O CAIR DO DIA
O cair de um dia luminoso é uma consolação.
Nem sempre todos a têm, se pensarem no futuro que assusta.
Breve esta vida: mas porque será que a vemos tantas vezes só
pelo prisma do dia-a-dia,
Que cansa, que desilude, que se enche de rotina e de nem
sempre boas-notícias?
Quando paira o medo da morte, seria tão fácil haver alguém
que num regaço
quase materno – que é único - nos contasse boas novas do
outro mundo, se porventura existir.
Histórias simples, verdadeiras, sem fantasia. Eu almejo que
haja, pois custa-me voltar a
Cinza, pó e nada. Não por soberba, mas por injustiça de uma
vida não querida que nos
Encontrou num óvulo fecundado por um dos tresloucados milhões de espermatozóides!
É imerecida a doença, a dor e o sofrimento para num dia
qualquer acabar com até, o cair de um luminoso dia.
Vicente Mais ou Menos de Souza in “Variações ao piano virtual”
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