O Peninha ficou para trás em Cabul. Arranjou uma burca e papéis falsos dizendo que tinha servido de intermediário e de que conhecia bem os talibãs e só por isso eles tinham aceitado colaborar com os USA.
Foi várias vezes até ao aeroporto e quando os soldados americanos, mais malandros, o que queriam era apalpá-lo com o pretexto de saber o que estava debaixo da burca, começava então aos gritos: - paneleiros, maricas...e os soldados perguntavam-lhe de que nacionalidade era e ele declinava ser português.
Lá apresentava os papéis falsos que estavam muito mal feitos e os fiscais do aeroporto riam-se na cara dele...ahahahahahha...you dirty portuguese e mandavam-no para trás.
Aflito e com medo de não poder embarcar foi visitar a Embaixada da Ruritânea que ainda funcionava e quando ultrapassou a porta e se encontrava lá dentro, tirou a burca. Os guardas ficaram espantados pois viram tratar-se de um homem vestido de fato brasileiro claro às riscas e uma gravata verde-alface, e uns sapatos de crocodilo falso verdes claros também, bicudos, de matar baratas ao canto.
Lá o levaram à presença do Encarregado de Negócios da Embaixada a quem Peninha explicou os enormes esforços que tinha feito para conseguir alguma colaboração entre os talibãs e os americanos no controlo do aeroporto de Cabul.
O diplomata ouviu-o em silêncio e chamou uma secretária e disse-lhe em ruritanês que o levasse para ele tomar um banho e que o vestisse de mulher.
Peninha foi atrás dela e quando viu entrarem os dois para a casa de banho e ouviu : strip, ficou perlexo e lá se despiu.
Ela deu-lhe um banhinho mexendo-lhe em todas as partes do corpo incluindo as baixas, com um sabonete da Ruritânea que era o género do Dove e Peninha estava a adorar pois tinha um cheiro pestilento, por ausência de banho desde há semanas.
Assim que terminou o duche, enrolou-o num lençol côr-de-rosa e levou-o para o quarto. Peninha queria comer-lhe as carnes mas ela não deixou e explicou que era trans.
Deu-lhe um soutien côr de carne e umas cuequinhas rendilhadas da mesma còr e umas meias-de-vidro que tinham uma etiqueta já meia apagada e dizia "O Rei das Meias ao Chiado".
O vestido era de linho preto deixando ver os "alvos seios" que ele não tinha e depois de lhe calçar umas sandálias de coiro pretas, vestiu-lhe por cima de tudo isto uma burca elegante em seda preta que o tornava sensual.
Peninha tinha lentes de contacto de côr azul-claro e era só o que aparecia à vista. Olhos azuis, coisa rara entre os beduínos.
Voltou à presença do Encarregado de Negócios que louvou a secretária. Mandou, então dois esbirros darem um pontapé no cú e porem-no fora da Embaixada.
Não teve outra saída senão de tentar ir de novo até ao aeroporto e desta vez à entrada controlada pelos britânicos.
(continua)