domingo, 26 de junho de 2016
sábado, 25 de junho de 2016
O PENINHA E O SÃO JOÃO
O PENINHA E O SÃO JOÃO
O Peninha tinha estado na véspera do S.João no Porto, com um
olho no peixe e outro no gato, ou seja brincando com os foliões e olhando para
as notícias a ver o que dava o referendo em Inglaterra.
Mais a mais estando lá o seu querido Presidente Marcelo,
apostara que lhe havia de dar com um alho porro, pois dava assim um ar de maior
intimidade. E lá se misturou na multidão, desta vez com um traje mais discreto.
Foi-se aproximando, aproximando e no meio da multidão chegou
bem perto. Tinha na mão um martelinho de plástico do S.João que tinha comprado
nos chineses, de côr laranja, por causa do PSD.
Vai de truz e quando o Presidente se vira, catrapum com
leveza na cabeça dá-lhe uma toutiçada. Marcelo com bonomia dá-lhe um abraço e
um sorriso. Alguém disparou um flash e entretanto Peninha desmaiou, tal foi o
gozo.
Borrifaram-lhe a cara, deram-lhe umas estaladas e quando
recuperou os sentidos, a sua primeira preocupação foi a de perguntar quem teria
tirado a fotografia dele com o Presidente. Ninguém lhe sabia dizer e começou
então, no meio da multidão, uma busca sôfrega e imparável, perguntando a torto
e a direito se lhe tinham tirado uma selfie com o Chefe do Estado.
Acabou por se ir deitar tardíssimo e estava exausto. Ninguém
sabia do que se tratava.
De manhã cedo, quando acordou, decidira pôr um anúncio nos
jornais do Porto e de Lisboa, com o seu retrato e dando alvíssaras a quem lhe
entregasse a fotografia que dele tirara com Marcelo, no momento do contacto.
Houve uma única resposta com uma fotografia em anexo. Ele há
coisas do diabo!
quinta-feira, 23 de junho de 2016
quarta-feira, 22 de junho de 2016
UMA CURIOSA TROCA DE INSULTOS
Em 1537 alguns marinheiros portugueses praticaram um crime, então classificado como um "grande gaffe diplomática". Em frente de Diu recebeu-se o Sultão Bahadur Xá a bordo de uma nau portuguesa.
As conversações diplomáticas deram para o torto e o Sultão e sua comitiva resolveram retirar-se zangados.
Alguns marinheiros portugueses, indisciplinados, dificultaram-lhes a entrada no batel, chegando ao ponto de dar com um remo, fortemente, na cabeça do Sultão, tendo este morrido afogado. A acção vergonhosa causou um grito de vingança desde os reinos mulçumanos do Golfo de Cambaia até ao Egipto e Constantinopla. A viúva do Sultão ofereceu toda a sua fortuna para financiar uma expedição punitiva contra os portugueses. A fortaleza de Diu estava a ser defendida por 600 portugueses, comandados por António da Silveira. O Sultão de Cambaia e o turco Suleimão Paxá reuniram as suas forças, conseguindo cercar Diu com 70 galés turcas um exército de terra de 23.000 homens. Tendo já feito prisioneiros alguns portugueses, enviou por um deles uma carta a António da Silveira.
Temos de saber que Suleimão Paxá não era tido em boa conta pelos portugueses. Tratava-se de um eunuco que, através de uma revolução palaciana, com o levantamento geral dos eunucos, conseguiu degolar a família real, usurpando o respectivo trono e poder.
Quanto António da Silveira recebeu a carta do turco, virou-se para os seus companheiros dizendo: «Vejamos o que diz o perro do capado!» e leua a carta em público. Suleimão Paxá prometia aos portugueses livre saída de pessoas e bens desde que fossem para a costa de Malabar e entregassem a fortaleza e as armas. Prometia esfolar todos vivos se não o fizessem e glorificava-se de ter reunido o maior exército em Cambaia, tendo muita gente que tomara Belgrado, Hungria e a ilha de Rodes. Perguntava mesmo a António da Silveira como se iria defender num "curral com tão pouco gado"!
António da Silveira mandou vir papel e Tinta e, estando todos presentes, enviou-lhe a seguinte resposta:
«Muito honrado capitão Paxá, bem vi as palavras da tua carta. Se em Rodes tivessem estado os cavaleiros que estão aqui neste curral podes crer que não a terias tomado. Fica a saber que aqui estão portugueses acostumados a matar muitos mouros e têm por capitão António Silveira, que tem um par de tomates mais fortes que as balas dos teus canhões e que todos os portugueses aqui têm tomates e não temem quem os não tenha!»
Não se pode imaginar insulto maior! Narra-no Gaspar Correia que o capado, quando recebeu esta resposta, mandou logo matar alguns portugueses, feridos, que estavam na sua posse e começou um luta de gigantes. Durante mais de um mês António da Silveira fez-lhe frente, ficando os portugueses capazes de lutar reduzidos a menos de quarenta, mas causando tais baixas aos turcos que estes resolveram levantar o cerco a Diu e retirar-se.
(Gaspar Correia: Cronica dos Feytos da Índia, vol. IV, p.34-36)
segunda-feira, 20 de junho de 2016
Pour faire le portrait d'un oiseau
Pour faire le portrait d'un oiseau
Peindre d'abord une cage
avec une porte ouverte
peindre ensuite
quelque chose de joli
quelque chose de simple
quelque chose de beau
quelque chose d'utile
pour l'oiseau
placer ensuite la toile contre un arbre
dans un jardin
dans un bois
ou dans une forêt
se cacher derrière l'arbre
sans rien dire
sans bouger...
Parfois l'oiseau arrive vite
mais il peut aussi bien mettre de longues années
avant de se décider
Ne pas se décourager
attendre
attendre s'il le faut pendant des années
la vitesse ou la lenteur de l'arrivée de l'oiseau
n'ayant aucun rapport
avec la réussite du tableau
Quand l'oiseau arrive
s'il arrive
observer le plus profond silence
attendre que l'oiseau entre dans la cage
et quand il est entré
fermer doucement la porte avec le pinceau
puis
effacer un à un tous les barreaux
en ayant soin de ne toucher aucune des plumes de l'oiseau
Faire ensuite le portrait de l'arbre
en choisissant la plus belle de ses branches
pour l'oiseau
peindre aussi le vert feuillage et la fraîcheur du vent
la poussière du soleil
et le bruit des bêtes de l'herbe dans la chaleur de l'été
et puis attendre que l'oiseau se décide à chanter
Si l'oiseau ne chante pas
c'est mauvais signe
signe que le tableau est mauvais
mais s'il chante c'est bon signe
signe que vous pouvez signer
Alors vous arrachez tout doucement
une des plumes de l'oiseau
et vous écrivez votre nom dans un coin du tableau."
Jacques Prévert
Peindre d'abord une cage
avec une porte ouverte
peindre ensuite
quelque chose de joli
quelque chose de simple
quelque chose de beau
quelque chose d'utile
pour l'oiseau
placer ensuite la toile contre un arbre
dans un jardin
dans un bois
ou dans une forêt
se cacher derrière l'arbre
sans rien dire
sans bouger...
Parfois l'oiseau arrive vite
mais il peut aussi bien mettre de longues années
avant de se décider
Ne pas se décourager
attendre
attendre s'il le faut pendant des années
la vitesse ou la lenteur de l'arrivée de l'oiseau
n'ayant aucun rapport
avec la réussite du tableau
Quand l'oiseau arrive
s'il arrive
observer le plus profond silence
attendre que l'oiseau entre dans la cage
et quand il est entré
fermer doucement la porte avec le pinceau
puis
effacer un à un tous les barreaux
en ayant soin de ne toucher aucune des plumes de l'oiseau
Faire ensuite le portrait de l'arbre
en choisissant la plus belle de ses branches
pour l'oiseau
peindre aussi le vert feuillage et la fraîcheur du vent
la poussière du soleil
et le bruit des bêtes de l'herbe dans la chaleur de l'été
et puis attendre que l'oiseau se décide à chanter
Si l'oiseau ne chante pas
c'est mauvais signe
signe que le tableau est mauvais
mais s'il chante c'est bon signe
signe que vous pouvez signer
Alors vous arrachez tout doucement
une des plumes de l'oiseau
et vous écrivez votre nom dans un coin du tableau."
Jacques Prévert
domingo, 19 de junho de 2016
o Doutor da mula ruça
Pois a graça disto tudo está em que, no ano de 1534, um tal
António Lopes exercia medicina, em Évora onde era muito conhecido, mas não
tinha diploma. Tinha estudado em Alcalá de Henares e, por falta de verba para
pagar o «canudo», saiu de lá sem o respectivo diploma. Vai daí escreveu ao rei
Dom João III e pediu-lhe que o mandasse analisar pelos médicos da corte de modo
a poder exercer a sua actividade sem qualquer contestação. Em 23 de Maio de
1534, o livro da Chancelaria de D. João III refere:
«Dom Joham 3º a quantos esta minha carta virem faço saber
que o doutor António Lopes, físico de Évora, me apresentou ua carta do doutor
Diogo Lopes, meu físico moor, de que o theor de verbo é o seguinte: O doutor
Diogo Lopes, comendador da Ordem de Christo e físico moor del Rey Nosso senhor
em seus regnos e senhorios, faço saber a quantos esta minha carta de doutorado
virem como por António Lopes, físico da mula ruça, morador em esta Évora, me
foy apresentado hum allvará dellRey nosso senhor, por sua alteza assygnado e
passado per sua chancelaria do qual o trellado he o seguinte: Eu ell Rey faço
saber a vós Doutor Diogo Lopes seu fisico moor, que António Lopes, físico da
mula ruça, morador en esta cidade, me dice por sua petiçam que elle estudou
nove ou dez annos no estudo de Alcala de Henares.»
Os dicionários esclarecem que a expressão “doutor da mula
ruça” usada em registo familiar e em tom depreciativo, se aplica a «indivíduos
que possuem um título ou um diploma, mas que não têm os conhecimentos de que se
dizem detentores». Por extensão, a expressão “doutor da mula ruça” aplica-se
vulgarmente ao chamado charlatão, aquele que tenta enganar os outros,
fazendo-se passar por algo que afinal não é, neste caso, fingindo ser muito
erudito.
No entanto, a história que se conta sobre o 1.º doutor da
mula ruça aponta para um significado da expressão um pouco diferente, quase
oposto, que é o do homem que exerce a prática (e tem os conhecimentos) mas que
não tem o diploma que o habilitaria oficialmente para isso.
Então quem foi este doutor da mula ruça? De acordo com
vários autores, houve um homem no século XVI em Évora, de nome António Lopes,
que era conhecido como o “físico da mula ruça”, e exercia medicina sem possuir
o grau de doutor. Acontece que este senhor tinha estudado em Alcalá de Henares,
em Espanha, perto de Madrid. Mas uns dizem que por falta de dinheiro não pôde pagar
o diploma, e portanto acabou por exercer sem ele; outros contam que obteve o
grau de bacharel, mas havia certas reservas em relação à sua prática, porque
não era doutor pela Universidade de Lisboa. Seja como for, o que acontece é que
ele terá pedido ao rei D. João III, uma espécie de “equivalência”, como agora
se diria (de bacharel, o grau que teria adquirido em Espanha, para doutor) ou,
se quisermos, uma “creditação de competências”, como agora também se faz, ao
abrigo do Processo de Bolonha, se considerarmos que ele não chegou a obter o
diploma em Espanha, ainda que tivesse frequentado a Universidade. O que parece
certo é que o Rei, a pedido deste António Lopes, solicitou ao físico-mor do
reino, Diogo Lopes, que o examinasse para se avaliar a sua competência para
exercer medicina. O resultado da avaliação foi positivo e há um registo no
Livro de Chancelaria de D. João III que declara precisamente isso: «que António
Lopes, físico da mula ruça, morador em esta cidade me disse por sua petição que
ele estudou nove ou dez anos no estudo de Alcalá» (excerto da carta régia de 23
de Maio de 1534).
Portanto, fica a ideia de que este homem exerceu a profissão
antes de obter oficialmente o grau academico, que solicitou esse grau por carta
régia e não pela via normal, que seria um diploma da universidade, e que era
conhecido como o “doutor da mula ruça”, talvez por se deslocar habitualmente
numa mula de cor parda ou acinzentada. Não temos a certeza. Mas pelos vistos a
sua actividade era contestada pelo facto de ele a exercer sem a mesma
legitimidade que os outro físicos, o que o levou a sentir a necessidade de
requerer o reconhecimento da sua competência. Algo que parece hoje novidade,
mas que afinal não é...
Fui descobrir esta curiosidade num livro de Orlando Neves,
intitulado «Dicionário da origem das frases feitas». A edição é da Lello &
Irmão Editores – Porto.
Info obtida gentilmente do Doutor João das Regras
sábado, 18 de junho de 2016
wise man
1. work on one thing at a time until finished.
2. Start no more new books, add no more new material to “Black Spring.”
3. Don’t be nervous. Work calmly, joyously, recklessly on whatever is in hand.
4. Work according to the program and not according to mood. Stop at the appointed time!
5. When you can’t create you can work.
6. Cement a little every day, rather than add new fertilizers.
7. Keep human! See people; go places, drink if you feel like it.
8. Don’t be a draught-horse! Work with pleasure only.
9. Discard the Program when you feel like it–but go back to it the next day. Concentrate. Narrow down. Exclude.
10. Forget the books you want to write. Think only of the book you are writing.
11. Write first and always. Painting, music, friends, cinema, all these come afterwards.
Henry Miller
5. When you can’t create you can work.
6. Cement a little every day, rather than add new fertilizers.
7. Keep human! See people; go places, drink if you feel like it.
8. Don’t be a draught-horse! Work with pleasure only.
9. Discard the Program when you feel like it–but go back to it the next day. Concentrate. Narrow down. Exclude.
10. Forget the books you want to write. Think only of the book you are writing.
11. Write first and always. Painting, music, friends, cinema, all these come afterwards.
Henry Miller
sexta-feira, 17 de junho de 2016
E é isto rapazes, nada de tristezas pois a vida é para gozar.
E é isto rapazes, nada de tristezas pois a vida é para gozar. Este pragmatismo do Pessoa sempre me encantou.
______________
Se, depois de eu morrer...
Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas --- a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vivi como um danado.
Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso fui o único poeta da Natureza.
Alberto Caeiro
______________
Se, depois de eu morrer...
Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas --- a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vivi como um danado.
Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso fui o único poeta da Natureza.
Alberto Caeiro
quarta-feira, 15 de junho de 2016
O PENINHA E O ENCONTRO COM RONALDO
O PENINHA E O ENCONTRO COM RONALDO
O Peninha deslocou-se de autocarro a Caxias ao novo centro de formação da FPF para tentar falar com Cristiano Ronaldo.
Pensou, pensou e disse para si próprio: sem entrevista marcada, tenho que ir vestido de uma forma apelativa para chamar a atenção do Cristiano, senão nem me deixam entrar.
Assim fez: começou pelas cuecas que tinha comprado nos chineses – com a imagem do Ronaldo aos xutos e pontapés a uma bola – depois escolheu uma camisa branca com a cara da mãe Aveiro estampada, a vender bananas da Madeira (achou que ele havia de gostar) e finalmente seleccionou uns jeans rotos, que o eram pelo uso desde há anos, mas cujos rasgões e buracos estavam à moda.
Nos pés umas xanatas com meias grossas de futebol, pois assim dava um toque, um sinal a que ia.
Um cap, tipo boné que dizia “ a Madeira é um jardim”. Olhou-se ao espelho e sorriu: - um janota, é o que sou!
Claro está que no autocarro era o alvo da atenção de toda a gente, pois já não bastava o traje que portava, mas tinha engordado estupidamente, e tinha um ventre descomunal. Era uma verdadeira visão do não-desportista.
Lá chegado, apresentou-se ao portão e disse orgulhoso: - Venho para uma reportagem com o nosso campeão. Sou jornalista do “Alvorada do Senhor Roubado” a Odivelas.
O porteiro não conteve o riso e disse-lhe – mas você julga que ele vai alguma vez aceitar ser entrevistado por si?
Peninha, empertigou-se e sentindo-se atingido no seu brio profissional respondeu-lhe com uma voz fria: - deixe-me entrar para as bancadas e logo verá. Para já venho assistir aos treinos.
O porteiro deixou-o passar e Peninha dirigiu-se às bancadas aonde aquela hora da manhã ainda havia pouca gente. Sentou-se e esperou que Ronaldo chegasse, pois só lá estavam ainda uns poucos.
Finalmente, Cristiano Ronaldo chegou. De popa levantada, cheia de brilho de banha no cabelo, peito enfunado e olhando para todo o lado a ver que audiência tinha. De repente tosca o Peninha e desata a rir, sem parar, com um ar teatral! Aproxima-se devagar das bancadas e ao chegar perto de Peninha, faz: - pst, pst você aí, seu anormaleco, venha aqui.
Peninha olhou à sua volta, não estava ninguém com um baque no coração, pensou: - é para mim! E aproximou-se entre o tímido e o excitado. – Estava a chamar-me? – disse, na direcção de Ronaldo.
Cristiano, sem parar de rir, respondeu-lhe: - Claro!
Chegando perto, Ronaldo mirou-o dos pés à cabeça e disse-lhe: - é pá, estás o máximo, dá cá um abraço. E estreitando-o nos braços, ficaram assim uns segundos.
Peninha, desmaiou de comoção e quando acordou estava no posto de enfermagem do centro de estágio da FPF.
Um enfermeiro virou-se para ele e disse-lhe: - Isso deve ter sido do sol, pois você desmaiou à entrada e teve que ser trazido para aqui. Que raio de traje é esse?
Peninha, esfregou os olhos e perguntou-lhe: - mas eu não fui abraçado pelo Cristiano Ronaldo?
- Ó homem, o Cristiano está em França a jogar no campeonato, aqui não está ninguém. Sorte teve você de eu ter passado por aqui, senão tinha ficado ali à porta sem ninguém dar fé de si. Vá lá andando, pois já está melhor e da próxima vez, cuide-se.
Peninha, estonteado levantou-se e cabisbaixo saiu devagar para a rua. Sentou-se num banco à sombra ali ao perto e pôs-se a cogitar:
Ainda bem que existem outros dias. E outros sonhos. E outros sorrisos. E outras pessoas. E outras coisas...
E partiu rumo ao Senhor Roubado, com ânimo para novas aventuras.
O Peninha deslocou-se de autocarro a Caxias ao novo centro de formação da FPF para tentar falar com Cristiano Ronaldo.
Pensou, pensou e disse para si próprio: sem entrevista marcada, tenho que ir vestido de uma forma apelativa para chamar a atenção do Cristiano, senão nem me deixam entrar.
Assim fez: começou pelas cuecas que tinha comprado nos chineses – com a imagem do Ronaldo aos xutos e pontapés a uma bola – depois escolheu uma camisa branca com a cara da mãe Aveiro estampada, a vender bananas da Madeira (achou que ele havia de gostar) e finalmente seleccionou uns jeans rotos, que o eram pelo uso desde há anos, mas cujos rasgões e buracos estavam à moda.
Nos pés umas xanatas com meias grossas de futebol, pois assim dava um toque, um sinal a que ia.
Um cap, tipo boné que dizia “ a Madeira é um jardim”. Olhou-se ao espelho e sorriu: - um janota, é o que sou!
Claro está que no autocarro era o alvo da atenção de toda a gente, pois já não bastava o traje que portava, mas tinha engordado estupidamente, e tinha um ventre descomunal. Era uma verdadeira visão do não-desportista.
Lá chegado, apresentou-se ao portão e disse orgulhoso: - Venho para uma reportagem com o nosso campeão. Sou jornalista do “Alvorada do Senhor Roubado” a Odivelas.
O porteiro não conteve o riso e disse-lhe – mas você julga que ele vai alguma vez aceitar ser entrevistado por si?
Peninha, empertigou-se e sentindo-se atingido no seu brio profissional respondeu-lhe com uma voz fria: - deixe-me entrar para as bancadas e logo verá. Para já venho assistir aos treinos.
O porteiro deixou-o passar e Peninha dirigiu-se às bancadas aonde aquela hora da manhã ainda havia pouca gente. Sentou-se e esperou que Ronaldo chegasse, pois só lá estavam ainda uns poucos.
Finalmente, Cristiano Ronaldo chegou. De popa levantada, cheia de brilho de banha no cabelo, peito enfunado e olhando para todo o lado a ver que audiência tinha. De repente tosca o Peninha e desata a rir, sem parar, com um ar teatral! Aproxima-se devagar das bancadas e ao chegar perto de Peninha, faz: - pst, pst você aí, seu anormaleco, venha aqui.
Peninha olhou à sua volta, não estava ninguém com um baque no coração, pensou: - é para mim! E aproximou-se entre o tímido e o excitado. – Estava a chamar-me? – disse, na direcção de Ronaldo.
Cristiano, sem parar de rir, respondeu-lhe: - Claro!
Chegando perto, Ronaldo mirou-o dos pés à cabeça e disse-lhe: - é pá, estás o máximo, dá cá um abraço. E estreitando-o nos braços, ficaram assim uns segundos.
Peninha, desmaiou de comoção e quando acordou estava no posto de enfermagem do centro de estágio da FPF.
Um enfermeiro virou-se para ele e disse-lhe: - Isso deve ter sido do sol, pois você desmaiou à entrada e teve que ser trazido para aqui. Que raio de traje é esse?
Peninha, esfregou os olhos e perguntou-lhe: - mas eu não fui abraçado pelo Cristiano Ronaldo?
- Ó homem, o Cristiano está em França a jogar no campeonato, aqui não está ninguém. Sorte teve você de eu ter passado por aqui, senão tinha ficado ali à porta sem ninguém dar fé de si. Vá lá andando, pois já está melhor e da próxima vez, cuide-se.
Peninha, estonteado levantou-se e cabisbaixo saiu devagar para a rua. Sentou-se num banco à sombra ali ao perto e pôs-se a cogitar:
Ainda bem que existem outros dias. E outros sonhos. E outros sorrisos. E outras pessoas. E outras coisas...
E partiu rumo ao Senhor Roubado, com ânimo para novas aventuras.
segunda-feira, 13 de junho de 2016
A QUEDA EM DESGRAÇA
A QUEDA EM DESGRAÇA
Os seres humanos são naturalmente vaidosos. Todos sem excepção, e é irritante ouvir alguém dizer que é tão modesto que não gosta que lhe façam elogios. Por isso mente ou mentem e torna-se um desafio apaixonante tentar apanhá-lo ou apanhá-los em pequenos deslizes aonde se vê o ego subir velozmente até aparecer da goela para fora…
Isto passa-se no campo político, profissional e social. Não vale a pena teorizar sobre o tema pois a não ser que se seja coxo, zarolho, maneta ou muito feio/a, todos já passaram por estas sensações de engodo, acreditando piamente nas louvaminhices…que gira, que bem que estás, que bom gosto, que elegante, que bonito, que inteligente, que interessante…e por aí a fora. A irresistível postura de fotografias no facebook em todas as situações, na cama, no solar, na praia, vestido ou nú, a rir ou a chorar torna tão visível isto que acima digo, mas mesmo assim, mesmo com indirectas…as pessoas keep on posting.. mas não é muito importante.
O que hoje me traz aqui para referir este tema é constatar que há gente soberba, mesquinha, má, intriguista e maledicente que quando vê alguém, mesmo por própria culpa escorregar nos degraus profissionais, políticos ou sociais, não tem um gesto, uma palavra e um oferecimento para nos momentos da “desgraça” e de ostracização, estenderem a mão e declararem-se presentes, sem julgarem, se bem que podendo discordar.
Esquecem-se de que quando precisaram ou desejaram roçar o poder, ou os negócios ou o brilho dos salões, não havia limites para o incenso.
E disse.
Os seres humanos são naturalmente vaidosos. Todos sem excepção, e é irritante ouvir alguém dizer que é tão modesto que não gosta que lhe façam elogios. Por isso mente ou mentem e torna-se um desafio apaixonante tentar apanhá-lo ou apanhá-los em pequenos deslizes aonde se vê o ego subir velozmente até aparecer da goela para fora…
Isto passa-se no campo político, profissional e social. Não vale a pena teorizar sobre o tema pois a não ser que se seja coxo, zarolho, maneta ou muito feio/a, todos já passaram por estas sensações de engodo, acreditando piamente nas louvaminhices…que gira, que bem que estás, que bom gosto, que elegante, que bonito, que inteligente, que interessante…e por aí a fora. A irresistível postura de fotografias no facebook em todas as situações, na cama, no solar, na praia, vestido ou nú, a rir ou a chorar torna tão visível isto que acima digo, mas mesmo assim, mesmo com indirectas…as pessoas keep on posting.. mas não é muito importante.
O que hoje me traz aqui para referir este tema é constatar que há gente soberba, mesquinha, má, intriguista e maledicente que quando vê alguém, mesmo por própria culpa escorregar nos degraus profissionais, políticos ou sociais, não tem um gesto, uma palavra e um oferecimento para nos momentos da “desgraça” e de ostracização, estenderem a mão e declararem-se presentes, sem julgarem, se bem que podendo discordar.
Esquecem-se de que quando precisaram ou desejaram roçar o poder, ou os negócios ou o brilho dos salões, não havia limites para o incenso.
E disse.
sexta-feira, 10 de junho de 2016
Orgulho de ser Português
Gostei muito dos 2 discursos das cerimónias no Terreiro do Paço. Mas sobretudo, como Portugueses, devemos estar gratos ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, pela nova alma de orgulho e portuguesismo que nos vai dando, paulatinamente, em cada acto que inteligentemente vai escolhendo para imprimir uma nova marca de Portugal.
Ver 2 mil militares em parada, cantar com voz firme, o hino nacional, é comovente e animador.
Bem haja!
terça-feira, 7 de junho de 2016
O patrão e a secretária na praia
O patrão e a secretária na praia
Quando estou na praia, para além de dar mergulhos e tomar banho, como detesto estar deitado ao sol, apesar de lagarto, adoro cuscar o que me vai passando à frente.
Hoje, havia uma série de ninfas do Mondego muito bem apessoadas e novinhas, já despontando para o robusto e generoso peito e também para caudas muito redondinhas….ahahah.
Passou às tantas um “patrão” com um chapéu à Panamá papers e
fato-de–banho de qualidade em conversa com donzela, seguramente, uns 35
aninhos, mais nova, tipo secretária.
Ele conversava a borbotos e ela ouvia respeitosa mas olhando para o horizonte e assim foram de uma ponta a outra da praia, junto ao mar.
Apeteceu-me extrapolar e “sair “dali visionando um jantarinho romântico à luz de velas, ele de bom fato de seda e bela camisa aberta e ela (esta, pelo menos) de bestido mal enjorcado, amarelo, com muitas pregas e um decote grande, mas feio, que nem sequer deixava ver os alvos peitos, branqueando! como diria o Luiz Vaz.
Mas o que quero comentar na atitude do "patrão" é esta presunção de dominar a conversa, contando histórias mil vezes repetidas, desinteressantes, gabarolices, falando de dinheiro gasto e de luxos ou de comentários sobre trivialidades….e a pikena, teúda e manteúda, a ter que aturar tudo aquilo…uma chatice, um frete…mas para o Armindo a poder ter no apartamento que o patrão lhe pusera, era preciso aturar tudo isto. O Armindo é que tinha conversas interessantes…falava-lhe das telenovelas, das revistas do coração, e de ideias…sim de ideias bem quentes...
Ora, havendo tanto tema interessante para conversar, explorar a ciência e inteligência da menina, até iniciar, from time to time, alguma conversa picante preparatória de voluptuosas mil e uma noites…suspeito que os temas seriam de bocejo.
Até porque fazer de Coronel Higgins e My Fair Lady ou qual Pigmalião, é tão mais interessante…molda-se, assiste-se ao desabrochar das qualidades, têm-se momentos de desânimo, mas no final é um apogeu real.
E depois destes pensamentos longínquos, caí na real e fui mergulhar. Ainda estava fria, a maldita da água, mas enrijece as carnes, they say…
Ele conversava a borbotos e ela ouvia respeitosa mas olhando para o horizonte e assim foram de uma ponta a outra da praia, junto ao mar.
Apeteceu-me extrapolar e “sair “dali visionando um jantarinho romântico à luz de velas, ele de bom fato de seda e bela camisa aberta e ela (esta, pelo menos) de bestido mal enjorcado, amarelo, com muitas pregas e um decote grande, mas feio, que nem sequer deixava ver os alvos peitos, branqueando! como diria o Luiz Vaz.
Mas o que quero comentar na atitude do "patrão" é esta presunção de dominar a conversa, contando histórias mil vezes repetidas, desinteressantes, gabarolices, falando de dinheiro gasto e de luxos ou de comentários sobre trivialidades….e a pikena, teúda e manteúda, a ter que aturar tudo aquilo…uma chatice, um frete…mas para o Armindo a poder ter no apartamento que o patrão lhe pusera, era preciso aturar tudo isto. O Armindo é que tinha conversas interessantes…falava-lhe das telenovelas, das revistas do coração, e de ideias…sim de ideias bem quentes...
Ora, havendo tanto tema interessante para conversar, explorar a ciência e inteligência da menina, até iniciar, from time to time, alguma conversa picante preparatória de voluptuosas mil e uma noites…suspeito que os temas seriam de bocejo.
Até porque fazer de Coronel Higgins e My Fair Lady ou qual Pigmalião, é tão mais interessante…molda-se, assiste-se ao desabrochar das qualidades, têm-se momentos de desânimo, mas no final é um apogeu real.
E depois destes pensamentos longínquos, caí na real e fui mergulhar. Ainda estava fria, a maldita da água, mas enrijece as carnes, they say…
domingo, 5 de junho de 2016
O discurso de António Costa
Achei o discurso final do António Costa, um bom discurso. Porque
hei-de de dizer o contrário se foi isso que achei. Desejo ardentemente
que ponha em prática todas as medidas que propugna pois são boas para o
país e para todos nós. Estou-me nas tintas se é socialista ou de
direita, o que eu quero como cidadão e português é que as coisas
melhorem e a vida no dia a dia tenha maior qualidade.
Irrita-me tanto o sectarismo, a raiva e o radicalismo das pessoas, que tal como eu, não sendo socialistas, rosnem e critiquem logo no minuto seguinte, mesmo sem terem ouvido....é o cúmulo.
Irrita-me tanto o sectarismo, a raiva e o radicalismo das pessoas, que tal como eu, não sendo socialistas, rosnem e critiquem logo no minuto seguinte, mesmo sem terem ouvido....é o cúmulo.
Tenho, como é sabido por quem conhece a minha Família, uma irmã deficiente....desde quase sempre, pois nasceu normal.
Ora bem foi anunciado que iria haver uma série de prestações em vários níveis e com total aplicação, neste caso à minha irmã.
Porque hei-de ser ingrato, injusto e radical?
Como esta já foram postas em prática muitas outras medidas que tinham sido prometidas.
Eu sinto-me bem com quem promete e cumpre e não está sempre a adiar por razões que nos lixam sempre....é um azar!
Por isso vou mesmo afastando da minha convivência quem me desagrade e contrarie , independentemente de terem sido meus amigos/as ou com familiares deste calibre só falo de pureza e açucenas.....
E eu ralado, com o que dizem de mim!
Em tempo: percebo perfeitamente e concordo inteiramente com o Presidente Marcelo quando pugna pela estabilidade em Portugal.
Ora bem foi anunciado que iria haver uma série de prestações em vários níveis e com total aplicação, neste caso à minha irmã.
Porque hei-de ser ingrato, injusto e radical?
Como esta já foram postas em prática muitas outras medidas que tinham sido prometidas.
Eu sinto-me bem com quem promete e cumpre e não está sempre a adiar por razões que nos lixam sempre....é um azar!
Por isso vou mesmo afastando da minha convivência quem me desagrade e contrarie , independentemente de terem sido meus amigos/as ou com familiares deste calibre só falo de pureza e açucenas.....
E eu ralado, com o que dizem de mim!
Em tempo: percebo perfeitamente e concordo inteiramente com o Presidente Marcelo quando pugna pela estabilidade em Portugal.
sábado, 4 de junho de 2016
pobreza de espírito
Estava a ouvir à distância o programa do Alta Definição na SIC daquele rapaz Daniel Oliveira!
Hoje era um tal de Quaresma. Que pobre mentalidade a destes jogadores de futebol! Fiquei angustiado com o que ouvi. Nem uma única frase que não fosse ou sobre futebol ou sobre tragédias corriqueiras de uma vida qualquer! Tudo espremido dá zero.
Nada sobre música, leitura, ideias e sobre o mundo à nossa volta tão dramático e ao mesmo tempo tão interessante para reflectir.
E o mais preocupante é que grande parte da nova geração e da antiga que considero limitada e burra, adora e bebe estas palavras como ciência certa.
Pode parecer soberba, convencimento ou presunção, é verdadeiramente uma falta de paciência para pessoas desinteressantes e sem cultura e sem o tal brilhozinho nos olhos...
Hoje era um tal de Quaresma. Que pobre mentalidade a destes jogadores de futebol! Fiquei angustiado com o que ouvi. Nem uma única frase que não fosse ou sobre futebol ou sobre tragédias corriqueiras de uma vida qualquer! Tudo espremido dá zero.
Nada sobre música, leitura, ideias e sobre o mundo à nossa volta tão dramático e ao mesmo tempo tão interessante para reflectir.
E o mais preocupante é que grande parte da nova geração e da antiga que considero limitada e burra, adora e bebe estas palavras como ciência certa.
Pode parecer soberba, convencimento ou presunção, é verdadeiramente uma falta de paciência para pessoas desinteressantes e sem cultura e sem o tal brilhozinho nos olhos...
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