domingo, 25 de março de 2012
O mapa
É preciso dedicar o tempo necessário à análise dos problemas para poder aplicar soluções ponderadas e eficazes.
Existe muitas vezes uma deficiência na abordagem da resolução dos problemas, mais primitiva e destrutiva do que as tentativas precipitadas de encontrar soluções instantâneas:
- é a esperança de que os problemas desapareçam por sua própria iniciativa.
Os nossos problemas não desaparecem. Têm que ser resolvidos, caso contrário permanecerão, sendo uma barreira à evolução e desenvolvimento de um espírito solto e livre.
Esta tendência que é humana de tentar ignorar os problemas é, mais uma vez, uma simples manifestação de relutância no adiamento temporário da alegria e da paz.
A confrontação dos problemas é dolorosa.
A opção é escolher sofrer agora na esperança de uma compensação a médio prazo, em vez de escolher a continuação de uma calma aparente do presente na esperança de que o sofrimento futuro não venha a ser necessário.
A melhor forma de gerir o sofrimento na resolução dos problemas para que as nossas vidas sejam saudáveis, é a dedicação à verdade.
Superficialmente isto parece óbvio, porque a verdade é a realidade.
Aquilo que é falso é irreal.
Tenho esta imagem bem clara de que a nossa visão da realidade é como um mapa que utilizamos para nos guiar no terreno da vida.
Se o mapa for rigoroso e verdadeiro, sabemos em geral onde estamos e, se decidirmos para onde queremos ir, sabemos em geral como lá chegar.
Se o mapa for falso e pouco preciso, em geral perdemo-nos.
O nosso caminho para a realidade não é fácil.
Primeiro, não nascemos com mapas; temos que os fazer e fazê-los exige esforço: quanto mais esforço fizermos para compreender a realidade, tanto maiores e mais precisos serão os nossos mapas.
Ás vezes os nossos mapas são pequenos e mal desenhados e a nossa visão do mundo é estreita e enganadora.
A partir de certa altura, desistimos. Temos a "certeza" de que os nossos mapas estão completos e deixamos de nos interessar por novas informações. Como se estivéssemos cansados.
Mas o maior problema da feitura dos mapas não é ter de começar do zero, mas o ter de os rever constantemente, se queremos que sejam rigorosos.
Tenho reflectido no que significa a nossa vida ser de dedicação total à verdade.
Significa, antes de mais, uma vida de auto-exame contínuo e rigoroso. Temos que, para além de examinar a realidade também de examinar, por assim dizer, o examinador.
Isto quer dizer, na minha opinião, uma vida disposta a aceitar um desafio pessoal.
A única maneira de termos a certeza de que o nosso "mapa" da realidade é válido é, assim, expô-lo à crítica e ao desafio dos outros "fabricantes" de mapas.
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