É importante na vida reconhecer-se que nos podemos enganar e sem rebuço, o fazermos pelo mesmo meio em que dissemos o contrário.
Tenho dito várias vezes em público e em privado, e a minha vida prova-o, que não sou conformista. Este facto é irrelevante para a maioria dos meus concidadãos, mas isso não evita de que para mim possa ser importante dizê-lo.
Detesto pessoas radicais e maniqueístas e sobretudo ignorantes em relação aos assuntos que defendem com intransigência total, com um despudor absoluto do conhecimento da verdade objectiva, seja ela qual for. Normalmente vem associado uma arrogância insuportável, mormente se se detém o poder.
Vem isto a propósito de dois eventos que recentemente mereceram os meus comentários: a situação na Grécia e na visita do Papa Francisco à Bolívia, a entrega que lhe foi feita pelo Presidente Evo Morales de um crucifixo vexatório e provocador.
Comecemos brevemente pelo primeiro tópico: à hora a que escrevo neste Sábado dia 11 de Julho, ainda não se sabe qual vai ser o desfecho: se o chamado Grexit ou um terceiro resgate.
Seja o que for e nem vou perder tempo a dizer o que já tem sido dito sobre este assunto por tanta gente, não me arrependo de ter, na altura, sido a favor do referendo e sobretudo da vontade que o mesmo permitiu de expressar aos responsáveis da União Europeia, uma reacção valente de um povo em grande sofrimento.
Hoje, reconheço aqui ter feito uma defesa menos ponderada da actuação do Governo Grego e nomeadamente de Tsipras e Varoufakis, mas fico expectante em saber com o decorrer do tempo, o que os moveu: se uma incompetência e impreparação com consequências ainda não contabilizadas financeira e politicamente para os Gregos ou uma estratégia cujos frutos ou não se concretizaram ou virão ainda a ser revelados.
Quanto ao segundo tema: este Papa faz estremecer uma ala conservadora e radical que vive do passado e que nem sequer actua em conformidade com os padrões que pretende impor como sendo os tradicionais da Igreja.
É gente inculta e ignorante sobre a própria Igreja a que dizem pertencer e das suas “tocas” bolorentas, estão sempre à procura para maldizer deste Papa.
O que tenho lido e ouvido quer no facebook e fóra, brada aos Céus. O Papa não sabia que lhe seria entregue quer uma condecoração ( protocolarmente os Papas nunca aceitam e imagine-se se este Papa é do género do Idi Amin Dada!) e um crucifixo. Não releva o facto de ser usual que na preparação da visita, os dois Serviços de Protocolo de cada um dos países deveriam ter regulado este assunto. Seguramente que não deve ter sido mencionado quais seriam os presente do Presidente para o Papa.
Veja-se, por exemplo, a surpresa e o desagrado que a Rainha Isabel teve com o presente do Presidente da Alemanha na sua última visita! Não é possível comparar os Serviços de Protocolo do Reino Unido e da Alemanha com os da Bolívia.
Como Chefe de Estado e da Igreja Católica, de condenar seria, que ao pregar a paz e a concórdia, fosse ostensivamente afastar com a mão quer a entrega da venera quer do presente insólito.
Quem tenha um bocadinho de “mundo” sabe como é praticada a diplomacia e para sossego das almas piedosas e ovelhinhas reparadoras, o Papa deixou na Bolívia estes dois objectos segundo informação oficial do Vaticano.
O Secretário do Vaticano, informa que a imagem de Cristo sobre a foice e o martelo, foi elaborada pelo falecido sacerdote jesuíta espanhol nos anos 70, cuja réplica o mandatário obsequiou o Papa, o qual celebrou Missa pela manhã na capela da residência do Arcebispo Emérito de Santa Cruz de la Sierra, Cardeal Julio Terrazas.
No final da Celebração Eucarística, o Papa entregou à Virgem de Copacabana, Padroeira da Bolívia, as duas condecorações presenteadas pelo Presidente Evo Morales, na última quarta-feira, durante sua visita de cortesia ao Palácio Presidencial de La Paz.
O Papa Francisco pronunciou as seguintes palavras, seguidas de uma oração: “O Senhor Presidente da Nação através de um gesto de acolhida teve a delicadeza presentear-me com duas condecorações em nome do povo boliviano”.
“Agradeço o carinho do povo boliviano e agradeço este detalhe, esta delicadeza do Senhor Presidente e gostaria de deixar estas duas condecorações à Padroeira da Bolívia, à Mãe desta nobre Nação para que Ela sempre se lembre do seu povo”.
E é isto!
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