sexta-feira, 28 de abril de 2017
O PENINHA E A 2ª VOLTA EM FRANÇA (1ª PARTE)
O PENINHA E A 2ª VOLTA EM FRANÇA (1ª PARTE)
O Peninha recebeu guia de marcha da Rádio SenhorRoubacense para ir a França acompanhar a 2ª volta das eleições.
Tem lá primos emigrantes que moram num “bidonville”, sendo o Alain mecânico de parafusos de portas nas linhas de montagem da Renault em Guyonville e a Adosinda “concierge” num prédio de 3 andares, aonde moram no rés-do-chão.
Têm dois filhos já crescidos, a Valentine de 30 anos meia nazi-fascista que é doidinha pela Le Pen e faz parte da célula local do FN e o Vasquinho que desde o 25 de Abril em Portugal aderiu ao PCP e quando foi para França inscreveu-se no PC francês. Fala sempre no camarada Vasco Gonçalves de que se inspira para os ideais que professa.
Ora pensou o Peninha, vai ser uma boa maneira de poder conhecer o pensamento de duas ideologias diferentes e programas para a França, e se eu os entrevistar faço uma caixa que será apreciada no Senhor Roubado.
O Peninha fala mal francês e por isso como os primos arranham o português sempre é mais fácil do que se por a entrevistar outros franceses na rua.
Arranjaram-lhe um bilhete de camioneta do Senhor Roubado directa a Guyonville, ao pé de Paris e a viagem dura 16 horas, com partida no Sábado à noite.
Foi fazer a mala e matutou no que devia levar para França: uns trajes de jornalista, talvez uma coisa mais chique para ir uma noite a Pigalle ver as coristas e um fato do Hugo Boss, daqueles esterlicadinhos na cintura e nas calças em baixo, que comprou nos outlets dos chineses em Odivelas, paras estar presente no comício da vitória do vencedor.
Para as entrevistas, achou por bem um boné à ardina de Lisboa, um lenço ao pescoço à Alfredo Marceneiro, e uma camisa estampada com galos de Barcelos. As calças de ganga preta fininhas nas pernas e uns sapatos castanhos claros abotinados, pois estamos na Primavera.
Para o can-can arrumou na mala uma camisa côr-de-rosa de popelina aberta no pescoço, umas calças “chino” de cor verde-alface e os já habituais sapatos de crocodilo falso pontiagudos de matar baratas aos cantos.
A viagem correu bem, ainda que a meio-caminho tenha vomitado para cima de um passageiro que ia no banco da frente e que ficou para além de sujo a cheirar pessimamente o resto da viagem. Peninha pediu desculpa e disse que era dos nervos e da emoção por ir fazer pela primeira vez uma reportagem no estrangeiro.
Os primos tinham sido avisados da chegada de Peninha no Domingo à tardinha e lá estavam à espera dele no terminal.
- Tu vas bien, cher cousin? – perguntou-lhe o Alain.
- Sim, a mãmã está bem e o primo? – porque raio não tinha estudado na escola o francês em vez de faltar às aulas e passado o tempo todo na marmelada com a Vandinha.
A Adélia é que era portuguesa e a sua parenta e sabia falar bem o português ainda que com um ligeiro timbre francês.
- Ó filho ela pergunta se estás bem. Deixa lá que eu respondo por ti.
- Tu es un com Alain car il ne sait pas parler en français e il ne comprend rien.-. disse a Adélia para o marido.
O Peninha perguntou-lhe que tinha dito e ela respondeu que tinha dado notícias da mãmã.
Quando entrou na casa deles deram-lhe o antigo quarto do Vasquinho, que já não morava com eles.
- Credo, que impressão – pensou o Peninha – tantos postes do Lenine e do Estaline e até do Àlvaro Cunhal.
Nessa noite iria encontrar-se com ele pois o Vasquinho não falava à irmã, por ela ser seguidora da Marine Le Pen. Assim tinham que ser entrevistas separadas.
Descansou uma hora e preparou-se para a entrevista.
(continua)
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