sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O PENINHA, O Presidente e os "ARMAZÉNS PAGA POUCO"

O PENINHA, O Presidente e os "ARMAZÉNS PAGA POUCO"

Peninha tinha estado até tarde no Largo do Gato. A reunião tinha-se prolongado e estava exausto. No entanto tinha uma missão a cumprir: entregar ao Presidente uma mensagem privada do seu Secretário-geral. Sem falta.

A mensagem dizia o seguinte:

“Excelência,

Venho comunicar privadamente que fez muito bem em ter tomado a decisão que tomou. Só não posso apoiar às claras por isso é às escuras que o faço.

Salvou-me a vida, pois a luta continua e os meus camaradas, foram mais uma vez enganados pois são todos uns trouxas.

Esta farsa do acordo secreto, é mesmo assim porque não existe nenhum. Alguma vez eu seria capaz de atraiçoar os meus ideais do centro-esquerda. Claro que tenho muito mais chances de sobreviver se me aliar ao outro (todos os cuidados são poucos em não dizer nomes).

Cá o espero para um jantarinho em tête-à-tête, e a entrada é pela Condenssa de Cuba.

Venha disfarçado e a senha é "o filósofo grego (nada de nomes) que vá para o inferno". Sugiro-lhe que cantarole as primeiras letras do fado do embuçado do Ferreira Rosa e traga uma capa com a Banda das Três Ordens.

Nota à parte: o meu desiderato em ser o que sabe que sei que sabe que quero ser, é para no final do cargo ter uma Grã-Cruz da Ordem de quem sabe (nada de nomes). Ressalta muito e é chic a valer.

Seu muito dedicado

Arcanjo S. Gabriel (na última mensagem era S.Rafael, por isso não há perigo de identificarem).”

E o Peninha, lá foi e em chegando, perguntou se podia falar com o Arcanjo S. Miguel (nome de código). O Oficial riu-se-lhe na cara mas ele insistiu para comunicar para dentro que tinha uma mensagem para o dito Anjo.

Qual não foi o espanto do Oficial, quando viu chegar de afogadilho Sua Excelência, ainda de roupão, que arrancou com sofreguidão das mãos de Peninha, a referida missiva.

O Oficial ainda fez atabalhoadamente a continência, sem o capacete das plumas posto, pois não teve tempo, e reparou que no roupão havia uma etiqueta que dizia: “Armazéns Paga Pouco”!

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