O PENINHA ESTEVE UNS DIAS NO ALGARVE EM MONTE MAGRO
Aproveitando o regresso dos Açores o Peninha e a Adélinha
resolveram ir dar um ar da sua graça pelos Algarves.
Escolheram o Hotel Afonso de Albuquerque um dos primeiros e
mais bem-sucedidos do Algarve, pertencente à reputada família da região Sousa
Luva.
Reservaram um quarto com vista de mar e exigiram que tivesse
na varanda um ramo de flores da direcção para dar um ar de bem-vindos. Na
recepção o velho Tarcísio que já vira de tudo, pensou que seriam gente difícil
e convencida.
Inclusivamente mandaram por e-mail o texto que queriam
constasse no bilhete no pé do ramalhete de flores:
- “Aos srs. Adélia e Peninha com os votos de uma boa estadia
e muito penhorados pela vossa escolha uma vez mais. A Direcção”
Mentirosos, pensou o Tarcísio, nunca para cá vieram!
A ideia do Peninha era para se dar ares, mostrar no trabalho
para impressionar.
Eles tinham pedido rosas, mas como estava um calor de
rachar, a desculpa do Hotel foi a de dizer que só havia cardos naquela época…Peninha
ficou desiludido e Adélinha furiosa:
- É com cardos espinhosos que me recebes Peninha? E eu que
por um momento tive o sonho de que fosses romântico!
Na primeira noite para o jantar Adélinha foi de bikini curto
por debaixo de uma túnica larga transparente de côr alaranjada. Ficou gelada de
vergonha quando chegou á sala de jantar e viu todos bem arranjados “chic casual”!
Estava numa mesa o Silva Tavares da concelhia do PSD local e
julgando que Adélinha fosse uma militante, levantou-se e dirigiu-se a ela
dizendo em voz alta virado para a sala:
- Assim é que é, com as eleições à porta, não há que ter
vergonha e mostrar bem as cores do nosso partido!
Adélinha fez um sorriso amarelo e o Peninha furioso puxou
por ela e desapareceram.
- Tu és doida Adélia! Então se o meu protector te vê nalguma
fotografia! Estava bem tramado.
Note-se que o protector era um vago assistente do gabinete
do Dr. António Costa e o Peninha estava a fazer tudo para ser nomeado para
encarregado do armazém de Cabo Ruivo, da empresa municipal de lixo de
Moscavide.
No dia seguinte, depois do pequeno-almoço foram ao quarto
arranjar-se para irem para a praia.
Ela que tinha andado num programa de emagrecimento do Dr. Bayard
(o dos rebuçados para a tosse mas na vertente de dietas) estava seca de carnes,
com os seios bem espetados e um rabo coleante e redondinho. Pôs por isso um
bikini ousado que lhe tinha sido vendido pela dª Céu, uma contrabandista que
vendia mercadoria desembarcada dos barcos do Brasil. Neste caso, o bikini, tinha estampado
nos bicos do peito e no meio do rabo a frase” amo-te Brasil”! Tinha escolhido
um de côr de amarelo-bébé. O Hotel tinha deixado em cima da cama uns roupões
brancos felpudos por isso ela contava esconder-se envolta no turco e ao chegar
à praia arrasar a turba multa.
O Peninha tinha comprado umas tangas à Tarzan com raias de
leopildo e sentia-se forte e musculado com os abdómens fortificados e o sexo
cheio a realçar no maillot.
Falaram com o encarregado dos toldos, o Rúben, que lhes deu
um, na primeira fila e Peninha agradado deixou-lhe escorregar uma nota de 50
euros.
- Criado de V.Exª disse o Rúben. A Peninha esta frase
soube-lhe ao paraíso.
Despiram os roupões e nada aconteceu. Mesmo ao lado estavam
duas suecas a fazer topless que nem tugiram nem mugiram.
Peninha e Adélinha aproximaram-se da água, andando em
simultâneo com os passos da Pantera côr-de-rosa, bamboleando o corpo e mexendo
os braços e levantando as solas dos pés.
Os nadadores-salvadores não se contiveram e desataram a rir.
O Alípio que era de Braga, vinha todos os anos para Monte
Magro para o engate. De cabelo farto pintado de preto, com um bigode retorcido
nas pontas, tinha já os seus sessenta e tais, mas era o típico gigolo das Adélinhas.
- Olá, pensou para si, lambendo os beiços. Isto é ave de
arribação de categoria.
O Alípio piscou o olho à Adélinha que reparou e contente,
nada disse ao Peninha.
(continua)
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