segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O PENINHA E A POSSE DE DONALD TRUMP


O PENINHA E A POSSE DE DONALD TRUMP

O Peninha tem um primo que emigrou para os Estados Unidos. Chama-se John e é comerciante em New Bedford. Exerce um cargo político nas estruturas locais do Partido Republicano.

O Peninha lembrou-se de lhe pedir se lhe arranjava uma entrada para o recinto da posse de Donald Trump junto às escadarias do Capitólio. Recebeu no Sábado o dito convite e alvoroçado foi a uma agência de viagem para marcar o voo para Washington.

O primo pediu-lhe que se preparasse para responder a algumas perguntas sobre o programa do Trump, para o caso de ser entrevistado e assim Peninha, começou a ler jornais e revistas e a ouvir as entrevistas na televisão que o Presidente-eleito deu nos últimos tempos. Começou a alinhar as seguintes conclusões:

- Trump não detesta tanto assim o Presidente Obama;

- Trump acabou por ficar com simpatia por Hillary Clinton;

- quanto ao Obamacare é errada a ideia de que o abomina, vai melhorá-lo (é um pretexto para dizer que o vai extinguir) e está a pensar convidar o ex-Presidente Obama para ficar à frente do novo plano, sendo muito bem pago;

- está preparado para a primeira visita de Estado ao Kremlin para contactar o Presidente Putin e tornar-se amigo do peito, até porque gostam ambos muito de vodka, o que já é um bom começo;

- vai financiar ainda mais a NATO e a ONU ( bom para Guterres);

- com a China, vai aumentar o comércio bilateral e aceita que Taiwan não é um país independente;

- com o México, afinal já não vai construir o muro e conta com a ajuda dos mariachi para distrair os eventuais emigrantes ilegais de salto;

- tenciona pôr a família o mais que é possível em cargos de confiança pois assim assegura o controlo do poder.

Estas foram algumas das linhas mestras que Peninha afivelou, mas nada quis dizer ao primo, para que quando fosse entrevistado fazer um brilharete. Orgulho da família!

Decidiu partir no Domingo para os USA e preparou a mala:

Levava como traje para assistir à cerimónia, um smoking aveludado de lilás, com um colete amarelo de cetim, umas calças de bombazina de cor de vinho escuro a dar ton sur ton com o smoking. Sapatos não podiam deixar de ser de verniz caramelizado. A camisa, branca lisa, com os colarinhos revirados aonde poria um papillon de pintas amarelas sobre um fundo azul. Na cabeça e por causa do frio, um boné à Tonicha. Levava, mais uma vez, a capa à espanhola pois seria sempre conveniente, não fosse o tempo esfriar.

Foi para o aeroporto e estava entre cansado, nervoso e muito excitado. Não percebia nada do aeroporto e das portas pois desde há muito que não viajava de avião e tudo estava mudado para melhor, pensou!

Foi ao bar, tomou uma pastilha para dormir e quando viu toda a gente embarcar pôs-se atrás e seguiu-os sem cuidar de mais nada, pois já estava até meio adormecido.

Muitas horas depois acordou com a hospedeira a tocar-lhe no braço e a dizer-lhe que era tempo de sair do avião.

- Já chegámos a Washington? – perguntou contente, pois a pastilha tinha sido eficaz.

- No Señor, estamos en Caracas. El vuelo era Lisboa, Washington, Caracas. 

O Peninha tinha falhado a escala! Porra!

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