A análise de um ano complicado
Para toda a gente 2020 trouxe uma surpresa que foi o Covid 19. Não importa escrever demais sobre os aspectos técnicos do vírus e da pandemia, se foram ou não previstos, cumpridos e bem geridos que pelo pelo Governo quer pelos cidadãos.
Importa-me mais olhar para dentro de mim e tentar generalizar um pouco para com quem interagi: familiares, amigos, profissionais.
Um primeiro aspecto que foi relevante foi o de ter criado uma sensação de impotência não só face ao desconhecido e sobretudo no início, como haver pouco a fazer em termos individuais para superar a insegurança, o medo e a impossibilidade de reagir.
Para o meu feitio (só sou parado quando me surge uma parede de betão e sem passagens, mesmo estreitas por baixo ou por cima) esta situação tornou-se insidiosamente incómoda, perturbadora do meu natural equilíbrio e cerceadora da liberdade de movimentação.
Sou muito cioso da minha liberdade e da de todos por isso odeio ditaduras de qualquer tipo. Isto não quer dizer que não seja “bem-mandado”, isto é, quando quem com razão e autoridade me indicar o caminho, nem hesito em obedecer. São por isso, coisas diferentes.
Entretanto, no mundo, ocorriam mudanças políticas em países importantes, dos mais significativos com um decorrer de tempo desesperante até a uma definição aceitável, o que me perturbava igualmente. Tendo mais tempo disponível e liberdade de distribuir as minhas horas de trabalho profissional, dedicava bastante tempo a acompanhar nos diversos meios de comunicação, o que se ia passando.
Uma impaciência enervante era o que sentia com as mudanças bruscas a cada dia que tinham impacto no mundo livre, na economia e nas reacções internacionais das grandes potências.
Ficou assim abalado o meu conceito de estabilidade e de paz interior, reagindo mais ansiosamente, menos compassivamente, com mais irritação com pessoas, ideias e coisas que se iam cruzando no meu dia-a-dia.
Claro que, dentro deste invólucro estão as redes sociais e os seus participantes no Facebook, WhatsApp, e-mails, canais de televisões com notícias e programas, conversas sociais e familiares – tudo a acrescer ao sucessivo desenvolvimento de vários tipos de confinamento que iam surgindo.
Ouvia-se vagamente falar que tudo isto causava depressões, separações e divórcios, suicídios, doenças penosas que terminavam na morte de quem muitas vezes nos sendo indiferentes e sem especial proximidade, respiravam o mesmo ar da nossa mesma comunidade.
Fui poucas vezes a psicólogos e psiquiatras. Aos primeiros, para além de gastar o dinheiro do tempo passado no gabinete, acabava por ser eu quem dava a consulta.
Os psiquiatras, salvo honrosas excepções aliás como para com os psicólogos, era entrar e na primeira vez explicar sucintamente ao que vinha, e na receita uma série de químicos que, na maior parte dos casos, tinham sucesso.
Isto vem a propósito de eu ter pensado fazer uma visita a um destes “sacrossantos habitáculos” para me queixar de…..o que eles próprios, quiçá, também sentiam. Gosto de chá, bebi-o em “piqueno” e parece que há uns quantos que acalmam os interiores. Só que ainda não se descobriu umas ervas contra o Covid, e o Earl Grey é um dos meus favoritos.
Assim que, continuei na mesma. Resolvi voltar-me para três “mèzinhas” que andavam há uns tempos enterradas no subconsciente: o esquecimento de mim próprio e a atenção aos outros que precisem ou simplesmente gostem de comigo estar; um adoçamento do coração e interesse em fazer novos amigos/as; procurar novos negócios em plena "crise" palavra a que os chineses chamam de "oportunidades".
Tem corrido bem, estou menos stressado e apesar de não me deixar vencer pelo desânimo e sucessivas "vagas" assustadoras da “Nazaré”, dar-vos-ei notícias quando algo de significativo merecer a caridade da vossa leitura…imaginam-me a pedir a vossa caridade, mas a aplicação desta expressão “caridade” estava eivada de cinismo e era uma brincadeira entre mim e um meu amigo e colega de Administração de um banco aonde trabalhámos.
Merry Christmas ou seja aguentem-se porque em português desejar um Bom Natal não faz sentido, se bem que valha a pena fazer uma visita ao presépio. É tão bom ser pequenino…as saudades que eu tenho de nascer e não ter responsabilidades.
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