Ouvi de novo a entrevista do ALA (António Lobo Antunes) à
TVI e para além de gostar do seu estilo non-chalant, mas dizendo verdades,
fiquei a pensar que quando ele diz que já teve tudo, se formos modestos à nossa
dimensão, e eu sou francamente mais novo do que ele, é a pura das verdades.
Quero eu isto dizer que, nas alusões que ele faz à morte
nesta e noutras entrevistas em consequência do seu percurso atribulado de
saúde, se morrêssemos amanhã, não fazíamos cá falta nem se calhar seria pior
para nós.
Eu explico: cinza, pó e nada é pelo menos o que transparece
de exumações de corpos em caixões iguais para toda a gente ou mais radical
ainda se se é cremado. Com este nosso corpo, parece-me, não nos encontraremos numa
eventual outra vida.
Por isso, na vida tal como a conhecemos, chega o momento da
partida com mais ou menos sofrimento, com maior ou menor fama- oh vã fama que se desfaz na espuma do tempo -,
e passados poucos dias, quiçá uns dez…a vida continua para os que cá ficam.
Por isso gosto deste despreendimento do ALA em relação ao
seu futuro, mas solidarizo-me com pensamentos e frases da intensidade da
AMIZADE que ele qualifica entre os homens muito mais tranquila e forte. Com as
mulheres é amor, com os homens também pode ser, mas sabemos bem o gozo que dá
um jogo seja de futebol ou de ténis ou de rugby, uns copos a discutir entre o
grupo de amigos, uma viagem de pack às costas pelos desertos e frondosos
templos da humanidade. Não tem comparação e como ele tão bem diz, as mulheres
não percebem esta cumplicidade.
Tenho pena se isto acaba no “paraíso” pois caçar umas
perdizes, mesmo vá uns gambuzinos enche-nos de enorme gozo.
Mas porque raio será que NUNCA NINGUÉM nos veio dizer de que
cores são os arco-íris, para ser genérico, vá!
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