Pensar no passado
Tenho estado com esta gripe prolongada, em casa. Tem os inconvenientes que traz a toda a gente.
Tenho ainda para triar e arrumar uma série de papéis que fazem parte de um arquivo gigantesco que herdei e constituí ao longo dos diversos sítios por onde vivi e passei e com quem me relacionei, por ser o Morgado.
Mas não me apeteceu com tosse e sinusite, dedicar-me a essa tarefa.
Muitas vezes fechava os olhos e vagueava por várias fases da minha vida.
Vivemos 15 anos numa Quinta em Sintra, com piscina e ténis e um jardim luxuriante completado pelo Francisco Caldeira Cabral.
Já tínhamos os seis filhos, alguns pequenos ainda e outros mais velhos, mas andando todos num Colégio em Lisboa.
Tinha um casal que tinha vindo das Filipinas e ele servia de motorista e levava-os a Lisboa cedo de manhã e trazia-os de volta a meio da tarde.
Uma tarde destas, fixei-me em me lembrar desses tempos.
Era nessa altura Presidente da Torralta e tinha o meu motorista que me vinha buscar ou para a sede em Lisboa ou muitas vezes para Tróia.
Quando podia, voltava mais cedo para gozar de Sintra, jogar ténis com o meu filho Manel, ou dar passeios com os outros e com cães, pela Quinta e no Verão irmos para a piscina. Muitas vezes vinham amigos deles e meus. Era uma Quinta linda e a casa era enorme e com classe. Era quase em frente de Ribafria, com um clima excelente.
Muitas vezes no Verão íamos para a Praia Grande e ficávamos até ao pôr-do-sol, com os amigos da praia.
De repente, abri uma fotografia à porta acabado de chegar do trabalho de camisa e gravata. Havia uma entrada e um parque em frente da casa aonde os carros nos largavam.
E vi nessa fotografia pendurados a mim o Guizinho, o Frederico e o Lourenço a darem-me beijinhos de chegada. É uma fotografia muito ternurenta pois era a felicidade do encontro depois de cada um ter as suas obrigações durante o dia.
O Manel, a Mariana e o Diogo vinham mais tarde. Também remomerei brincadeiras na piscina e na praia com as ondas grandes.
E senti-me tão feliz em rever e sentir as emoções dos meus filhos cujo nascimento foi sempre uma comoção e alegria quando os punham nos meus braços.
A Xum - minha Mulher- muitas vezes tinha saído no carro dela, mas chegava a casa para o lanche e acompanhávamo-nos. Tínhamos para além da Filipina uma cozinheira excelente.
Foi uma vida de aproveitamento de Sintra, da Quinta, da Praia Grande, e de inúmeros amigos que iam lá jantar e almoçar na piscina, para além do ténis, do jardim. Uma maravilha.
Abria os olhos e ficava tão contente e orgulhoso dos meus Filhos e de quanto os amo e agora de 8 netos, que adoro e retribuem-me mas não são o sangue directo do meu sangue.
Como foi possível que de uma gripe incómoda, tenha tirado umas grandes memórias.
Fui ao Japão e trouxe um Karaoke e a Mariana e eu ficávamos a cantar até à meia-noite, com vozes de artistas de renome. Divertíamo-nos muito.
Gostava com a mesma e igual intensidade de todos, mas a Mariana era a única rapariga pelo que havia uma enorme cumplicidade.
Um dia destes morro, e tenho milhares de recuerdos para me lembrar.
A Xum, foi uma companheira completa, muito bem educada e uma companhia qualificada para as minhas funcões importantes e sempre foi muito admirada pela beleza, chique nos trajes que escolhia e com o diálogo como embaixadora que me completava.
Enfim, foram memórias do passado que me aqueceram o coração.
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