quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O maldito casaco na cadeira do jantar de gala



O PROTOCOLO DE ESTADO, A IGNORÂNCIA E A CANALHA

Tenho visto por aqui e por ali, as gaffes da gente do Governo e de outras instituições oficiais.

1. São mal-criados. Ponto. Não tiveram educação em casa, para as mais básicas coisas, seja com Reis ou Presidentes ou com o rato mickey;


2. Se continuarem em funções oficiais, ganha o País e ganham eles, aprenderem como fazer, com humildade e interesse como todos nós aprendemos tanta coisa todos os dias;

3. Precisam quem os saiba ensinar mas de forma correcta e não com invenções ou modernices protocolares do tipo simplex;

4. Just an idea...porque não o Protocolo do Estado fazer uma pequena brochura, simples e clara, com as regras protocolares para as diferentes cerimónias ( seja com do's/ don't ou só com os do's) e distribuírem por cada chefe-de-gabinete ou equivalente, que terá a obrigação de a cada vez lembrar ou entregar uma cópia ao seu superior hirárquico).

Evitaria assim o nervosismo, excitex e fru-fru de saias e casacos mal placés...ahahah

O resto da gente que se recusa a cumprir é canalha..é para ignorar e nem ser convidada.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

O PENINHA E A VISITA DOS REIS DE ESPANHA AO PORTO





O Peninha comprara uma vez em Badajoz, uma capa à espanhola com alamares, que lhe tinha custado uma fortuna. Um dia haveria de servir, dizia sempre!

E eis senão quando lê nos jornais que os Reis de Espanha visitavam oficialmente Portugal, começando pelo Porto. Ainda tinha para lá a prima Indalécia que morava na Ribeira numa casa modesta mas que valia um fortunão. Estava na moda a zona e já tinham oferecido bastas centenas de milhares de euros pelo espaço, mas a prima não saía dali senão morta.

O Peninha escreveu-lhe, com muitas mesuras e louvaminhices, perguntando-lhe se poderia ir pernoitar na sua casa, por uns dois dias. A razão que tinha alegado era a de que tentaria aproximar-se de Suas Majestades e deixar-se fotografar em conjunto. Prometeu à prima Indalécia que se tudo corresse bem ainda lhe arranjava uma cópia da fotografia. Sempre seria uma honra que poderia partilhar na vizinhança.

O diabo é que a prima era republicana dos sete costados e os avós operários tinham sido fervorosos participantes na implantação da república. Mas como não via Peninha há muito tempo, assentiu com bonomia. Morava sozinha, já ia nos 80 e tinha amealhado uns cobres, nada lhe restava já de muito extraordinário para fazer, pelo que sempre era uma companhia do parente da capital.

O Peninha ficou encantado, e na véspera da partida, preparou com cuidado o que levaria na mala para o Porto. Para ser mais barato, ia numa camioneta da carreira, mas como hoje em dia já vão pela auto-estrada, levam cerca de 4 horas. Sempre dormia!

Abriu a mala, e começou a por num dos lados, uns slips de seda que tinha comprado no chinês, um par de meias com listas das cores da bandeira de Espanha, uma camisa de folhos (lembrou-se de touradas e de sevilhanas) e num saco de veludo pequeno levava um recuerdo de Toledo, um género de um colar com o brasão da cidade em bronze pendente que achou que ficava bem por cima dos folhos da camisa (sempre sonhou que um dia teria um colar de mérito como via o seu querido Presidente Marcelo dar aos mergulhadores nacionais – ele não era menos, caramba!)! Os botões de punho para a camisa seriam de metal doirado e esmalte com uma réplica mais pequena do galo de Barcelos da Joana Vasconcelos ( o disparate do tamanho da obra exposta junto ao Tejo, o que diriam Suas Majestades?). No fundo era português, era preciso demonstrá-lo com orgulho.

Hesitou se devia usar um bolero em tafetá preto, com a frente cavada fazendo ressaltar os folhos, mas como no Porto está frio, tendo decidido levar a capa à espanhola que era forrada a lã, iria sem nada por cima da camisa. Como calças levava umas presas ao joelho, para deixar ver bem as meias coloridas e de riscas.

Tinha comprado no chinês um perfume de uma marca conhecida, mas falsa, que ele próprio achou que deitava um pivete medonho…era de muito má qualidade, mas paciência, era o que tinha.

Na cabeça levaria uma boina do país basco, com as armas reais presas num alfinete. Daria sainete.

Finalmente, como botas tinha encontrado umas com que fizera a recruta: estavam cambadas e em mau estado, mas ninguém, no meio da multidão iria reparar e olhar para os pés. Deixou-as no sapateiro para ele as engraxar e o raio do homem, levou-lhe € 4.00, mas brilhavam…lembrou-se de uma frase fascista : - cara al sol, mas com os diabos a Espanha era democrática!

O Peninha achava-se monárquico pelo gosto do brilho dos Reis e da Nobreza, fossem eles de que país fossem, das capelines (tinha aprendido numa revista espanhola que ele comprava religiosamente todas as semanas – a iola – ) e sabia o que eram escarpins e zibelinas, e boás, que nada tinham a ver com as boasonas que lá vinham, e das luvas de pelica e até das carteiras do Loéve…era um nome do catano para dizer, mas em Portugal o seu monarca era o Presidente Marcelo. O jeito que ele tinha para se dar ao povo, como os reis devem ser como uns pais para a plebe, esperto, bem vestido, inteligente, com humor, sabendo o que dizer…não tinha comparação. Depois ouvira dizer que um fadista era o pretendente! Achava isso muito reles, agora depois no palácio real o rei por-se a dedilhar uma guitarra…ainda podia aparecer a Severa e era um escândalo.

Chegou ao Porto no Domingo pelas 7 horas da tarde, foi directo para casa da prima Indalécia, que o recebeu de braços abertos. – Ó filho, quem te viu pequeno e agora estás um homem! E muitos beijos e abraços. Que entrasse que lhe tinha preparado umas tripas pois estava frio. Esta moda das francesinhas, não era com ela.

Peninha, que era pouco dado às coisas do Porto, disse logo que preferia as portuguesas às francesas! A prima Indalécia achou muita pilhéria e riu-se a valer.

Ficaram à conversa até tarde, mas Peninha vinha cansado da viagem e queria dormir pois no dia seguinte, era dia de festa e queria ir impecável.

Levantou-se cedo, veio tomar o café-da-manhã e deu dois dedos de conversa à prima Indalécia, sempre era o mínimo. Na véspera tinha-lhe contado do traje que iria levar e a prima, mulher experimentada e já com o rabo pelado, achou que era inapropriado e tentou dizer-lhe de mansinho…mas ele nem deu por isso.

Tomou um rico banho, perfumou-se e manteve a barba de dois dias (sempre levava a boina basca, com o raio), e começou a vestir-se com volúpia. A cada peça de roupa mirava-se ao espelho. As cuecas de seda beije moldavam-se ao sexo e suportavam-no com comodidade, a camisa dos folhos fora passada a ferro com goma e estava entufada. Vestiu as meias listadas com as cores reais de Espanha, depois as calças que apertavam nos joelhos, calçou as botas que pareciam um espelho de engraxadas que estavam, pôs o colar de Toledo ao peito, e depois de pôr a boina às três pancadas, rodopiou e pôs a capa sobre os ombros.

Inchou de orgulho e desceu. A prima Indalécia, de olhar pasmado, só dizia – valha-te Deus, Peninha, valha-te Deus! Peninha tomou como um elogio de êxtase e saiu porta fora, não sem antes ter pedido à prima que lhe emprestasse um alho-porro do São João ( destes de plástico verde-alface) pois tinha a ideia que quando chegasse ao pé dos Reis de Espanha, se fosse bem recebido, seria engraçado dar com ele na cabeça da Rainha ( o Rei é muito alto, e a Rainha sempre foi do povo, havia de perceber).

Tomou um ónibus para os Aliados e reparou que toda a gente o mirava: pensou inbejosos! (que eles dizem os “v” pelos "b”) e não ligou, mas o próprio motorista lhe perguntou para aonde ia assim bestido. Que ia esperar os Reis de Espanha, respondeu ufano da sua importância.

Mal chegou à Praça, saiu do autocarro e avançou imponente para a cerca de metal que protegia da zona oficial, o povoléu assistente.

Já lá estava muita gente e por isso foi a custo que se foi chegando para a frente. Ouvia uns risinhos que o incomodavam e um grupo de mitras, começou a insultá-lo. Não ligou e ficou expectante que Suas Majestades chegassem.

Entretanto, apareceu a polícia e as demais autoridades e havia uma apertada segurança por causa dos atentados. Ouvira dizer que, mesmo entre a multidão, estariam agentes da polícia secreta, disfarçados e à paisana.

De repente, sentiu-se segurado pelos braços e quando olhou, dois matulões fortes e grandes, sem serem fardados, afastaram-no do sítio aonde estava e perante o ar atónito da multidão, empurraram-no para o chão.

- Porco basco, un atentado, verdad? – disseram-lhe em espanhol e quando Peninha, se propunha responder, apalparam-no todo, encontraram o alho-porro, arrancaram a boina e despiram-lhe a capa.

Contra uma parede de braços levantados e de camisa branca, ouvia a multidão gritar: - al paredón, al paredón!

Foi levado para os calabouços da polícia municipal, atirado para uma cela, e quando só mais tarde conseguiu tudo explicar, Sua Majestades já tinham partido para Lisboa!

terça-feira, 22 de novembro de 2016

O SILÊNCIO no facebook sobre temas importantes


O SILÊNCIO no facebook sobre temas importantes.

A maior parte dos meus Amigos /as e dos "amigos/as" do facebook limitam-se a postar graçolas ( eu também, mas sou selectivo) citações de terceiros, pensamentos e bonecos/vídeos.

Raramente para não dizer nunca, se submetem ao escrutínio da opinião dos outros, ao contraditório ou mesmo ao laudatório.

Não quero crer que seja por que não tenham opinião, ou porque são pouco versados nas matérias realmente relevantes para a vida/ Humanidade, ou mesmo ignorantes ou sem saberem como organizar e expressar as suas ideias.

Um comentário apropriado e judicioso é sempre importante pois ajuda a formar melhor a opinião sobre os assuntos em análise. Ninguém é detentor da verdade!

Por outro lado há uma certa cobardia de dar a cara, sujeitando-se a críticas. Se forem inteligentes e válidas não há melhor remédio para se "peaufiner" ou seja aperfeiçoar a visão das coisas.

Há convicções arreigadas, sejam conservadoras ou progressistas, e os campos estagnam e pouco se actualizam pois nem sequer se dispõem a ouvir objectivamente outros argumentos, pois, dizem, não vale a pena.

E uma das vantagens enormes do facebook é esta miríade de gente diversa com todas as luzes e sombras mas que fazem circular informação, opiniões e juízos de valor, uns mais discutíveis do que outros.

Tenho pena que o facebook tenha vindo a perder o seu estatuto de forum livre e universal. Assiste-se ao abandono, cada vez maior, de pessoas inteligentes, interessantes e cultas que aqui encontrei.

Mas é o ritmo da vida dos tempos de hoje!

O PAPA FRANCISCO e a Exortação Apostólica ( Extensão aos sacerdotes - sacramento da Penitência - aborto)


O PAPA FRANCISCO e a Exortação Apostólica ( Extensão aos sacerdotes - sacramento da Penitência - aborto)

1. Sou católico. Não sou mulher e logo a opção de fazer um aborto, não se põe;

2. Como Advogado e com larga experiência de vida internacional no sentido de que contactei com muitas raças, povos com costumes e hábitos diferentes uns dos outros, apercebi-me de que este tema aborto não é nem simples nem claro nas motivações que levam uma mulher a praticá-lo. Variadíssimas razões pessoais, familiares e culturais levam a que infelizmente se tome esta triste decisão;

3. Nunca encontrei nenhuma mulher com ou sem religião escolhida que se lembrasse com alegria e sem remorsos do que fizera;

4. O trauma a que me refiro não é no sentido físico, pois esse também provoca efeitos secundários muito dolorosos e psíquicamente muito complicados. Trata-se da oportunidade falhada do amor que num momento se sentiu quando se soube que se iria ter um filho. Claro que violações, maus-tratos e violência, pobreza, estupidez e inconsciência na falta de protecção, falta de vocação parental, frieza, materialismo, adultério, receio da morte como penalização e tantas outras circunstâncias tornam este tema tão difícil de julgar.....

5. Por isso quando uma mulher católica ( e os ignorantes, os ateus e agnósticos não entendem ter esta decisão uma aplicação localizada) quer, arrependida, receber o sacramento da penitência, com sinceridade e humildade, que gesto melhor e mais bonito é este de ter acesso à semelhança de outros seus irmãos na fé, aos mecanismos que a Igreja põe à disposição dos fiéis?

Por isso mais uma vez este Papa no seguimento do seu Pontificado e da sua Encíclica anterior, demonstrou uma sensibilidade amorosa para com todos os que anseiam pelo regresso à vida na Igreja.

Só pessoas de má-fé e repito, ignorantes, podem criticar esta justíssima actualização canónica, tornando-a mais fácil pois no passado competia aos Bispos, que naturalmente nunca recusavam.

domingo, 20 de novembro de 2016

CUMPLICIDADE EQUIVOCADA


CUMPLICIDADE EQUIVOCADA

Diz a formiga para o elefante no meio do deserto: já viste a poeira que estamos a levantar?
A propósito desta magnífica frase, apeteceu-me pensar alto.

Estive na 6f num jantar de uma Ordem Dinástica com vários Príncipes. Um espanhol e dois dos Príncipes portugueses, entre eles o Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança e a Duquesa.

Lembro-me de em muito novo e há muitos anos atrás ( o pudor de declinar a minha idade, impede-me de revelar há quantos) ter escrito uma carta bem pensada e em profundidade sobre o que queria dizer e ter manifestado ao Senhor Dom Duarte, a minha "allegiance" ou seja fidelidade e desejo de bem servir.

Já nessa altura, começando a conhecer-me, expressei porém duas condições para o cumprimento da minha disponibilidade: o respeito mútuo e a manifestação pela minha parte da verdade do meu sentir, sempre e sem tergiversar.

Sempre me soube por no meu lugar, e por isso qual formiga da magnífica citação supra, nunca o Senhor me ouviu dizer que " estávamos" num plural igualitário a levantar a mesma "poeira".

Com o andar dos anos e ao longo das posições que fui ocupando na minha vida, fui prestando serviços, alguns relevantes e nomeadamente quando era militar e ocupava o cargo de Chefe de Brigada da Comissão de Extinção da PIDE/DGS. Ambos sabemos a que me refiro, "e basta"!

Neste dito jantar, tivemos a ocasião de falar entre nós com tranquilidade à mesa ( eu estava a um lugar de diferença) e a conversa fluiu como há muito tempo não acontecia.

Quando depois, ao café e já na sala, voltámos a conversar naturalmente, ocorreu-me a figura da formiga e do elefante no deserto.

É assim que na minha opinião, vão os Príncipes formando uma preparação participada, actual e consentânea com a realidade. É só assim que podem ser apreciados, seguidos e por sua vez também, "servindo"!

Tenho bons episódios em conjunto e "no deserto, quais formiga e elefante" que são os que gosto de recordar, estiveram em presença dois seres humanos, com as suas debilidades e grandezas, e aonde a amizade se revelou para cada um como bons momentos partilhados.

O Presidente Marcelo, de quem sou amigo e admirador há também muitos anos, tem vindo a encarnar esta imagem do monarca, perto dos seus governados.

Falta-lhe a herança dinástica, mas tem um estilo muito eficaz que é propiciador de excelentes resultados.

Nunca ninguém estará de acordo a 100%, com a forma e o estilo do Princeps mas por isso, como referia no princípio e quanto à minha condição de servir com verdade, respeito e carácter, há nesta soberba comparação do "pó levantado no deserto" uma confortável oportunidade do elefante ouvir a formiga na medida do desejável......

Senti-me quand-même uma formiga que jantou bem e foi ouvida.

sábado, 19 de novembro de 2016

Uma qualquer pessoa


UMA QUALQUER PESSOA

Precisava de dar qualquer coisa a uma qualquer pessoa.
Uma qualquer pessoa que a recebesse
num jeito de tão sonâmbulo gosto
como se um grão de luz lhe percorresse
com um dedo tímido o oval do rosto.
Uma qualquer pessoa de quem me aproximasse
e em silêncio dissesse: para si.
E uma qualquer pessoa, como um luar, nascesse,
e sem sorrir, sorrisse,
e sem tremer, tremesse,
tudo num jeito de tão sonâmbulo gosto
como se um grão de luz percorresse
com um dedo tímido o oval do rosto.
Na minha mão estendida dar-lhe-ia
o gesto de a estender,
e uma qualquer pessoa entenderia
sem precisar de entender.
Se eu fosse o cego
que acena com a mão à beira do passeio,
esperaria em sossego,
sem receio.
Se eu fosse a pobre criatura
que estende a mão na rua à caridade,
aguardaria, sem amargura,
que por ali passasse a bondade.
Se eu fosse o operário
que não ganha o bastante para viver,
lutava pelo aumento do salário
e havia de vencer.
Mas eu não sou o cego,
nem o pobre,
nem o operário a quem não chega a féria.
Eu sou doutra miséria.
A minha fome não é de pão, nem de água a minha sede.
A minha mão estendida e tímida, não pede.
Dá.
Esta é a maior miséria que, em todo o mundo há.
E eu que precisava tanto, tanto, de dar qualquer coisa a uma
qualquer pessoa!
E se ela agora viesse?
Se ela aparecesse aqui, agora, de repente,.
se brotasse do chão, do tecto, das paredes,
se aparecesse aqui mesmo, olhando-me de, frente
toda lantejoulada de esperanças
como fazem as fadas nos contos das crianças?
Ai, se ela agora viesse!
Se ela agora viesse, bebê-la-ia de um trago,
sorvê-la-ia num hausto,
sequiosamente,
tumultuosamente,
numa secura aflita,
numa avidez sedenta,
sofregamente,
como o ar se precipita
quando um espaço vazio se lhe apresenta.

ANTÓNIO GEDEÃO
“Máquina de fogo”

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Pobre Rainha por Miguel Esteves Cardoso

Pobre Rainha

Se calhar a Rainha perdeu a paciência e disse ao Presidente: “Oh do shut up, for God’s sake!
O Presidente da República foi ao Palácio de Buckingham ver a Rainha. A visita e a conversa foram registadas num vídeo de alta definição que está, por exemplo, no site do PÚBLICO.
Depois de lhe dar um beijinho na mão, o Presidente desatou a falar. Contou à Rainha que se lembrava das duas visitas de Estado que ela tinha feito a Portugal. Na primeira, em 1957, Marcelo observa: “I was a child.” A Rainha, agradecendo a referência à diferença de idade entre eles (ela tem 90 anos, ele faz 68 em Dezembro), conseguiu, sabe-se lá como, interrompê-lo e respondeu, com ironia majestática: “I’m sure you were.”
O Presidente Marcelo continuou: “In Terreiro do Paço, you know, that big square.” A Rainha, mostrando as suas boas maneiras, mas querendo também pô-lo no lugar, disse um longuíssimo “yeeeesss…” (tradução: “Não faço a mais pequena ideia do que está a falar”).
O Presidente intuiu que a Rainha já visitou muitos big squares ao longo da vida e decidiu avivar-lhe a memória: “And the carriage…” E a Rainha, entrando em royal repetition mode, num tom “Nós não acreditamos no que nos está a acontecer”, murmurou: “The carriage…
Aí o Presidente recorreu ao rigor: “With General Craveiro Lopes…” Aí a Rainha, ouvindo o nome do grande general, deve ter sido inundada por recordações daquele dia maravilhoso à beira-Tejo.
É então que o Presidente revela tudo: “I was there, in the front row!” E a Rainha: “Were you?” Mas o Presidente Marcelo ainda não tinha terminado: “And then, in 85, I was invited for dinner on Britannia…” E a Rainha, ao lembrar-se do iate real que lhe tiraram e já tendo desistido de qualquer manobra de disuassão, limita-se a repetir: “Were you?…”
Fulminante, e sem perder uma batida, o Presidente explica: “Because I was leader of the opposition…”
Infelizmente o vídeo termina aqui, abruptamente. Se calhar a Rainha perdeu a paciência e disse ao Presidente: “Oh, do shut up, for God’s sake!” O mais provável é a Rainha ter continuado a registar a excitação de ouvir estas recordações do Presidente com mais um “Were you?”, enquanto executava a complexa manobra diplomática de andar para trás, passo a passo, até escapar do salão.

A RAINHA, protocolo e uma história engraçada





A RAINHA, protocolo e uma história engraçada

Um dos Embaixadores em Londres do país africano que represento em Portugal, veio apresentar as credenciais ao Presidente da República Portuguesa, estando aqui acreditado.

Acompanhei-o sempre e criámos uma certa intimidade ao ponto de me contar que quando apresentou credenciais à Rainha de Inglaterra estava deveras embaraçado pelo rígido e detalhado protocolo.

Era um antigo Vice Primeiro Ministro do seu país, uma pessoa civilizada e educada e com um PHd em Finanças. O posto da Court of St. James é o principal.

Estudou atempadamente o protocolo mas esquecia-se amiúde dos passos atrás e à frente, quando devia falar, etc

Tudo correu impecavelmente pois o protocolo inglês, muito rodado, está sempre a acompanhar discretamente todo o percurso e a dar as devidas indicações.

Foi acompanhado da Embaixatriz e ambos usavam os trajes tribais de gala do seu país.

Depois das formalidades habituais e já mais relaxado, foi convidado pela Rainha, para com a Embaixatriz, tomar chá numa sala mais pequena, ao lado e conversarem.

Naturalmente que quem iniciou a conversa foi a Rainha que sempre se revela amável, culta e informada sobre cada país e fazendo perguntas apropriadas.

Os Embaixadores saíram de Buckingham encantados com Sua Majestade, pois comentava-me ele, até elogiou a chita do vestido da Embaixatriz, fez perguntas sobre outros padrões e cores e acrescentou que para o Verão e para o clima africano devia ser muito cómodo.

E é isto, rapazes!

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

First briefing by the CIA, Pentagon, FBI

sábado, 12 de novembro de 2016


Quando o silêncio convida à contemplação… é tempo de percorrer de forma atenta as nossas escolhas. De entre todas, merece uma análise demorada e corajosa aquilo que escolhemos sonhar.


Uma das maiores fontes do sofrimento resulta do confronto brutal e cru entre os desejos e a realidade.

Quem deseja o impossível está, desde logo, a decidir-se por uma inevitável frustração a prazo. Importa saber sonhar, com a cabeça nas nuvens, porém com os pés na terra. Sem uma consciência clara da realidade, não há sonho que se consiga cumprir.

Para se alcançar qualquer objetivo é fundamental saber bem de onde se parte e o que fazer para seguir em direção ao que se deseja. Quem espera que os sonhos se realizem sem se responsabilizar com rigor pela sua concretização, sem se arriscar a si mesmo, não deve esperar se não desesperos…

É essencial manter um coração íntegro. Sem criar vazios que o rasguem, dividam e enfraqueçam.

Há quem deseje tudo o que vê. Alguns até desejam o que sabem que depois terão o prazer de rejeitar.

Quem tem um coração inteiro nunca está só. Quem se entrega a desejos que apenas criam anseios ainda maiores, entrega-se às promessas de tudo quanto existe e não existe. Mas a vida não é assim. Cada um de nós é chamado a criar as condições para que se concretize o que pretende, a comprometer-se na criação ativa do mundo que quer para si.

Quem se tenta convencer a si mesmo daquilo que sabe ser mentira, destrói-se.

Para chegar a alcançar o que desejamos não devemos perder tempo a falar nisso. Só com fé, coragem e paciência nos conseguimos libertar das fantasias que nos adormecem – sem nos deixar sonhar. 
 
José Luís Nunes Martins


sexta-feira, 11 de novembro de 2016

E é isto, rapazes....


Tenho lido com circunspecção os comentários de uns e de outros quanto a este assunto. Naturalmente que a minha opinião interessa sobretudo os meus amigos do Sr. Roubado que me lêem com avidez.

Não escondo que apreciaria ser eleito Presidente da Junta, mas vamos ao que interessa:

- o cavalheiro, diz-se, é competente para o cargo, deu provas em outras instituições e poderá ser o ideal para a recuperação da CGD;

- o cavalheiro, terá ganho muito dinheiro no passado fruto da sua sagacidade e inteligência e não me passa pela cabeça que não tenha as contas em ordem, ou seja, ter pago os competentes impostos devidos;

- o cavalheiro, preferia não desvendar os seus rendimentos, o que percebo, pois nesta terra de invejosos e de miserabilistas, quem tenha sucesso paga por isso mesmo. No entanto, se o cavalheiro quer passar despercebido e gozar de um estatuto de "rico discreto", não deveria sequer ter pensado em aceitar a propositura para este cargo;


- o País agradece, mas temos cá mais pessoas igualmente competentes e quiçá, menos vulneráveis à opinião pública e também com menos dinheiro acumulado. Como soe dizer-se, os cemitérios estão cheios de pessoas insubstituíveis!


- Finalmente o cavalheiro tem que ter uns tomates grandes para ao aceitar, declarar no sítio certo e requerido por lei, os seus rendimentos, por-se ao trabalho e provar que é bom e competente e deixar os cães ladrar...normalmente cansam-se passado umas horas, quando vêm que a caravana passa impávida e serena.


E é isto, rapazes...

terça-feira, 8 de novembro de 2016

As eleições nos USA


 
Ópás estou excitado com as eleições de logo. Comprei couratos, amarguinha, entrecosto e orêlha de porco, tudo para trincar com os nérves.

Num círculo de 100m da minha casa no Sr. Roubado conbidei a malta, arranjei tradução simultânea para a reportagem da CNN e outras, comprei confettis e serpentinas e estalinhos.....ahahah....no fundo é um Carnaval, pás!

A WEB SUMMIT e o Peninha


A WEB SUMMIT e o Peninha

O Peninha, aterrorizado por não ter dado a devida importância ao WS, levantou-se de madrugada, para tentar entrar no segundo dia.

Percebeu que era "very in" estar lá e sobretudo ser visto no meio dos geeks e fixou umas frases que dizia a torto e a direito, sem saber sequer o sentido! "Unicorn" a que atribuía no seu provincianismo o sentido de alguém que tinha levado com UM par de cornos, porque o sr. Valente da papelaria, já tinha sido enganado duas vezes!

Pensou que devia ir de tee-shirt e jeans rasgados, mas os únicos que tinha estavam como novos e tinha-os comprado, baratos, no chinês e a camisola de algodão de manga curta com dizeres que tinha era "Inatel - excursão a Vidago" o que achava inapropriado!

Lá pegou na tesoura e fez, com dor na alma, uns cortes nos jeans ao nível dos joelhos e canelas e vestiu a tee-shirt do Inatel. Pôs um cap da CML que lhe tinham dado como brinde, com a pala para trás e lá partiu a apanhar o metro para a EXPO.

Três horas na fila, metendo conversa com estrangeiros ( com muitos sorrisos e okays...mais não sabia dizer) e por fim chegou à entrada:

- o teu bilhete, meu? - pergunta um segurança.

- ópá, ya, esqueci-me de comprar mas ouvi falar que há uns a €9,00 para a malta que estuda - respondeu o Peninha.

Dois seguranças hercúleos da discoteca Hipopótamo pegaram no Peninha e levaram-no para longe da multidão e com uns pontapés nas pernas, deixaram-no chão.

- Penetra do Inatel!

Quando chegou a casa e se olhou ao espelho, desolado, constatou que os rasgões dos jeans, com os pontapés, tinham verdadeiramente ficado à moda!

Ao menos isso, pensou!

domingo, 6 de novembro de 2016

rir perdidamente de bócês


Estou a boltar do fds para o Júlio de Matos e de repente tive uma bontade enorme de me rir de bócês todos...descaradamente...buuuu para bocês!

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

De Profundis

Das Profundezas, Salmo 130

Das profundezas clamo a ti, ó Senhor;
Ouve o meu grito! Que teus ouvidos estejam atentos
ao meu pedido por graça!
Se fazes conta de minhas iniquidades, Senhor, quem poderá se manter?
Mas contigo está o perdão, tenho esperado por ti, ó Senhor, por causa de teu nome.
Minha alma espera, confiando na tua palavra:
Minha alma tem esperança no Senhor,
De manhã até a noite; que Israel possa ter esperança no Senhor do alvorecer ao anoitecer.
Pois a misericórdia está na mão do Senhor, e nele se encontra redenção em abundância;
Ele vai resgatar Israel de todas suas iniquidades.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

CONVITE ao PM e Governo bem como à oposição


CONVITE ao PM e Governo bem como à oposição para se sentarem como utentes num Centro de Saúde

Fui ao da Lapa que é o meu, para me vacinar contra a gripe e pelos vistos, depois disseram-me e deram-me, a vacina contra o tétano que tinha caducado.

Estive lá 2 horas!

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Un mathématicien n'urine pas


O NÚMERO DE PARAFUSOS da Ponte sobre o Tejo


O NÚMERO DE PARAFUSOS da Ponte sobre o Tejo

Vim almoçar à pizzeria do Zé Avillez e ao vir a pé do parque no Camões, passei em frente da Brasileira em direcção ao restaurante. ( tanta precisão chata, caramba) e no meio de um grupo de turistas, um guia novinho dizia com um ar dramático: " and he died begging in the streets". Calculo que se referisse à estátua do poeta Chiado....

O que dirão de enormidades todos estes pseudo-guias condutores dos tuk-tuk???? Sem um exame prévio das qualificações para falarem sobre Lisboa e a sua história!

Pelos vistos os turistas devem ser tão incultos como eles e a maioria sem nenhum interesse em saber se foi verdade ou não o entalão do Martim Moniz!

A minha irmã mais nova no princípio da sua vida profissional tirou um curso de guia e intérprete. Acompanhava turistas que ao passarem por debaixo da ponte sobre o Tejo, nomeadamente americanos, lhe perguntavam quantos parafusos tinha? Ela respondia impávida: 2 biliões, trezentos e trinta milhões e dois parafusos!

Eles admirados com a precisão, perguntavam-lhe, como sabia?


Ela respondia bluntly : não sei, é inventado!

E é isto, mes amis!