sábado, 7 de abril de 2012
Aimberê - Meus contos brasileiros (continuação 4)
Levei Manuel para conhecer meus pais e a minha família.
Fui avisando que talvez não fosse fácil o primeiro embate por ser português e lhe dei alguns conselhos. Ele sorriu e foi ouvindo.
Lhe disse que não era preciso falar como um advogado, mas dizer expressões que são apropriadas a um jogo de futebol eram “proibidas”, tais como “tipo assim”, “mano” e “tô ligado” podiam passar a imagem errada sobre ele.
Em hipótese alguma deveria fazer referência ao sexo. O meu pai não gosta de pensar nesse assunto, sobretudo não devia deixar escapar qualquer comentário sobre idas a motéis ou festinhas, pois a vida no interior é muito espartana.
Nada de me agarrar, segurar a cintura, dar beijões e, muito menos, apertões no “bumbum”.
Não era preciso falar também de que as suas actividades preferidas eram, respectivamente, trabalhar numa ONG, ouvir Bach e ler livros. Deveria ser ele mesmo, mas não passar a imagem de preguiçoso. Procurar comentar sobre coisas que, por exemplo, encheriam os meus pais de orgulho.
Quanto a jantar se o cardápio fosse algo que ele não gostasse, deveria fazer um esforço para comer pelo menos um pouco – e sem fazer cara feia. Mexer na comida, pelo menos, seria um sinal de que teria aprovado a dedicação deles pela sua alimentação.
(continua)
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