segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

ISTO DA FÉ TEM QUE SE LHE DIGA


ISTO DA FÉ TEM QUE SE LHE DIGA

Vi e publiquei no fb a reportagem da RR sobre o agradecimento do Papa Francisco ao Pe.Tolentino que foi pregar para vários Cardeais e Bispos e Padres em Itália.

Para além de sentir sempre uma comoção grande quando oiço o Papa falar de coisas tão importantes sobre o nosso percurso como cristãos, com uma voz doce e simples e com reflexões cheias de bom-senso, lógicas e naturais, deixa-me sempre atrapalhado quando realizo como hoje em dia estou mais profano, ainda que mais desprendido, e não tento aceitar com arrogância intelectual e argumentações “racionais” aquilo que a Igreja a que pertenço, umas vezes de uma forma mais difícil de entender e quiçá fruto de cada tempo de cada Papa e que na minha sensibilidade de fiel me contraria e não se torna evidente, e ao invés aproveitar a subtileza da prática tão bem VIVIDA e EXEMPLIFICADA pelo Papa Francisco, em haver uma esperança de encontrar Deus no fim da minha vida, esse Deus não visível.

Fui educado num Colégio religioso e sobretudo por Pais com uma fé serena, mas inabalável. Tinha discussões danadas com a minha Mãe sobre princípios ou decisões da Igreja a que eu contrapunha argumentos simples, mas evidentes a que a minha Mãe, sempre honesta, ou não respondia ou me dizia para rezar mais e que seria inspirado a ver a respectiva razão. Um minuto depois era como não tivéssemos discutido com fragor, mas sempre com respeito mútuo, aliás. Sempre fomos assim sobre tudo e nunca deixámos de gostar muitíssimo um do outro.

Claro que eram coisas de famílias grandes como a minha em que se vivia e praticava mais e se discutia menos. O meu Pai, trabalhando como cirurgião e director do IPO, tinha mais preocupações em salvar vidas do que discutir com um fedelho. Nada que não se interessasse nem o quisesse fazer, mas eu calava-me quando excepcionalmente dava uma explicação porque estava com uma cara triste: já sabíamos ou que tinha morrido um ou uma doente ou que tinha feito cirurgias terríveis a pessoas mais novas. Disseram-me tantas vezes Enfermeiras-Inspectoras que era visto na Capela do IPO antes das operações em recolhimento. Era tão querido e fazia isto sem se evidenciar porque queria pedir forças para o que ia empreender cirurgicamente.

Ouvi e ainda oiço dizer (este foi por exemplo um dos temas de conversa com alguns dos convidados na mesa aonde fiquei no jantar do casamento de Sábado) que a FÉ é um dom. Fácil de dizer e ficar-se por aqui. É admirável por um lado que haja tanta gente que não discute e aceita sem mais.

O Papa Francisco consegue com a sua doutrina humana e honesta em relação às pessoas e coisas fazer-me ter essa fé, que para mim não é um dom, é bem difícil e que resulta pura e simplesmente porque acredito no que o Papa diz em que acredita.

Se se atentar bem, o Papa divide a sua pregação em dois grandes sectores: o espiritual, doutrinário o de sempre da Igreja em que não mexe uma vírgula nos princípios sagrados, nem nenhum outro Papa antecessor mudou; e a parte “administrativa” que se chama do direito canónico e que tem a ver com o aggiornamento do tempo e das circunstâncias em que vivemos, tudo em consequência e posteriores adaptações após o Concílio Vaticano II.

Tive que refrescar a Teologia, quando fui Juiz Leigo do Tribunal da Rota de Lisboa ( de anulações de matrimónios) e como já tenho dito outras vezes, há imensas dúvidas e interpretações que os fiéis fazem que estão respondidas há séculos nos documentos da Igreja (englobando Encíclicas, Concílios, Exortaçóes Apostólicas, teólogos e doutrina).

O problema é que há muita ignorância dos fiéis e está tudo à disposição e de fácil acesso.

Se repararmos no Budismo, no Maometismo e em religiões seculares e seguidas sem interrupções, não mudam uma vírgula e por isso são radicais e extremistas e até violentas quanto ao não cumprimento rigoroso e à letra dos princípios estabelecidos pelos seus Fundadores. São imutáveis.

Para terminar este apontamento sobre a FÉ e o Papa e no fundo sobre tudo quanto na religião cristã nos é aconselhado a fazer e seguir, apetece-me citar dois incréus conhecidos, um mais do que outro nas suas dúvidas.

Einstein que era ateu ao se aproximar a morte foi-lhe perguntado se sendo dos homens mais inteligentes do mundo, não se quereria converter e o que faria se de facto Deus existisse? Respondeu, sinceramente, que seria uma óptima surpresa!

Jean d’Ormesson acabado de morrer há dois meses e já velho dizia que era um ateu-cristão e que tinha a certeza que quando morresse teria a confirmação do desejo que sempre exprimiu de se encontrar com Deus.

Tanto para reflectir e saber triar o essencial do acidental, mas temos um bom pastor e guia que é o Papa Francisco.

Assim Deus nos ajude a encontrá-Lo.

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