quinta-feira, 2 de abril de 2015

Na morte do António Mendia


Na morte do António Mendia.

Tinha estado com o António na 3ªf, nas habituais tertúlias de fim de tarde no Clube.

Custava-lhe a respirar mas achei-o com melhor côr e disse-lhe. Esteve à conversa, sorrindo com as minhas histórias e comigo estavam o Sebastião Lancastre e apareceu depois o Jorge Brito e Abreu.

Quando saímos pelas 21h 30m, pediu-me o braço para se apoiar e descemos até ao carro do Sebastião que impecavelmente nos levava a cada 3ªf, passando primeiro pela casa do António e depois seguindo.
Despedimo-nos e desejámo-nos mutuamente uma boa Páscoa.

O António foi das pessoas mais resignadas que eu tenho encontrado. Guardando para si as suas dores e mágoas e à medida que ia piorando não se ouvia um queixume, a não ser aqueles que decorriam do seu estado visível.

Foi melhor assim. Parou de sofrer. Frase sempre dita.

Deixa-me saudades e sobretudo deste hábito de nos vermos com frequência: e de repente a morte tudo vence e leva os Amigos.

Sempre que alguém a quem eu quero morre, reflicto sobre tudo por quanto lutamos tantas vezes não medindo verdadeiramente a essencialidade das coisas.

O mais importante em cada pessoa é a forma como se revela aos outros, ou seja é pelo seu comportamento que os outros vão classifica-lo como boa ou má pessoa.

No fundo os valores mais importantes, independentemente da origem social de onde se provenha são:

- a bondade de coração, a magnanimidade e a boa disposição.
- a honestidade e a lealdade.
- a honra e a palavra dada que é sempre cumprida, seja em que circunstâncias for.
- a preparação para bem cumprir as tarefas que lhe estão confiadas.
- o desejo de agradar aos outros com decência e decôro ( com boas-maneiras e sem chocar).
- alguma reflexão interior e paz conseguida com espiritualidade.
- o manejo do dinheiro de uma forma desapegada.
- a temperança no sentido de evitar excessos.

Não há pessoas perfeitas nem é fácil a combinação destas e de mais algumas características que ainda possam faltar, mas se se conseguir ser uma grande parte de isto, penso poder-se dizer que se deixa um bom exemplo como ser humano.

E o António, o meu querido António, esforçou-se para isso e de certeza que encontrou o merecido descanso.

Que Deus o tenha na Sua Santa Guarda

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