quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Resposta do meu primo Luis Bernardo sobre alternativas ao planeta Terra


Meu Caro Manuel,

Respondo com diligência à tua amiga sobre sugestões de outros planetas para onde ela possa mudar.

Na perspectiva de quem está na Terra, o planeta parece ser grande e sólido, com um oceano interminável de ar. Do espaço, a Terra é pequena, e tem uma fina e frágil camada de atmosfera.

Para um viajante do espaço, as características que a distinguem são as águas azuis, as manchas de terra verdes e castanhas, e o conjunto de nuvens brancas contra um fundo negro.

Muitos sonham em viajar pelo espaço e ver o universo. Na realidade, todos são viajantes espaciais. A nave espacial é o planeta Terra, que viaja a uma velocidade de 108.000 quilómetros por hora.

Diz à tua amiga que o anoitecer na Europa e África, num dia sem nuvens, é uma maravilha pois consegue-se observar como as luzes já estão acesas em Paris e em Barcelona, mas não ainda em Londres, Lisboa ou Madrid aonde o dia ainda está claro.

No meio do Oceano podem identificar-se os Açores, mais abaixo a Madeira, e mais além as Ilhas Canárias e Cabo Verde.

O mais impressionante é a visualização perfeita das Plataformas Continentais desde as Ilhas Britânicas até ao Canadá e no centro, a Islândia, e por aí a fora…

Tratem bem e cuidem do planeta Terra, para que os filhos dos vossos filhos possam ainda desfrutar destas imagens…pois,com todos os seus enganos e seduções, a sua penosidade e sonhos desfeitos, esse é ainda um mundo maravilhoso. Ela que seja prudente e que lute para ser feliz.

Teu muito afeiçoado

Luis Bernardo

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Carta de fim de Verão ao meu primo Luis Bernardo


Meu Caro Luis Bernardo,

Setembro está no fim e começa a rentrée. Quase todos regressaram de férias e o sol, a praia, o campo, a ociosidade e lazer acabaram para a maioria o que lhes permite poderem debruçar-se com mais interesse sobre assuntos importantes para o espírito.

Volto, assim, hoje ao teu contacto.

Muitos dos meus leitores têm comentado o eterno tema da vida para além da morte. Creio que foste suficientemente claro quando em correspondência anterior, a este assunto te referiste.

No entanto, aqui te deixo mais algumas reflexões sobre as quais gostaria de ter a tua opinião e que retratam as questões de muita gente.

Assim, se considerarmos a existência de um mundo « post mortem » completamente desvinculado e que não interfira com o mundo em que vivemos, então a ciência também nada é capaz de dizer sobre este pretenso mundo.

A ciência trata apenas das chamadas hipóteses com as quais se possam fazer testes e experiências que as refutem ou não. A ciência restringe o seu conhecimento apenas àquelas perguntas às quais ela é capaz de responder.

A falsidade ou refutabilidade de hipóteses é um critério científico básico e de importante referência na filosofia da ciência.

Para que uma determinada premissa de que “há vida depois da morte” seja considerada refutável ou falsa, ou seja, para que ela possa ser tratada pela ciência, deve ser possível realizar uma experiência física que tente mostrar essa presunção como falsa (ou, por exclusão, verdadeira).

Se não é possível fazer uma ligação entre um potencial mundo « post mortem » com o mundo a que chamamos real, através da realização de experiências que comprovem ou refutem a hipótese inicial, então esta questão sai do âmbito científico e entra para a esfera das crenças e misticismos.

É que a ciência, não se relaciona com o verbo “acreditar”. A ciência não acredita, sómente conclui.

Muitos cientistas afirmam que não temos nenhuma razão especial para acreditar que a consciência humana continue a existir depois da morte, tanto quanto a consciência de um búfalo ou outros animais, continue a ter experiências depois de morta.

Além do mais, temos provas muito fortes de que a consciência depende do funcionamento do cérebro e, portanto, a vida mental acaba com a morte deste.

A propósito, várias observações neurológicas realizadas em seres humanos provam que, quando determinadas regiões do cérebro são afectadas por doenças, traumas ou operações cirúrgicas delicadas, a consciência da pessoa é muitas vezes alterada, o que prova uma relação directa entre a biologia e a consciência.

Estas minhas considerações reforçam a ideia de que a nossa consciência está directamente ligada à nossa biologia e que a morte de uma, implica directamente a morte da outra.

A ciência encara a morte, portanto, como o fim das funções vitais de um organismo. A neurologia mostra que a consciência é o fruto claro das nossas complexas capacidades cerebrais e que esta está directamente ligada às nossas funções biológicas vitais. Portanto, para a ciência, a consciência de um organismo cessa no exacto momento da sua morte cerebral.

Assim, como a ciência não é capaz de responder a determinadas perguntas, as pessoas tendem a procurar as respostas que desejam no âmbito do misticismo e das religiões.

Por não terem qualquer relação directa com a realidade ou necessitarem de se mostrar verdadeiros, esses movimentos místicos frequentemente conseguem cativar adeptos que não são capazes de suportar, psicologicamente, a falta de sentido através da qual a ciência observa o mundo.

Mas isto, meu Caro primo, são as minhas considerações. O que pensas sobre tudo quanto acima te refiro?

Tens visto os meus Pais e algum dos meus Avós ? Se puderes conversa com o meu Avô materno que eu tão bem conheci e que me contava histórias da vida boémia de Lisboa dos anos 30.

Tenta que ele te desvende um pouco mais como tudo se passava, pois era um pândego !

Um abraço muito afectuoso e muito preocupado com tudo o que se passa neste nosso País.

Dizia-me uma amiga se eu conhecia outro planeta para ela emigrar, dás-me alguma sugestão ?

Manuel

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Razões para a escolha de um nome



"Quando o padre perguntou o nome que iriam dar ao neófito, o padrinho respondeu, sem pestanejar, um suor incómodo aflorando as palmas das mãos:
- Jesus.
- Jesus?
- Sim, Senhor Prior.
- Assim, sem mais nada?
- Jesus Veredas Bicho, de seu nome completo.
O padre resmungou, a ensaiar o fio de voz:
- Jesus Bicho. Não! Parece heresia. Deus nos defenda.
- Mas, Senhor Prior, o pai é Bicho, o avô assim era, quem sabe se o avô do avô, não se deve negar o nome que o sangue traz.
- Pois, pois. Ainda se fosse Francisco, como o de Assis, irmão de todos os bichos… Sim, isso fazia sentido. Mas porquê Jesus?
- Saiba o Senhor Prior que, nas dores com que o pariu, a mãe outro nome não gritou. Dizem as mulheres que à roda estavam que, assim encolhidito como é, custou tanto a nascer como se encorpado menino a este mundo chegasse. A minha comadre Maria Bicho, coitadita, naquelas agonias que cabem a quem faz o maior dos trabalhos do mundo, só chamava pelo nome do Salvador.
- E daí? Interrompeu abrupto o prior. - Todas as mulheres gritam quando têm essa tarefa entre mãos. Fez um sub-riso ao emendar: - Entre pernas. E persignou-se. - Que o Senhor me perdoe a ousadia.
O padrinho sentia-se levemente agastado. Pigarreou, entrelaçou as mãos atrás das costas, à procura da firmeza que o ajudasse a cortar cerce o rol de considerações, e disse, peremptório:
- Ao padrinho cabe nomear o afilhado. E este, Senhor Prior, será de sua graça Jesus, que pela boca da mãe falou na hora de viver, Veredas como as que a família da mãe vem percorrendo e Bicho, como todos os Bichos que houve pelo lado do pai.
Foi brilhante e definitivo. Alguns dias depois, o recém-chegado ficou inscrito no rebanho com o nome do Bom Pastor."

Licínia Quitério (excerto de um conto)

Mudança do nome do meu antigo blogue PU-JIE


Em todo este blogue
fui todo,
mas, tão-somente,
no epílogo.
Recoméço com outro nome.

Pu-Jie

O novo endereço deste blogue é : http://vdeguaratiba.blogspot.com/ com o novo nome de:
Vicente Mais ou Menos de Souza

caramba, há limites! Carta de um amigo céptico


Meu velho amigo e saudoso Manel,

Rezingão e pessimista? Certamente. Mas nada que tenha a ver com a minha família chegada ou o núcleo de amigos do coração.

Sabes tenho a sensação, cada vez mais forte, de que atravessamos um período surreal em que nos encontramos todos na iminência de uma drástica mudança de paradigma económico e político com repercussões a curto prazo na vida de cada um.

As cabeças pensantes (de notoriedade pública e biografia irrepreensível) que respeito dizem-no com pristina clareza, e repetidamente, nos intervalos dos horários de prime time. Os analistas internacionais escrevem-no fundamentando.

E tudo segue com milhões de pessoas a assobiarem para o ar. Cegas, surdas e mudas, na convicção do milagre ou de que, afinal, são tudo exageros e que tudo acaba sempre por se resolver. E se não resolver vêm aí uns senhores estrangeiros que vão por tudo na ordem.

Não me tenho na conta duma luminária. Aliás nunca tive. Mas pasmo com a capacidade de auto-ilusão dos europeus em geral e dos "tugas" em particular.

E depois, em termos éticos, vivo agoniado com esta calda viscosa de hipocrisia e amoralidade boçal que nos entope os olhos e os ouvidos.

Que queres tu. Para mim é tão dolorosamente evidente!

E, no entanto, a vida corre aprazível. A carreira académica segue. A mini agricultura ocupa-me. Os amigos acorrem a esta "casota" quando precisam de paz e calor.

É a premonição da amplitude e iminência do desastre e a desatenção geral que me amarguram a escrita.

Só isso Manel. Deus sabe que não sou santo. Mas, caramba, há limites.

sábado, 25 de setembro de 2010

Tratado de Ateologia por Michel Onfray - Entrevista


O filósofo francês mais lido da actualidade diz que as três grandes religiões monoteístas vendem ilusões e devem ser desmascaradas.

Num tempo em que a religiosidade está em alta, surpreende o livro que se encontra no topo da lista dos mais vendidos em França, à frente até das biografias de João Paulo II: Tratado de Ateologia. Escrito pelo filósofo mais popular da França na actualidade, Michel Onfray, de 46 anos, a obra é um ataque forte ao que o autor classifica como "os três grandes monoteísmos".

Segundo Onfray, por detrás do discurso pacifista e amoroso, o cristianismo, o islamismo e o judaísmo pregam na verdade a destruição de tudo o que represente liberdade e prazer: "Odeiam o corpo, os desejos, a sexualidade, as mulheres, a inteligência e todos os livros, excepto um". Essas religiões, afirma o filósofo, exaltam a submissão, a castidade, a fé cega e conformista em nome de um paraíso fictício depois da morte.

Para defender esta argumentação, Onfray valeu-se de uma análise detalhada dos textos sagrados, cujas contradições aponta ao longo de todo o livro, e do legado de outros filósofos, como o alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), que proclamou, numa célebre expressão, a "morte de Deus". O filósofo escreve em linguagem acessível, a mesma que emprega ao leccionar na cidade de Caen, no norte da França. Ali criou uma "universidade popular" que atrai milhares de pessoas a palestras diárias e gratuitas sobre filosofia, artes e política. Gravadas pela rádio pública France Culture, as aulas de Onfray são um sucesso de audiência. Os fãs consideram-no um sucessor de Michel Foucault (1926-1984), o mais influente filósofo francês do século passado. Nos seus livros, Onfray propõe o que chama de "projecto hedonista ético", no qual defende o direito do ser humano ao prazer. Uma de suas obras, A Escultura de Si, ganhou em 1993 o Prêmio Médicis, o mais importante da França para jovens autores. Onfray também tem detractores, que o acusam de repetir ideias ultrapassadas. Em dois meses o seu Tratado vendeu 150.000 exemplares. De seu escritório em Argentan, Onfray concedeu a seguinte entrevista:


Questão (Q) - Na sua opinião, só um ateu é verdadeiramente livre?

Onfray - Só o homem ateu pode ser livre, porque Deus é incompatível com a liberdade humana. Deus pressupõe a existência de uma providência divina, o que nega a possibilidade de se escolher o próprio destino e inventar a nossa própria existência. Se Deus existe, eu não sou livre; por outro lado, se Deus não existe, posso-me libertar. A liberdade nunca é dada. Constrói-se no dia-a-dia. Ora, o princípio fundamental do Deus do cristianismo, do judaísmo e do Islão é um entrave e um inibidor da autonomia do homem.

(Q) - A que atribui o sucesso do seu livro num momento em que há tanta discussão sobre a religiosidade?

Onfray - Acho que muitos franceses esperavam uma declaração claramente ateia. As primeiras páginas de jornais e as capas de revistas sobre a recuperação da religiosidade, a polémica sobre o direito de usar ou não o véu muçulmano nas escolas leigas, a oposição maniqueísta entre um eixo do bem judaico-cristão e um eixo do mal muçulmano, a obrigação de escolher de um lado entre Obama e Osama bin Laden, a religiosidade dos políticos exposta na imprensa, o crescimento do Islão nos subúrbios franceses, tudo isso contribuiu para uma presença monoteísta forte no primeiro plano dos media. O meu livro provavelmente funciona como um antídoto a este estado de coisas, pelo menos em França. Está a ser traduzido para outras línguas.

(Q) – O seu livro defende um ateísmo "fundamentado, construído, sólido e militante". Isto quer dizer que é preciso convencer as pessoas da inexistência de Deus?

Onfray - Isto quer dizer que, quando uma pessoa não se contenta apenas em acreditar estupidamente, mas começa a fazer perguntas sobre os textos sagrados, a doutrina, os ensinamentos da religião, não há como não chegar às conclusões que eu proponho. Trata-se de não deixar a razão, com R maiúsculo, em segundo plano, atrás da fé - e sim dar à razão o poder e a nobreza que ela merece. Essa é a missão, a tarefa e o trabalho do filósofo, pelo menos de todos os filósofos que se dêm ao respeito.

(Q) - A destruição dos três grandes monoteísmos equivale a mostrar que o “rei vai nu”, como na fábula de Hans-Christian Andersen?

Onfray - Sim. É preciso mostrar que o rei está nu, deixar bem claro que o mecanismo das religiões é o de uma ilusão. É como um brinquedo cujo mistério tentamos decifrar partindo-o. O encanto e a magia da religião desaparecem quando se vêem as engrenagens, a mecânica e as razões materiais por detrás das crenças.

(Q) - Cita constantemente trechos do Corão, da Bíblia e da Tora para apontar contradições. Por que razão, se em muitos casos esses trechos nem são mencionados pelos religiosos na defesa das suas convicções?

Onfray - Os sacerdotes limitam-se a usar apenas um punhado de palavras, textos e referências, sempre postos em evidência porque são aqueles trechos que permitem assegurar melhor o domínio sobre os corpos, os corações e as almas dos fiéis. A mitologia das religiões precisa de simplicidade para se tornar mais eficaz. Fazem uma promoção permanente da fé em detrimento da razão, da crença diante da inteligência, da submissão ao clero contra a liberdade do pensamento autónomo, das trevas contra a luz.

(Q) – No seu livro cita contradições entre a pregação da paz e a da violência. Pode dar os exemplos mais marcantes desta situação?

Onfray - O famoso sexto mandamento da Tora ensina: "Não matarás". Linhas abaixo, uma lei autoriza a matar quem fere ou amaldiçoa os pais (Exodo 21:15 e adiante). Nos Evangelhos, lê-se em Mateus (10:34) a seguinte frase de Jesus: "Não vim trazer a paz, e sim a espada". O mesmo evangelista afirma permanentemente que Jesus traz a doçura, o perdão e a paz. O Corão afirma que "quem matar uma pessoa sem que ela tenha cometido homicídio será considerado como se tivesse assassinado toda a humanidade" (quinta sura, versículo 32). Mas ao mesmo tempo o texto transborda de incitações ao crime contra os infiéis ("Matai-os onde quer que os encontreis", segunda sura, versículo 191), os judeus ("Que Deus os combata", nona sura, versículo 30), os ateus ("Deus amaldiçoou os descrentes", 33ª sura, versículo 64) e os politeístas ("Matai os idólatras, onde quer que os acheis", nona sura, versículo 5).

(Q) - O livro ataca com virulência particular o apóstolo S.Paulo, descrevendo-o como um histérico. Por quê?

Onfray - Basta ler os Actos dos Apóstolos, nos trechos que descrevem a conversão de Paulo, e conhecer um pouco de psiquiatria, ou ter um manual de psicologia ao alcance da mão, para ver como os sintomas da visão que originou a sua conversão coincidem com os descritos pelos especialistas como sendo histeria: perca de tónus muscular, queda, cegueira momentânea, etc. Ao referir-me a Paulo, eu não emprego o termo neurose como um insulto de carácter moral, mas como um diagnóstico que pode ser estabelecido por um psiquiatra.

(Q) - Há uma diferença entre ser contra as religiões e não acreditar na existência de Deus?

Onfray - É possível acreditar em Deus e viver sem religião. Mas não conheço religião que viva sem Deus. Trata-se do mesmo combate, ou seja o verso e o reverso da mesma medalha.

(Q) - Mas não são poucos os que sustentam que a necessidade de Deus é inerente ao ser humano. Há quem acredite que essa necessidade é genética.

Onfray - Essa necessidade é cultivada culturalmente. É claro que não existe. Muito menos geneticamente. Essa é uma ideia ridícula. Não há nada no cérebro além daquilo que é posto nele. Já se viu alguma criança - imagem do que pode haver de mais natural - nascer acreditando em algum Deus ou em alguma transcendência? Deus e a religião são invenções puramente humanas, assim como a filosofia, a arte ou a metafísica. Essas criações, é bem verdade, respondem a necessidades, como a de esconjurar a angústia da morte, mas podemos reagir de outra forma: por exemplo, com a filosofia.

(Q) - Como explica o facto de muitos cientistas, diante da impossibilidade de explicar a imensa complexidade do universo, se voltarem para a hipótese da criação divina?

Onfray - O recurso a Deus e à transcendência é um sinal de impotência. A razão não pode tudo. Deve ser consciente das suas possibilidades e limites. Quando ela não consegue provar alguma coisa, é preciso reconhecer essas limitações e não fazer concessões à fábula, ao pensamento mitológico ou mágico. A ideia da criação divina é uma espécie de doença infantil do pensamento reflexivo.

(Q) - Como filósofo ateu, como encarou a forte emoção popular pela morte do Papa João Paulo II?

Onfray - Tamanho fervor deve ser relacionado com o facto de que João Paulo II foi de facto o primeiro "papa catódico", o primeiro Sumo Pontífice da era da comunicação de massas. Foi o homem mais filmado do planeta. Logo, foi o maior portador da aura que os media conferem. A maioria das pessoas tem um grande fascínio pelos ícones eleitos pelos media e acredita mais neles do que na verdade física. Daí a estranha sensação quando a TV prova que por trás daquela imagem divinizada havia alguém bem real, de carne e osso. Isso ficou demonstrado, na morte do papa, pelo uso espectacular da exposição do cadáver e pela criação de uma reacção histérica amplificada pela transmissão televisiva.

(Q) - Retoma casos recentes e antigos em que o papel da Igreja Católica não foi dos melhores: ataques a Galileu, silêncio diante do holocausto ou do genocídio em Ruanda. Mas é possível encontrar outros tantos exemplos de bons momentos do catolicismo. Isso não mostra que o problema não são as religiões e sim os homens que as interpretam e representam?

Onfray - Não me proponho escrever uma resposta ao livro O Génio do Cristianismo (obra de 1802 do escritor francês François-René de Chateaubriand, que refutava os filósofos anti-religiosos de seu tempo). O que quero é mostrar que as religiões, que dizem querer promover a paz, o amor ao próximo, a fraternidade, a amizade entre os povos e as nações, produzem na maior parte do tempo o contrário. Não me parece muito digno de interesse que os monoteísmos possam ter gerado o bem aqui ou acolá. Afinal, é a isso mesmo que eles se dizem propor. Não há motivo para espanto. Em compensação, que se devam a eles tantas barbaridades terrenas, extremamente humanas, parece-me muito mais importante como prova da inanidade das doutrinas.

(Q) - Críticos católicos alegam que o seu livro nada fez senão repetir antigos argumentos contra a religião. Quais são seus argumentos novos?

Onfray - Não se pode fazer muito mais, a não ser dizer e redizer o que é verdade há muito tempo. E repetir que os cristãos têm pouca moral para me reprovar por dizer antigas verdades, quando eles mesmos propagandeiam erros ainda mais antigos.

(Q) - Não se pode negar que a religião proporciona valores morais e éticos a muitas pessoas que de outra forma os não teriam. Isso, por si, não bastaria para justificar a existência das religiões?

Onfray - Se não houvesse alternativa, certamente. Mas há. A filosofia permite a cada um a apreensão do que é o mundo, do que pode ser a moral, a justiça, a regra do jogo para uma existência feliz entre os homens, sem que seja preciso recorrer a Deus, ao divino, ao sagrado, ao céu, às religiões. É preciso passar da era teológica à era da filosofia de massas.

(Q) - Acha que um dia o mundo será predominantemente ateu?

Onfray - Não. A fraqueza, o medo, a angústia diante da morte, que são as fontes de todas as crenças religiosas, nunca abandonarão os homens. Por outro lado, é preciso que alguns espíritos fortes, para usar uma expressão do século XVII, defendam as ideias justas. A questão é converter novos espíritos fortes. Só isso já seria muito.

(Q) - Quando e como se tornou ateu?

Onfray - Até quando me consigo lembrar, sempre fui ateu, a não ser na infância, quando acreditava na mitologia católica como se acredita no Pai Natal ou nas lendas. As histórias contadas pelo catolicismo têm tanto valor como estas. Está ao mesmo nível dos contos da carochinha, em que os animais conversam e os ogres comem criancinhas. Logo que um embrião de razão habitou a minha mente, nunca mais me importei com esse pensamento mágico - que só serve, justamente, para as crianças.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Autoridades chinesas receptivas ao debate do filho único


As autoridades chinesas estão cada vez mais receptivas a discutir o problema que a política do filho único representa para o desenvolvimento económico e social do país na medida em que aumentam os casos de infertilidade e da «síndrome do ninho vazio» (depressão que acomete pais quando os seus filhos saem de casa).

Meios de comunicação influentes como o Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista da China (PCCh), falam abertamente dos tratamentos de inseminação artificial e da adopção como «opções viáveis» para solucionar a questão da falta de filhos.

A lacuna entre o número de homens e mulheres, resultado de anos de preferência pelo filho varão - que proporciona sustento para a família -, assim como o envelhecimento da população, têm a sua origem na política do filho único.

Segundo números oficiais, a população do gigante asiático alcançou 1,32 mil milhões de habitantes em 2008, dos quais 200 milhões terão mais de 60 anos no final de 2015.

Enquanto a maioria dos casais urbanos chineses pode ter apenas um filho, com raras excepções ou com a possibilidade de um segundo mediante pagamento de «multa», a infertilidade aumenta devido a fenómenos como a poluição ambiental, a ingestão de hormonas - sobretudo entre os homens - e a idade avançada com que as mulheres se casam.

Actualmente, o número de chinesas que se casam após ter completado 35 anos aumentou, principalmente por razões profissionais e pela vontade de conquistarem uma situação financeira estável antes de ter filhos.

Segundo dados publicados num seminário sobre infertilidade na China, realizado em Agosto em Pequim, mais de 40 milhões de pessoas sofrem desse problema, quase 12% da população em idade fértil.

Deste número, 15% vive em regiões do litoral e desenvolvidas como a cidade de Qingdao, capital da província oriental de Shandong, e 18,9% no sul em Cantão.

Além disso, um estudo feito com 1.236 pacientes do Instituto de Pesquisas sobre Planeamento Familiar da cidade de Chongqing, mostrou que quase 60% das mulheres sofriam de infertilidade devido aos abortos, muitos deles feitos durante a adolescência ou em condições precárias em clínicas não autorizadas.

Um professor do Instituto de Pesquisas sobre População e Desenvolvimento da Universidade de Nankai, Yuan Xin, declarou ao Diário do Povo que um em cada oito casais chineses sofre de infertilidade, mas que a inseminação artificial é um método «caro e exaustivo».

Ao problema da infertilidade acrescenta-se o da geração de casamentos de filhos únicos, que podem provocar a «síndrome do ninho vazio» quando chega a hora de deixarem o lar.

Especialistas começam a recomendar aos pais de filhos únicos que encarem com optimismo a sua independência e a busca por novos horizontes.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

for when real sex is not an option

O papel dos Pais



Todas as pessoas precisam de sentir que alguém as ama e as admira, mesmo com todos os defeitos que possam ter... Dentro de uma família, sentir-se-ão sempre amadas e aceites, por mais disfuncional que a família seja, por mais terrível que seja o erro que tenham cometido (passado o primeiro momento de raiva e de aborrecimento que ele provoca).

A família deve sempre apoiar os filhos em tudo o que eles fazem, desde que sejam coisas razoáveis (dentro das regras familiares), e é ela quem promove o sentido de segurança dos filhos.

A família é a célula principal da sociedade; o lugar onde se desenvolvem as estruturas psíquicas, onde a criança forma a sua identidade e desenvolve o seu lado emocional. A família determina funções, papéis e a hierarquia entre os seus membros; é também o espaço social da confrontação de gerações e aonde os dois sexos (masculino e feminino) definem as suas diferenças e as relações de poder.

A família tem como função educar os filhos e prepará-los para o convívio social.

Dentro de uma família (entre pais e filhos) há dois tipos básicos de relações:

Relação entre os pais (marido e mulher):

A relação homem-mulher dá inicio a uma nova família. São duas pessoas diferentes, com as suas próprias crenças, valores, educação e cultura, que necessitam ajustar-se aos princípios de cada um para uma boa convivência. O equilíbrio conjugal, que é de suma importância, implica que o casal tenha respeito mútuo, amor, e que possa trocar ideias através de muitas conversas e diálogo para promover, desta forma, um ambiente saudável para o crescimento dos filhos. Os pais necessitam de estar sempre de comum acordo (nos temas fundamentais) para promover uma educação satisfatória.

Relação entre pais e filhos:

Cabe aos pais o papel de educar os filhos. A educação é a condição básica para o convívio social. Educar implica o uso de autoridade para estabelecer limites; dar ordens e proibir o indispensável que possibilite às crianças controlarem a sua impulsividade: todas as crianças nascem egoístas; passam a respeitar os outros através da educação, disciplina, mas, principalmente, pelo exemplo dos pais. As crianças identificam-se sempre com um dos pais, e fazem o que esse adulto faz.

Quando os filhos são pequenos, são os pais que decidem "o quê", "como" e "quando"; ou seja, têm plenos poderes sobre os seus filhos e tomam em seu nome as decisões que julgam correctas. A criança vive cómoda e agradavelmente nesta relação de dependência, com as suas necessidades básicas satisfeitas e os papéis claramente definidos. Mas, quando os filhos chegam à fase da adolescência, surge, na maioria das famílias, uma série de conflitos entre os pais e os filhos!

Os pais têm dificuldade em aceitar o crescimento dos seus filhos... Quantos pais dizem sentir saudades do tempo em que os filhos eram bebés? Admitir que o filho cresceu equivale a reconhecer que eles estão mais velhos!

Muitos pais não se conformam por terem perdido o "posto" de heróis insubstituíveis dos filhos, e não conseguem suportar o olhar crítico dos jovens filhos, pois estes começam a olhar os pais como são: pessoas com todos os defeitos e qualidades que lhes são próprios. Há pais que passam a controlar exageradamente a vida dos filhos, como se pudessem, com isso, voltar a tê-los como crianças: não respeitam sua privacidade, querem participar da vida deles de forma integral, e atemorizam-nos, para os controlar, com os perigos que aumentam nesta fase (a violência, a sida, a droga, etc...).

Muitos pais querem antecipar aos filhos o conhecimento de problemas que existem para evitar sofrimentos futuros... Mas o único método conhecido para se aprender, é vivendo a vida! Na realidade, a maioria dos problemas na relação entre os pais e os filhos baseia-se num conflito de poder! Os pais podem exercer o autoritarismo (quando o poder está nas suas mãos) para responder às suas próprias necessidades, ou fazer uso da permissividade, quando delegam o poder nas mãos dos filhos para depois fazerem o que querem...

O mais importante neste tipo de relacionamento é uma resolução conjunta; encontrar juntos soluções conciliatórias para que todos fiquem satisfeitos (aonde as minhas necessidades são tão importantes como as deles).

O papel principal dos pais consiste em apoiar, compreender e dialogar sempre com seus filhos.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Setembro


Setembro floresce em sapucaias,
vórtice de abelha
em aroma roxo-lilás.
Logo a flor será cumbuca de fruto.
Bendito o tempo entre floração e semente,
doce a amêndoa
do beijo que eu consigo roubar.


F Campanella

Cremação ou fogueira?


Um corpo inteiro, obeso ou magro, velho ou jovem, com cabelos, roupas, ossos e vísceras em questão de segundos transforma-se em alguns resíduos. As cinzas dão lugar ao personagem que saiu da vida para retornar à natureza em forma de carbono: isto é, basicamente, o que acontece na cremação de um morto.

As temperaturas dos crematórios excedem os 1000ºC, o que é possível derreter até metais, que dirá o nosso frágil corpo nessa tradição milenar que é a cremação.

Embora não seja tão difundida no Ocidente, no Oriente essa prática é mais consagrada, dialogando com o sagrado onde a queima do cadáver costuma significar um acto de purificação, limpando o “profano” do corpo e tornando a alma liberta.

Na história, vemos a cremação muito utilizada nas grandes derrotas para “limpar” a chacina depois de uma grande guerra, como faziam os gregos antigos queimando as “sobras” das batalhas. Com a chegada e forte influência da religião judaico-cristã a prática passa a ser vista como uma heresia, sendo reservada apenas como castigo aos transgressores.

A justificação era a de que a alma levaria certo tempo para se desvincular do corpo. Muitos espíritas, por exemplo, não admitem que o corpo seja incinerado antes de pelo menos 72 horas. Já nas religiões protestantes, não há restrições de acordo com as respectivas directrizes, no entanto, há sempre uma certa relutância por parte dos fiéis. Talvez devido ao imaginário do inferno.

Em termos económicos a cremação é muito mais barata nos crematórios públicos.

O processo é rápido e não é doloroso – claro. Antes do morto dar entrada no forno, passa um certo tempo numa câmara de refrigeração que serve como que uma espécie de “pausa” para fins burocráticos ou de outros empecilhos familiares que possam ocorrer. Depois, o morto, dentro de um caixão, é levado a uma temperatura de 1200ºC que o transforma imediatamente do estado sólido para o gasoso. Após umas 2 horas o estado gasoso passa e solidifica-se, e os restos ainda passam por um triturador e por fim, a famosa "caixinha" com as cinzas do morto é entregue ao familiar (que tem um prazo para reclamar as cinzas).

Diz-se que uma pessoa com uma média de 75 kg fica reduzida a menos de 1kg de pó! – O meio ambiente agradece!

Particularmente, não tenho dúvidas quanto a essa preferência quando eu morrer – tenho claustrofobia – o fogo vai encarregar-se de me “matar” realmente, caso tudo não passe de um erro. Embora seja raro hoje em dia, é possível encontrar notícias de pessoas que foram dadas como mortas por engano... Já imaginou como seria acordar preso dentro de um caixão?!

sábado, 18 de setembro de 2010

É difícil educar os filhos


Os cuidados com os filhos, têm estado de uma maneira geral a cargo da mãe por uma questão histórica e cultural: foi sempre a dona de casa e o marido passava a maior parte do tempo a trabalhar, sendo ela quem se tornava responsável e recorria ao pai quando a sua autoridade como mãe não era respeitada.

Mas nos tempos actuais, em que as mulheres também trabalham fora, sem muito tempo para se dedicarem aos filhos como gostariam, seria bom que a educação dos filhos fosse dividida entre o casal, algo que geralmente não tem acontecido, pois as mães continuam a educar os seus filhos e a despender o seu pouco tempo disponível para eles.

Mas este quadro vai mudando aos poucos, com muitos pais constatando a dificuldade das suas consortes em gerirem tudo da casa, propondo-se assim a colaborar tanto nas tarefas domésticas, como na educação dos seus filhos, acompanhando os seus trabalhos de casa e dispondo de tempo para conversar e brincar com eles.

O ideal é que a educação seja feita em conjunto entre o pai e a mãe e, principalmente, que ambos concordem entre si.

Um exemplo: o pai não deixa o filho ficar ao computador até mais tarde e a mãe, com pena dele, aceita contradizer a regra imposta pelo pai. Agindo assim, ela faz com que o pai perca toda a sua autoridade e, pior do que isso, intui ao filho de que há sempre uma maneira para conseguir o que ele deseja, achando que pode tudo! O inverso também acontece, quando o pai, por se sentir culpado de não estar mais presente, acaba por satisfazer as vontades dos filhos, contrariando a mãe.

Educar é dar o exemplo! Não adianta o pai dizer uma coisa e fazer outra, pois os filhos seguem o exemplo do seu comportamento e não as palavras! Educar também é estar presente, participar com os filhos em actividades comuns, saber ouvir o que os filhos têm a dizer e não os criticar pura e simplesmente, mas deixando bem claro que não concordam com determinadas atitudes quando não agem da forma como deveriam agir, mas deixando espaço para o diálogo, para que eles expressem as suas razões por terem actuado daquela determinada forma. Os castigos só funcionam quando os pais explicam a sua razão.

A base para uma educação eficaz está no estabelecimento de um vínculo afectivo duradouro e isso só se consegue com diálogo, convívio e respeito mútuo!

O ideal para educar uma criança, para que se venha a tornar num adulto seguro de si e bom cidadão, é que o pai e mãe se relacionem bem entre si, independentemente de estarem casados ou não.

Uma coisa é ser pai, ser mãe, outra bem distinta é ser um casal: o relacionamento pode acabar um dia, mas o papel de pais será pela vida fora! E é importante que estes pais, casados ou separados tenham consciência de que os filhos são para a vida toda e que os pais são os principais responsáveis pela sua educação. Portanto, devem sempre dialogar sobre como devem conduzir a educação dos filhos e o papel que cabe a cada um.

Muitos pais separados até gostariam de manter um contacto maior com os filhos, mas o seu trabalho e o seu tempo disponível nem sempre é compatível com o tempo disponível dos filhos, ou porque a lei os obriga a vê-los a cada quinze dias, o que dificulta a construção de laços afectivos entre eles ou até pela dificuldade de fazer acordos extra-judiciais com a mãe para ver os filhos em outros momentos importantes para o estabelecimento dos referidos laços afectivos.

É vulgar ver-se pais satisfazerem todos os gostos dos seus filhos, tendo dificuldades em dizer não e mimando-os excessivamente, como se isso fosse minimizar o seu sentimento de culpa ou fazer com que os seus filhos os amem mais.

Para que um pai possa estabelecer e manter um relacionamento saudável com os seus filhos durante toda a vida, é importante que esse contacto seja de qualidade, isto é,que ele esteja presente e faça actividades com os seus filhos.

Também é importante dialogar com os filhos sobre o dia a dia deles, como se sentem na escola, verificar os seus trabalhos de casa, conhecer os amigos e, porque não, promover programas com os filhos e os seus amigos.

Gostaria de salientar que, mais importante do que o tempo despendido com os filhos, é a qualidade deste tempo com eles que mais importa.

Muitas vezes, meia hora de conversa e atenção exclusiva para cada um deles é muito mais eficaz do que passar um dia todo sem se conversar, estando apenas e só debaixo do mesmo tecto.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Amizade colorida


Amizade colorida é a que inclui “intimidades” que não temos com uma amiga normal. É uma grande invenção dos tempos modernos para saciar a vontade de quem está só, enquanto o grande amor não vem.

Depois de alguma pesquisa e conversa cheguei à conclusão que amizade colorida inclui alguma paixão, bastante quimica, e muito desejo carnal por alguém por quem sentimos atracção e cuja companhia é agradável.

As vantagens: trocar uns beijos, uns apalpões e até pode haver sexo, sem qualquer tipo de cobrança.

Compromisso: apenas o comum acordo.

No meu ponto de vista é um “quase namoro”, onde obrigações ou cobranças do tipo: Onde foste? Com quem? A que horas chegaste? e por ai fora… não existem. Onde não é preciso lembrar-nos de datas e comprar presentes, ou ligar e “bajular”.

No entanto existem algumas regras a cumprir:

1ª uma conversa aberta sobre o antes, o durante e o depois. Afinal para além do “colorida” existe a “amizade”, certo?!

2ª ter plena consciência dos actos.

3ªa tendência é só melhorar :-)

Começa a complicar-se quando uma das partes se começa a envolver, por isso é preciso ficar atento à evolução das situações, e se necessário for, por um ponto final para que ninguém se magoe.

Afinal a sinceridade é a base de todas as relações.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Gosto quando me falas de ti


Gosto quando me falas de ti…
e vou te percorrendo
e vou descortinando a tua vida
na paisagem sem nuvens,
cenário de meus desejos tranquilos

Gosto quando me falas de ti…
e então percebo que antes mesmo de chegar,
me adivinhavas,
que ninguém te tocou, senão o vento
que não deixa vestígios,
e se vai desfeito em carícias vãs…

Gosto quando me falas de ti…
quando aos poucos a luz
vasculha todos os cantos de sombra,
e eu só te encontro
e te reencontro em teus lábios,
apenas pintados, maduros,
mas nunca mordidos antes da minha audácia.

Gosto quando me falas de ti…
e muito mais adiantas
em teus olhos descampados, sem emboscadas,
e acenas a tua alma, sem dobras, como um lençol distendido,
e descortino o teu destino,
como um caminho certo,
cuja primeira curva foi o nosso encontro.

Gosto quando me falas de ti…
porque percebo que te desnudas como uma criança,
sem maldade,
e que eu cheguei justamente para acordar tua vida
que se desenrola inútil
como um novelo que nos cai no chão…

J.G. de Araujo Jorge

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Mentes inquietas


De autoria de Ana Beatriz Barbosa Silva, médica com pós-graduação em psiquiatria pela UFRJ e especialização em Medicina do Comportamento pela Universidade de Chicago, Estados Unidos.

Por ser uma obra densa e recheada de exemplos reais, colocarei aqui algumas coisas que me chamaram especial atenção numa visão geral deste livro.

Pessoas com sintomas típicos como desatenção, desorganização e atabalhoamento, muitas vezes são vistas como não tendo jeito e muitas vezes levam uma vida soterrada por críticas e culpa.

Mente Inquieta (cérebro com funcionamento DDA), não significa um cérebro defeituoso. Seu comportamento peculiar é responsável pelas suas melhores características, bem como suas maiores angústias. O livro aborda vários traços comportamentais de pessoas com mente inquieta.

Citarei algumas:

- Desviam a atenção por qualquer estímulo;
- Dificuldade em prestar atenção na fala de outros;
- Desorganização quotidiana;
- Dificuldade com actividades obrigatórias de longa duração;
- Interromper as tarefas no meio;
- Tendência a estar sempre ocupado;
- Costume de fazer várias coisas ao mesmo tempo;
- Hipersensibilidade;
- Instabilidade de humor;
- Tendência ao desespero;
- Depressões frequentes.

Para essas pessoas, é um desafio adequarem-se ao ritmo não-elétrico dos outros. Um caso real que achei interessante foi de um Contabilista que se sentia tolhido numa escada rolante. Para ele, escada rolante significava tortura, da forma em que ele a subia normalmente. Logo que a escada se movia, ele rapidamente chegava ao topo enquanto as pessoas aguardavam calmamente o movimento da escada.

São traços que como diz a autora, podem ‘cair mal’ para quem precisa trabalhar em funções burocráticas, rotineiras ou repetitivas ao passo que é positivo para quem exercita a criatividade como compositor ou artista.

Achei curiosa a abordagem da afectividade nessas pessoas: emoção em excesso e escassez de razão. São pessoas que amam intensamente no interior de suas mentes, mas não conseguem colocar em prática o que vivem em seus pensamentos. Muitas vezes, os seus parceiros nem sequer imaginam que são objecto de tão nobres sentimentos. Felizmente toda essa emoção tende a transformar-se em poesias, obras literárias ou músicas. Semelhante a um vulcão inactivo, a pessoa pode apresentar-se calma e tranquila externamente, mas por dentro, mantém-se agitado e inquieto.

A autora cita o nome de alguns famosos que apresentavam esses traços.

Citarei alguns:

Fernando Pessoa – Em sua obra há traços de inquietação, contradição, devaneios, dificuldade em seguir regras. (Como no poema “Liberdade”: Ai que prazer/ não cumprir um dever/ ter um livro para ler/ e não o fazer...) Criou por isso vários ‘eus’, os heterónimos, indicando uma personalidade inquieta e de humor instável.

Leonardo da Vinci – Uma mente movida por inquietação. Além de pintor, foi arquitecto, botânico, urbanista, cenógrafo, cozinheiro, inventor, geógrafo, físico e até músico. Deixou uma infinidade de obras inacabadas por começar vários projectos ao mesmo tempo, característica desse tipo de funcionamento mental.

Bethoven – Inquieto, polémico e incompreendido. Era acometido de devaneios e distracções, segundo seus amigos. Produziu obras geniais sem escutá-las. Elas brotavam de sua mente inquieta, imune à sua surdez.

Pessoas com este problema tem vulnerabilidade para desenvolver outros transtornos como TOC, Fobias, Pânico, Depressão, transtornos alimentares e de humor, para citar alguns.

A autora dedica um capítulo ao maior desafio: a difícil tarefa de dormir bem e orienta como relaxar um cérebro a mil por hora.

Em suma, Mentes Inquietas é um guia para quem apresenta esse funcionamento cerebral que mescla desafios vários com muita criatividade. A autora transmite uma visão optimista sobre o problema e uma variedade de recursos para tratamento. Tirei muito proveito desta leitura e por isso a recomendo.

Quando o casamento parecia a caminho de se tornar obsoleto, chegam os gays...




Quando o casamento parecia a caminho de se tornar obsoleto, substituído pela coabitação sem nenhum significado maior, chegam os gays para acabar com essa pouca-vergonha.

Luis Fernando Veríssimo

Nunca mais



Passa um dia,
e outro a correr atrás dele
e outro e outro...
O tempo a todos impele,
tal o vento
levando, em doida correria,
revoadas de folhas outonais,
folhas de calendários sempre iguais,
uma a uma arrancadas,
perdidas nas estradas...

Nunca mais... Nunca mais...

Saúl Dias

os minutos mordem-me os calcanhares


Não é que eu tenha nascido noutro sítio.
Muito menos, que me preocupe o tempo
na sua beleza de abstracta redondez lunática.
É que os minutos mordem-me os calcanhares
formigas enfurecidas urgindo-me a fazer
a não me deter em função dos finais.

É muito certo
a pressa é um agulheiro na calma da insónia
uma muralha na planície dos sonhos
um bebedouro de ilusões que amiúde falham.

Não é que me avassale o medo do atraso
porém esvai-se-me a magia
perdi as fórmulas, os hieróglifos, as poções
a chave dos segredos que guardava
as coisas que o sábio confiou aos meus ossos.

Confesso
Cada vez sou menos eu
E mais o que vivi.
Por isso é que me apuro
para não chegar tarde
ao que realmente fui
quando tudo acabar.

Consuelo Tomás Fitzgerald

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

irmãs gémeas




Naquele nascer tímido do sol ouvia-se o sino da Igreja Matriz repicar ao fundo. Tão ao fundo que, na verdade, estamos falando da Matriz da cidade vizinha. Assim começou o dia num pequeno vilarejo encravado no meio do quase nada, mas que o Prefeito insiste em chamar de cidade quando faz seus discursos emocionados no seu palanque de madeira ilegal.

De fato aquela cidade era pequena. Um ovo, se você quiser uma comparação. Tanto é que todos os habitantes - do capelão ao cafeteiro – possuíam apenas 2 sobrenomes legítimos. Uma família casava-se com a outra e inventava um sobrenome, só para impressionar aqueles que ousavam pedir a lista telefónica. Ousar é a palavra certa.

Todo mundo lá se conhece por nome, sobrenome, apelido, ficha criminal, maternidade, emprego…. Todo mundo sabe quem traiu quem, quem tá devendo na venda ou quem ganhou um aumento no trampo só porque puxou o saco do patrão. Não adianta esconder seu segredo naquele porquinho rosado da estante da sala… todo mundo sabe.

Os parágrafos que você pacientemente leu dão uma ideia geral de como é o cenário da nossa historinha. O que eu quero contar é como Azaléia foi obrigada a sumir do mapa por causa de algo que ela não fez, com o dinheiro que ela não tinha, num local que ela nunca visitou. Vejamos como foi:

Azália era ruiva. Azaléia também. Azália tinha olhos verdes. Azaléia também. Azália gostava de pintar suas unhas com Amarelo Pastel, 219 da marca Hits, exatamente a mesma cor de Azaléia. Nessa altura da frase você já deve ter sacado que Azaléia e Azália eram irmãs gêmeas e gostavam de mostrar essa qualidade para toda a população da nossa cidadezinha de merda.

Azaléia era a gêmea boa, pura, casta. Praticamente uma Paulina Martins. Já Azália, por sua vez, era a encarnação de Paola Bracho. Usurpadora Feelings. Mas como já dissemos exaustivamente nesse texto, a cidade era pequena, todos se conheciam… Azália não poderia colocar em prática tudo o que planejava. Teve que se contentar com um mero plano para comer bem. E quase de graça.

O plano deveria contar com a participação involuntária da irmã, ao menos no primeiro teste. E foi assim que aconteceu:

Azália entrou em sua cafeteria favorita para tomar seu brunch favorito. Sentou-se numa mesa afastada e pediu completo, com direito a croissants, cappuccinos, tortas de limão, pães recheados, doces, cafés… Não sairia por menos de 30 reais. Azaléia (a irmã boa) entrou pouco tempo depois. Pediu coisas leves, saudáveis. Não gastaria mais do que 7 reais para pagar tudo o que iria consumir.

Ambas satisfeitas após a refeição, pediram a conta. O pulo do gato deveria ser dado no momento da entrega da conta. Azália levantou-se, foi até a mesa da irmã, abraçou-a e beijou-lhe as faces. Enquanto a falsidade reinava em cima, em baixo suas hábeis mãos trocavam as contas. Azália saiu primeiro e pagou os 7 reais. Azaléia, coitada, argumentou com a moça do caixa que não tinha consumido tudo aquilo e que havia ocorrido um engano. Usou exatamente esses termos: “Sua garçonete deve ter trocado as contas“. Saiu pagando os 7 reais também.

Vitória de Azália! Em uma semana repetiria o golpe, dessa vez com uma estranha. E num restaurante maior, claramente o mais chique da cidade. O que não quer dizer muita coisa, claro.

Repetiu-se tudo como no teste. Escolheu uma vítima que estivesse comendo pouco, trocou as contas e saiu pagando menos da metade do que deveria. O pobre cidadão reivindicou seus direitos de bancar somente o que consumiu e conseguiu o consentimento da gerência. Só que dessa vez dona Flora, velhinha ranzinza e com o grau das lentes dos óculos muito baixo para corrigir seu problema de visão, presenciou tudo, atribuiu o golpe a Azaléia e como uma autêntica fofoqueira, espalhou para a cidade inteira.

Azaléia era oficialmente uma gatuna mau caráter, que se aproveitava da boa fé dos comerciantes para aplicar sórdidos golpes. Seus feitos foram inflacionados, de modo que se contava que até estátua sumida de Santo Agostinho era sua culpa. A casa foi pixada com palavras de ordem e protesto. O capelão fez o sermão daquele Domingo falando sobre o ocorrido e meteu o santo pau na pobre garota. As lojas não lhe vendiam nada parcelado. Entradas no cinema lhe eram negadas. Nenhum garotão boa pinta lhe convidava pra sair. A vida de Azaléia tinha virado um inferno.

Sendo assim, nada mais restava para Azaléia. Era hora de abandonar aquela cidadezinha de merda. Para sua irmã Azália, um mundo de possibilidades abriu-se. Hoje ela ainda percorre cidades do interior aplicando seus pequenos golpes, sempre fazendo questão de apresentar-se como Azaléia.

Pobres gêmeas…

10ª Carta do meu primo Luis Bernardo


Meu Caro Manuel,

Ao invés do que te tinha prometido acabei por não conversar com o Philip Morrison, o inventor da bomba atómica mas encontrei-me com um padre jesuíta alemão, Klaus Luhmer, que sobreviveu à de Hiroshima em 1945 e a quem fiz algumas perguntas sobre tão horrível acontecimento para a Humanidade.

Disse-me que estava a 4km do local aonde a bomba foi lançada. A essa hora com uma temperatura de 30º centígrados, e não muito depois das 8h da manhã, estava a rezar no jardim da residência de jesuítas noviços nos arredores de Hiroshima.

Recorda ter visto algo que não conseguiu compreender, mais brilhante que o sol, uma espécie de hemisfério. Teve a intuição de que seria uma bomba altamente explosiva que tinha rebentado atrás de uma montanha próxima.

Teve ainda tempo suficiente para correr para a cave e abrigar-se. Viu um clarão, e uma onda quente veio na sua direcção. Sentiu o embate dessa onda e a casa abanou e tremeu, três quartos das telhas do telhado caíram como se estivesse a chover, e todas as vidraças das janelas estilhaçaram-se.

Um bombardeiro americano B-29 tinha largado uma bomba atómica pela primeira vez na história. Apelidada de « Little Boy », a bomba atómica destruiu 2/3 dos edifícios de Hiroshima, matando um número estimado de 140,000 pessoas, cerca de 1/3 da população da cidade – acrescentou-me o padre Klaus.

Ele quis no entanto investigar o que tinha acontecido, e por isso subiu a um monte atrás da referida residência para olhar para a cidade. Viu Hiroshima em chamas.

O céu estava claro, mas súbitamente apareceram nuvens negras e começou a chover. Era uma uma chuva preta. Estava empapada de cinzas, que caíam com a chuva como sedimentos – contou-me Klaus.

Regressou à residência dos jesuítas, aonde tinham começado a chegar os primeiros feridos da cidade. Luhmer viu imensas pessoas com a pele em farrapos pendente dos ossos, o tecido das suas roupas parcialmente colado à pele por causa do calor.

Os Jesuítas transformaram a mesa de jantar em mesa de tratamentos e começaram a cuidar daqueles a quem ainda podiam socorrer.

Klaus e um grupo pequeno de outros padres partiram para a cidade, encontrando pelo caminho multidões de feridos caminhando em todas as direcções.

O centro de Hiroshima oferecia um espectáculo aterrorizador. Fogos por todo o lado, casas e lojas desmantelando-se, com os mortos e feridos no meio das ruínas.

Luhmer recorda-se de ter visto umas dezenas de soldados fardados, pedindo por água para aliviar os seus corpos semi-queimados. Conseguiram ajudá-los, pois havia um poço muito perto – acrescentou-me.

Luhmer e os seus colegas fizeram o que podiam, trabalhando árduamente no meio das ruínas durante dois dias. Depois, os militares japoneses, selaram a cidade, enviando soldados para se ocuparem do vasto número de mortos.

Disse-me que os militares tinham como missão, retirarem os cadáveres dos escombros e atirá-los para uma enorme pira, regá-la com petróleo e pegarem-lhe fogo. Isto foi o que fizeram aos milhares de cadáveres : foram tidos como desaparecidos !

A residência dos jesuítas estava suficientemente longe do sítio aonde a bomba atómica detonou o que lhes permitiu sobreviver.

Os padres regressaram à sua casa para continuarem a missão de ajudar os feridos. Uma rapariga muito jovem a quem ele ensinava piano, veio dizer-lhe que o pai tinha morrido.

Luhmer quis poupar a viúva a uma tarefa terrível e por isso pegou em madeira e paus e fez uma pira funerária, queimando o corpo do homem. Disse-me que nunca mais esquecera o cheiro nauseabundo que pairou no ar.

Recordou-me que no dia seguinte, os Estados Unidos da América, lançaram uma segunda bomba atómica sobre Nagasaki, matando cerca de 150.000 pessoas dos 240.000 habitantes da cidade.

O Japão sem mais delongas, assinou a sua rendição e a Segunda Guerra Mundial chegou ao fim.

Terminou a nossa conversa contando-me que visitou um idoso japonês que se encontrava gravemente doente na cama e que sofria de terríveis dores. Desejou consolá-lo. Cheio das melhores intenções, disse-lhe: "Deus testa com sofrimento a quem ama!" Ao que o velho homem retorquiu, cheio de dores: "Sim, mas agora, neste instante, eu desejaria que Deus amasse outra pessoa!"

Muitas vezes usamos frases feitas ou procuramos explicações para o sofrimento de um justo mas não chegamos ao fundo da questão.

Um abraço do teu muito afeiçoado

Luis Bernardo

O amor dá fome

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Lealdade. seria de facto impressionante, vale a pena tentar (para provar que é rotundamente falso)


Para saberes quem te ama de verdade, faz o seguinte teste:

1 - Tranca o teu cão e a tua mulher na bagageira do carro.
2 - Aguarda exactamente uma hora...
3 - Abre a bagageira...
4 - Vê quem está feliz por te ver novamente.

É impressionante!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

9ª Carta do meu primo Luis Bernardo


Meu Caro Manuel,

Vi o teu comentário sobre o livro do “Caim” do Saramago: o Deus das coisas violentas desde o dilúvio e a Arca de Noé, de Sodoma e Gomorra, ao do sacrifício de Isaac - castigador e distante que se comporta como um ser maléfico.

Fantasias e recalcamentos do Saramago, mas de facto quem escreveu a Bíblia, mesmo utilizando uma linguagem apropriada à época e destinada a disciplinar povos bárbaros sem lei nem ordem, não se preocupou em antecipar os perigos da falta de rigor e de sentido mutável que iriam perturbar os futuros leitores, muitos séculos depois.

Por isso não é doutrinalmente grave o que Saramago diz - não passam de invenções tanto dele como da Bíblia pois esse Deus assim descrito, não existe nem existiu.

Deixa-me perguntar-te: se estivesses para morrer amanhã, sentir-te-ias feliz pelo que fizeste hoje?

Pega no telefone hoje e diz qualquer coisa de especial a quem é para ti também especial. Dá uma volta por todos a quem tu amas e com quem tens afinidades, abraça-os e beija-os e dá-lhes um sinal do teu afecto por eles.

Escreve uma pequena nota a todos quantos estão distantes de ti mas continuam bons amigos e diz-lhes o que significou tê-los tido na tua vida.

Depois senta-te e escreve uma carta à tua mulher e aos teus filhos e partilha com eles tudo quanto aprendeste sobre a vida, tudo quanto queres que eles saibam como ultrapassar, como fazer as coisas acontecerem, como encontrar alegria e como podem levar um pouco de felicidade a outros, apesar de todos os desafios que lhes estão destinados.

E quando tiveres terminado tudo isto, escreve-te uma carta a ti próprio, descrevendo o que fizeste de bem, mesmo com tudo o que tiveste que passar por.

E finalmente escreve uma carta a Deus, seja ele da forma como o entenderes e conta-lhe a tua vida pelas tuas palavras. As “cartas” para aqui, são fáceis pois tu fazes parte desse Deus e por isso é importante para ti, enquanto estás na terra e não morreste, teres uma visão desapaixonada de como encaraste a vivência da tua vida.

Só tem mesmo importância para ti e para os que te rodeiam, mas é sempre bom deixar a casa arrumada antes de grandes viagens, não é?

Mas se não morreres amanhã, se ainda estiveres vivo no fim da semana, decide como tencionas passar o tempo que ainda te resta com esse teu corpo na vida aí na terra.

Toma novas decisões sobre o sentido e o propósito da tua vida. Tenta elevá-la acima do nível da mera sobrevivência. Reflecte para veres o que escolherias como a razão para viveres.

Vive o tempo que ainda tiveres o melhor que souberes e puderes. Segue a agenda da tua “alma”. A tua vida , com a longevidade que possas vir a ter ou não, já não será mais a mesma. Terá um sentido, uma direcção, finalmente.

E isso tornará cada momento num momento especial

Dá-me notícias depois do fim das tuas férias.

Tenho uma conversa marcada com o cientista que fabricou a bomba atómica, pois morreu recentemente. Depois te contarei. Disse-me que nunca recuperou com remorsos pela gente a quem causou mortes horríveis.

Um abraço do teu primo muito afeiçoado

Luis Bernardo

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Perguntei a um sábio a diferença que havia entre amor e amizade


Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele me disse essa verdade...
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.