quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O PENINHA E O DISCURSO DE POSSE DE MARCELO REBELO DE SOUSA

O PENINHA E O DISCURSO DE POSSE DE MARCELO REBELO DE SOUSA

O Peninha foi convidado por Marcelo para lhe fazer o discurso de posse. Alegando falta de tempo para contactos essenciais para um bem preparado início do mandato, Marcelo deu-lhe uns tópicos, mas disse a Peninha: - tudo o que sugerires será levado em linha de conta.

Peninha ficou todo vaidoso pela confiança demonstrada e até pensou, quem sabe se no primeiro 10 de Junho não esgravate alguma condecoração. Pela amostra do Cavaco, foi um ver se te avias, e não foram poucas as Grã-Cruzes, mas no íntimo o que desejava era a da Ordem de Cristo. Comovia-se a pensar que bonito seria por cima da casaca, a banda de seda com a placa de Cristo. Marcelo prometera-lhe que iam começar as festas, bailes e recepções na Ajuda e até piqueniques na Tapada de Mafra.

Mas Peninha concentrou-se e traçou alguns princípios gerais a que obedeceria o discurso:
1. Nada de portuguesas e portugueses, que isso é ridículo e foge à tradição. Um bom princípio de discurso solene, começa por se dirigir aos Portugueses, nele incluindo todos os géneros, e até animais domésticos que são um prolongamento da afeição dos eleitores…canitos e miau-miaus e basta.
2. Deve focar-se em Portugal e no País a que vai presidir.
3. Deve ser curto, claro, interessante e inédito.

Comecemos então:

Portugueses,
Começo por vos dizer como me sinto contente por ter sido eleito Presidente de Portugal. É uma honra para mim e para a minha Família. Seria menos verdadeiro se não afirmasse que foi um projecto que sempre acalentei e que se tornou realidade fruto de muitas circunstâncias que concomitantemente o permitiram.

Depois gostaria que no meu mandato, Portugal voltasse a ter o prestígio internacional, o brilho de novas realizações que no passado tanto nos glorificaram. Tudo farei para contribuir para um renovado sentido do orgulho pela portugalidade de todos quantos no estrangeiro, vão lutando bravamente pelas suas vidas. Eventualmente um dia desejarão regressar à Pátria e devemos criar todas as condições para que isso aconteça nas melhores condições.

Como Comandante Supremo das Forças Armadas, quero desde já manifestar uma enorme solidariedade pelo papel fundamental que desempenharam no passado ao serviço de Portugal, que ainda desempenham e que pretendo que venham a fazê-lo no futuro. Muitas Famílias portuguesas têm no seu seio, militares que combateram, morreram e deram o seu melhor pela Pátria. É tempo de o reconhecer, sem hesitação e sem complexos.

Desejo também dizer-vos quais são os valores porque pautarei a minha conduta como Presidente de todos os Portugueses:
- coragem na prática da verdade;
- honestidade e total transparência na minha conduta pessoal e institucional;
- cordialidade, mantendo um sentido inato do humor que me caracteriza;
- firmeza nas minhas convicções, nomeadamente assegurando a prática do bem comum, da defesa das tradições, da cultura e do modo de vida dos portugueses, a protecção dos valores da honra, da lealdade, do respeito pelos mais velhos e dos mais desfavorecidos, da liberdade de expressão e de tudo quanto está contido na Constituição;
- uma representatividade no estrangeiro que dignifique o nome e a capacidade de diálogo e de intervenção de Portugal;
- finalmente um mandato de proximidade e de simplicidade sem no entanto descurar o brilho que se espera das funções de um Presidente da República.

O meu papel é o de um verdadeiro agente do diálogo entre os Portugueses, nas diversas formas por que estejam representados: no Parlamento, nas Autarquias, nas Regiões Autónomas, nos órgãos de Soberania, nos partidos.

Por um lado fazer-me lembrado e de que existo mas por outro com subtileza, discrição e sensibilidade actuar quando e se for preciso intervir.

O meu objectivo é o de que o país possa ser governado e posto a funcionar em plenitude pelos órgãos a quem compete gerir os destinos do povo português, de uma forma harmoniosa e complementar.
Anunciarei a seu tempo uma série de iniciativas que pretendo implementar e que sendo, talvez, inéditas procurarão ir ao encontro dos interesses dos Portugueses.

Peço-vos pois que me acompanhem no meu pedido da protecção divina para que possa desempenhar o meu cargo de Presidente ao serviço de Portugal com a maior felicidade para o povo português.

Muito obrigado e assim Deus me ajude.

Peninha reflectiu que a referência a Deus pudesse incomodar uns quantos, mas como a maioria do povo português é católico, na realidade é mesmo importante que Deus ajude Marcelo pois o barco está difícil.
Peninha vestiu-se com uma camisa de riscas azuis, uma gravata do Clube Naval, de blazer navy blue e calças cinzentas de flanela, e com uns sapatos mocassin pretos.

Na lapela pôs o emblema do Sporting de Braga….apesar de ser do Sporting, mas nada como ter um gesto de amizade e foi entregar ao escritório de Marcelo umas folhas com o draft do discurso.

A secretária disse-lhe que aguardasse uns minutos pois o Professor estava a acabar uma reunião. De saída surge o Duque de Bragança e Marcelo ao acompanhá-lo à porta disse-lhe:

- Um dia será Vossa Alteza Real! Vou deixar-lhe em dois mandatos um País real…

Peninha ficou contente, pois tudo concorria para um sonho numa noite de Verão…neste caso de Inverno e bem frio…

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