinha ficou furiosa pois nem sequer um beijo à francesa ele mandava e desconfiou de marosca. Informou-se, e aprontou uma ida no próximo navio a pretexto de que queria ir ver o marido.

(segue)

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