sexta-feira, 9 de setembro de 2016

NÃO HÁ NINGUÉM INSUBSTITUÍVEL


NÃO HÁ NINGUÉM INSUBSTITUÍVEL

De volta do Corte Inglês aonde fui de manhã, passei a pé em frente da Igreja de S. Sebastião e à saída da capela mortuária estava um grupo de gente, a maioria dos quais entre novos e de meia-idade, o normal nestas ocasiões.

Conversava-se cá fora com dignidade e sem barulho. Nem sempre é assim.

Deu-me mais uma vez para pensar na morte e nas circunstâncias à sua volta.

Em primeiro lugar para o "de cujus", ou seja o ou a defunta: seguramente o primeiro momento de paz verdadeira. Não há ninguém 100% feliz e por isso, mesmo que muito altruístas e depois de muitos anos em conjunto aturando-se mutuamente com mais ou menos doçura, temperança, bom-feitio, cumplicidade com os anos a passarem vem a irritação, a embirração, a falta de paciência ( a propósito vi um casal com bom aspecto já mais velho por volta dos setenta dirigindo-se para a igreja e tendo que atravessar a rua, a madame resolveu dar uma grande volta e o esposo, creio, com o pragmatismo dos homens, atravessou directo pois não vinha nenhum carro...sem ele dar por que eu estivesse a observá-lo, fez em silêncio com a mão para o ar um gesto de desespero como quem diz - não há nada a fazer com a teimosia). Este é um exemplo sem importância de como sabe bem o silêncio, a solidão de "temps en temps", que nos deixem em paz!

Tudo isto para reforçar a minha tese da paz"eterna" para o fenecido.

Depois fiquei a observar duas raparigas que estavam de luto e que serenas conversavam em frente à porta exterior da capela. Naturalmente que nem ouvi a conversa nem o podia ter feito por estar longe, e nem o faria, mas concluí que horas depois do enterro a vida continuaria na sua rotina, com os seus problemas...um pouco como a roda da sorte nos concursos. Mesmo para viúvos e viúvas, há a célebre opereta " Die lustige Witwe (La Veuve joyeuse de Franz Lehár...ahahaha

Não há de facto ninguém insubstituível e a todos chega o momento de uma melhor vida...há dias de sorte!

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