sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Autoridades chinesas receptivas ao debate do filho único
As autoridades chinesas estão cada vez mais receptivas a discutir o problema que a política do filho único representa para o desenvolvimento económico e social do país na medida em que aumentam os casos de infertilidade e da «síndrome do ninho vazio» (depressão que acomete pais quando os seus filhos saem de casa).
Meios de comunicação influentes como o Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista da China (PCCh), falam abertamente dos tratamentos de inseminação artificial e da adopção como «opções viáveis» para solucionar a questão da falta de filhos.
A lacuna entre o número de homens e mulheres, resultado de anos de preferência pelo filho varão - que proporciona sustento para a família -, assim como o envelhecimento da população, têm a sua origem na política do filho único.
Segundo números oficiais, a população do gigante asiático alcançou 1,32 mil milhões de habitantes em 2008, dos quais 200 milhões terão mais de 60 anos no final de 2015.
Enquanto a maioria dos casais urbanos chineses pode ter apenas um filho, com raras excepções ou com a possibilidade de um segundo mediante pagamento de «multa», a infertilidade aumenta devido a fenómenos como a poluição ambiental, a ingestão de hormonas - sobretudo entre os homens - e a idade avançada com que as mulheres se casam.
Actualmente, o número de chinesas que se casam após ter completado 35 anos aumentou, principalmente por razões profissionais e pela vontade de conquistarem uma situação financeira estável antes de ter filhos.
Segundo dados publicados num seminário sobre infertilidade na China, realizado em Agosto em Pequim, mais de 40 milhões de pessoas sofrem desse problema, quase 12% da população em idade fértil.
Deste número, 15% vive em regiões do litoral e desenvolvidas como a cidade de Qingdao, capital da província oriental de Shandong, e 18,9% no sul em Cantão.
Além disso, um estudo feito com 1.236 pacientes do Instituto de Pesquisas sobre Planeamento Familiar da cidade de Chongqing, mostrou que quase 60% das mulheres sofriam de infertilidade devido aos abortos, muitos deles feitos durante a adolescência ou em condições precárias em clínicas não autorizadas.
Um professor do Instituto de Pesquisas sobre População e Desenvolvimento da Universidade de Nankai, Yuan Xin, declarou ao Diário do Povo que um em cada oito casais chineses sofre de infertilidade, mas que a inseminação artificial é um método «caro e exaustivo».
Ao problema da infertilidade acrescenta-se o da geração de casamentos de filhos únicos, que podem provocar a «síndrome do ninho vazio» quando chega a hora de deixarem o lar.
Especialistas começam a recomendar aos pais de filhos únicos que encarem com optimismo a sua independência e a busca por novos horizontes.
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Será, Pu-Jie que ainda demorarão muito a, mais do que reflectir e estar receptivo, mudar efectivamente alguma coisa?
ResponderEliminarNo meu tempo, o do Império do Meio, ao menos podia-se ter filhos à fartazana, apesar de haver também os eunucos no palácio da Cidade Proibida!
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