sexta-feira, 8 de julho de 2016

Viva

Sentiu um frémito pela espinha abaixo e ouvindo a vizinhança a sair aos gritos, pôs uma blusa e enrolando-se numa bandeira nacional comprada no chinês, saiu a chinelar para a rua. Não era o Terreiro do Paço, mas era a praça Catarina Eufémia, na Cuba. Não quis ficar atrás da Idalina, que apesar das cruzes, guinchava e saltava como uma cabrinha. Frases bentas, palavrões dos gordos, gestos com os dedos, cabelos desgrenhados e oleosos, os olhos fora das órbitas, ouviu-se um grito rouco em uníssono:
- Viva o Sr. Regedor!
( de um extracto de um romance de cordel no prelo cujo título pode vir a ser " Linda de Suza, revisité).

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